Depois do perigo, antes da esperança

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Aquela submetralhadora é incrível, atirei com ela apenas cinco vezes esta semana. Ela é leve e fácil de manusear. Eu havia achado a minha arma, para este novo mundo, não sei se posso chamá-lo assim...
A horda que matamos, marcou nossa entrada no Instituto. No dia seguinte que acabamos com ela, achei um rádio dos invasores, consegui sintonizar na segunda estação com o meu, e dei ao Med. Tudo está indo bem, todos com uma relação amigável sem brigas.
"Maycon e Gueven não gostaram da ideia de dar uma segunda chance aos invasores. Nos reunimos na mesa da minha casa, com todos os homens presentes, exceto Lem que estava se recuperando e Lucas por ser criança.
LED- Eles iam te matar. Você sabe disso. Sabe que se dependesse deles estaríamos enterrando você.
MED- Isso se tivéssemos essa chance.
MARTIN- Eu também não fui muito amigável com eles. Mas não é justo matá-los, se não eu já teria feito.
GUEVEN- Quer o que? Deixar eles atoa por aqui?
FABRÍCIO- Não quero esses cretinos respirando o mesmo ar que os meus filhos, sinto muito.
MARTIN- Não! Eu disse antes, levar eles bem longe.
MAYCON- E soltar eles? Soltar pessoas ruins para se aproveitarem de outros? Isso se não voltarem para cá.
MED- E gastar gasolina? Estamos tratando eles bem.
MARTIN- Eu deti eles, eu decido. *se olham* Preferem o que? Matar eles? Matem. Peguem e atirem nos três.
GUEVEN- Eu cuido do perninha. Vocês cuidam dos outros dois, irmãos?
MARTIN- *os irmãos concordam* P... merda! Três a favor, mais alguém? *se olham* Fabrício. Quer pôr a vida de homens em suas mãos e sua familia saber disso? Pergunte o que eles acham, eles querem esse caras longe, não mortos. *ele concorda comigo*
MAYCON- Esses novos tempos estão mexendo com a gente, os dois invasores que vocês mataram tinha que ser feito, mas esses homens podemos pensar com calma sobre a VIDA deles.
GUEVEN- Pelo menos concordamos em deixar eles longe daqui.
MARTIN- Eu peço, Led e Med... levem eles para fora do estado."
Depois de dias, no domingo, o Instituto me liga:
INSTITUTO- Alô, Número 17, Codinome Martin, está aí?
MARTIN- Alô, como sabe meu nome? *surpreso*
INSTITUTO- Pela anotação, conseguimos seu nome com o motorista Mimi. Venho informar que amanhã, às cinco horas da tarde, nos reuniremos. Para começar o Instituto, com TODOS! Esperamos você. *desligam*

