Laços

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“Voltando ao centro da cidade depois de um mês, Maycon vê Zumbis espalhados nas ruas, ele observa o que o mundo se tornou. Ele estaciona próximo da loja, mesmo lugar onde se separou deles e morreram.
Caminhando lentamente, ele vê Zumbis dentro da loja, armado com a faca, ele fecha a porta e os atrai para o canto, ele usa estantes, com muita dificuldade, que serviam como demonstração dos produtos, e os prende.
Com a faca, ele coloca a mão na maçaneta, emocionado e ansioso, ele abre. Ernani está em forma de Zumbi e vai para cima de Maycon. Chocado e começando a chorar, ele empurra seu pai e tenta finalizá-lo, mas não consegue. Depois de muitos empurrões, ele enfinca a faca e o livra deste sofrimento. Chorando, Maycon entra no banheiro, cheiro insuportável de podre.
A porta está rachada e com sangue seco. Ele vê o canivete que deu ao seu pai, ao lado sua mãe apodrecendo, com partes do corpo com ossos nítidos.
Ele chora mais e se senta no chão, fala com seus pais, dizendo que os amava. Ele decide deixá-los ali, apodrecendo em sua segunda casa, então mata os Zumbis restantes e tranca a loja.”
Mesmo chocados e marcados pela cena de ontem, ainda vamos hoje, domingo, procurar por placas de energia solar. Estou traumatizado, todos... Não é igual atirar em passarinhos... eu matei um ser humano. Mas quem disse que só estou me sentindo mal?
Sentado na varanda da minha casa, reflito sobre tudo que já me causou mal, estou apenas esperando a hora de irmos. Me vendo desanimado, Rafaela se aproxima.
RAFAELA- Sei que a resposta é óbvia... Você está bem? *se apoia no pilar* Foi por causa de ontem, ou tudo envolvendo o que aconteceu ontem? *olha para mim*
MARTIN- Ah... *suspiro* Não era para eles morrerem... Mas não tinha como evitar. Aquela garota foi a que mais me feriu... *trémulo* Eles só sabiam julgar, não tentavam ajudar, apenas criticavam e me tratavam como lixo. Inventavam mentiras, fantasiavam coisas que falei... eu virei chacota, uma pessoa que virou falácia na boca de vários. Criaram uma panela contra mim... Eles fizeram tantas coisa horríveis... Eu nem consigo dizer... *furioso* E CONTINUAVAM e não PARAVAM! Rafaela! *nos olhamos* Você era meu refúgio, eu esquecia de tudo quando conversávamos.
RAFAELA- Obri... Obrigado! *olhar fundo pensativo*
Na estrada, discutimos onde iríamos, Led mencionou casas em Jaraguá do Sul e Guaramirim, que haviam uma quantidade boa de placas. Me lembro da casa dos meus Avós, lá também tem, dou a ideia para Maycon.
Podem ter pessoas vivas e podemos saber sobre as coisas por lá. Ele aceita e convencemos Led e Gueven. Na estrada, vemos uma casa com placas e muros.
LED- Estão vendo? É um ótimo lugar.
MARTIN- Onde vivemos é mais isolado e seguro.
GUEVEN- Parece ser muito bom esse lugar.
MARTIN- Não importa! Não vamos sair de lá, é nossa melhor chance, temos plantações e uma base.
GUEVEN- *olha para trás* Podemos fazer o mesmo ali.
Led e Gueven ficam com a cara fechada. Nos aproximamos da casa dos Avós, foi difícil explicar onde fica. A rua está com Zumbis, mas não tantos, estacionamos no outro lado, vimos muitos mortos na grade da igreja e em todo terreno dela. Haviam barracas e sangue, caminhamos até lá, para ver se há algum parente. Achamos uns tios nossos, apenas eles...
Os outros talvez fugiram, morreram ou estão no centro de refugiados. Nos afastamos da igreja e fomos até a casa dos Avós, o portão está encostado, mas não trancado. Entramos cautelosamente e trancamos o portão, tudo limpo e aberto.
Mostrei as placas e o gerador para Gueven, ele falou que já daria para cobrir uma parte, mas precisamos de mais. Enquanto Gueven e Led sobem no telhado e tiram as placas, eu e Maycon andamos pela casa, olhando os quadros e os quartos. Ao descermos as placas, Gueven acabou escorregando e caindo na horta do Vô, ela já está podre. Amarramos as placas em cima do carro. Led e Maycon estão dentro, eu estousegurando para Gueven amarrar, Zumbis aparecem e Gueven não conseguia amarrar por completo. Vendo que um Zumbi iria pegá-lo, tiro minhas mãos do carro e o empurro. Gueven consegue amarrar e entra para dentro do carro. O mesmo Zumbi que derrubei agarra minha perna, dou um chute nele para me soltar. Estou, entrei para dentro do pátio da casa dos meus Avós e fechei o portão. Atraí todos que pude para o portão, os outros estão batendo no carro fechado, eles não conseguem sair, é suicídio.
MAYCON- *trancados* A gente precisa ajudar ele!
LED- Não dá pra sair, Maycon! Ele sabe o que tá fazendo. *olham* Ele é esperto. *o portão cai* Ah...
MARTIN- *eles entram* Po... *aceno para eles no carro* No rio! NA PONTE. *corro*
GUEVEN- O que? *confusos* Onde ele está indo?
MAYCON- Já sei! *vai em outra rua* Ele vai dar a volta. *atropela alguns* VEM!
MARTIN- É muito estreito... *caminho pela beirada do rio* Aguentem aí! *alguns zumbis caem no rio* Quase lá... *pulo a ponte e entro no carro* Cacete.
GUEVEN- ISSO AÍ. *risos* Coração acelerou? *eu vomito* Acho que o estômago sim...
“Em casa, o clima está tenso. Lem perambula do ponto de ônibus até em casa toda hora.
FABRÍCIO- Ei... Senta um pouco!
LEM- Sentar?!? Você não viu ontem e também no dia daquela horda? Este lugar está condenado!
FABRÍCIO- O mundo mudou, você não viu ainda? Os Zumbis estão em toda a parte. É ASSIM AGORA.
LEM- Estou falando de matar pessoas... Logo será nós. FABRÍCIO- Cale-se, Lem! Eu... entendo seu ponto de vista, mas foi como o Led falou, ou nós ou eles.
LEM- Quero ver quando alguém daqui morrer. Eu e você... vamos morrer. Sua famí...
FABRÍCIO- *o empurra* Calado! Único risco aqui é sua raiva, que sim... uma hora outra nos colocará em risco.
LEM- Você e os outros não entendem! Quando a merda acontecer, me agradeçam por alertá-los antes.”
Chegamos e colocamos as placas dentro do galpão, Gueven vai arrumar as fiações e instalar. Ele fala que a quantidade de placas alimentaria apenas uma casa. A outra opção seria racionar a energia. Os homens concordam em dar toda a energia para a casa de onde está a família, onde nós comemos e nos “reunimos”.

Renascer dos Mortos PESADELOOnde histórias criam vida. Descubra agora