É oficial, as reuniões vão começar. Agora tenho que esconder do grupo, e falar com Maycon.
MARTIN- *aperto o botão para falar* Alô! Mimi está aí?
MIMI- Oi, câmbio!
MARTIN- O Instituto também já te ligou? *curioso*
MIMI- Sim, ontem...
MARTIN- Ontem? Me ligaram há uns minutos atrás...
MIMI- Eu fui um dos primeiros, sou o número 2.
MARTIN- Faz sentido... sou o número 17. Isso é um número por pessoa?
MIMI- Um por grupo. Não sei se você foi o último a entrar, mas deve haver bastante gente viva... Vamos saber amanhã, ao anoitecer.
MARTIN- Então, falando nisso, que hora vai me buscar?
MIMI- Que nem os velhos tempos? *ri* Umas quatro e quinze da tarde.
MARTIN- NO PONTO?!? *assustado*
MIMI- Sim... algum problema? *surpreso*
Med fica no ponto, tenho que distraí-lo de algum jeito...
MARTIN- Não, nenhum...
Após eu desligar o rádio, guardo ele, sento no sofá, e começo a refletir. Como vou ir junto com Mimi? Eu vou ter que distrair Med toda vez? Enganar o grupo? Seria difícil guardar este segredo. Uma hora ou outra terei que revelar. Mas isso não será por agora. Continuei refletindo a noite as mesmas coisas.
Amanhece o dia, e acordo um pouco depois das oito da manhã. Lembro que ainda não falei com Maycon. A poucas horas de ir ao Instituto, lembro da escola, onde as reuniões do Instituto irão acontecer, enquanto andava a procura de Maycon, lembro das pessoas que estudavam lá, dos professores.... das pessoas boas e ruins, mas ninguém estava limpo. O último foi contato foi na viagem, o começo de tudo.
MARTIN- Chegou a hora...
MAYCON- Hora? Hora do que?
MARTIN- O Instituto me contatou ontem... Hoje às cinco é a reunião na... na escola. Mimi vai estar no ponto as quatro e quinze, a hora de voltar vou saber depois.
MAYCON- Parece entrevista de emprego isso aí. Olha, isso não vai dar certo... Mandaram uma horda para cá, e a gente não tinha escolha. ELES TROUXERAM A MORTE AQUI. Você ainda acredita?
MARTIN- Se a gente achar horrível, não vamos mais.
MAYCON- A gente? Vai você! Quem aceitou foi você, te ferra sozinho, tú sabe se cuidar sozinho. E outra, como vai despistar o Med? Não vai demorar para ele saber.
MARTIN- Até eu não ter mais onde correr, vou contar...
Deixo Maycon trabalhar em paz, e volto para casa, Gueven está rachando  lenha, até que ele me vê.
GUEVEN- Precisamos de mais recursos, as casas além do ponto estão esperando para serem exploradas.
MARTIN- Eu vou hoje à noite dar uma explorada.
GUEVEN- Feito! Vou junto. *eu nego*
MARTIN- Outro dia pode vir junto, prefiro sozinho.
GUEVEN- Eu não acho muito certo.*coça a cabeça* Eu ia falar com o Maycon, mas já que o chefinho tá aqui...
MARTIN- Chefinho? *rimos* O que foi agora, Guev?
GUEVEN- É sobre a energia. Não vamos ter gasolina para sempre, fora o barulho que pode chamar a atenção dos Zumbis que vagarem por perto. Eu trabalhava com energia solar.
MARTIN- Placas? Não tem muitas casas com... não sei se será o suficiente. Mas eu apoio a ideia, todos vão.
GUEVEN- É um bom passo que podemos dar.
É uma ótima ideia, mas não é fácil pôr em prática, deixo Gueven em direção ao ponto, para falar com Med. A estrada se passa ao lado do rio, muitas lembranças... Pega-pega com o filho do vizinho junto com os primos deles. Quando minha mãe ia me buscar no ponto, e me levava ao rio, para refrescar meus pés no verão quente.
Lembranças boas que não vão mais acontecer. Resta chorar, relembrar e viver novas coisas. Secando minhas lágrimas, me aproximo do ponto de ônibus, onde logo vou pegar carona, para talvez “uma nova esperança”.
MED- Tá deprimido, aconteceu algo?
MARTIN- Águas passadas.
MED- Eu também perdi pessoas, e sinto saudade de quase tudo que já vivi... É a maldita vida.
MARTIN- É difícil! Mas não vim chorar com você.
MED- Fale o que quer então.
MARTIN- Gosta de dormir no carro?
MED- Já dormi em lugares melhores...
MARTIN- Que tal dormir em casa? É uma proposta que você não recusaria. Vai ser bom para você sair um pouco daqui. Umas... nove da noite pode ir.
MED- *estranha* É... ótimo! Enjoa um pouco, sabe.
“Se passa algumas horas, Gueven toma o lugar de Maristela, e vai até o ponto de ônibus levar a comida.
GUEVEN- Opa! *Med olha* Vai um arroz com frango?
MED- Não como algo diferente faz dias.

GUEVEN- Temos que racionar a comida... Frango e arroz é o que temos. O que restou foi explorar.
MED- Você e Led tem que explorar os lugares por aí, antes que os suprimentos estraguem...
GUEVEN- Martin falou que vai explorar as casas. Sozinho... Esse garoto tá estranho."

Renascer dos Mortos PESADELOOnde histórias criam vida. Descubra agora