Sangue

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Abril... ainda não contei para Med, nem entreguei as revistas... não estou confiante. Esta semana não vamos ao Instituto. Vamos cortar banana, para servir como "imposto". E também pegar as placas de energia solar, para não dependermos mais da gasolina.
Alguns dias antes de começar toda esta merda, eu sofri, não foram dias muitos bons... Parece que esse Apocalipse veio para acabar com as coisas ruins do mundo. Os tempos antes da viagem na escola eram terríveis, eu não aguentava mais.
Fico aliviado em saber que as pessoas maldosas que faziam isso comigo estão sofrendo. É melhor elas não se meterem em meu caminho, porque eu não sou mais o mesmo, não mesmo. No Instituto falaram cinco quilos, mas Maycon e eu achamos melhor cortar dez, estamos desconfiados. Calço a bota e subo na carreta. Sol quente, odeio trabalhar no calor, cortamos as mais gordas, sem muito papo, então voltamos e embalamos. Quando chegamos, fomos até o galpão e pesamos,
tirando os pesos das caixas, deu próximo de nove quilos, está uma ótima oferenda.
Os dias passam... a gasolina acaba. Ainda resta no carro de Maycon, o tanque está pelo meio, apenas o trator está cheio, mas é etanol, que não alimenta o gerador. Med voltou a me questionar, ele está me pressionado a cada dia que passa, estou ficando com medo.
Sábado de madrugada, tenho lembrado dos dias passados, esse Apocalipse parece ser uma eternidade. Não acho que terá solução, talvez daqui... gerações.
Os pensamentos que tive... soquei árvores, afastado de casa, estou contaminado pela raiva, angústia e tristeza por causa da falsidade, imoralidade e desprezo de antigas pessoas idiotas, para me acalmar, vou até o pasto, acaricio as vacas e bois, ainda são bezerros...
Ouço barulhos no bananal, me guio até o som e vejo uma pessoa andar, de imediato fiquei com medo, me aproximando, percebo que é um Zumbi, ele está perto dos animais. Sem nenhuma arma, pego cordas que estão amarradas nos pés de bananas, e armadilho ele.
Ele tropeça em uma das cordas e dou chutes nele, eu estou de chinelo, minha perna ficou toda ensanguentada. Quando percebo que ele "morreu", descanso, depois o arrasto até o caminho, após isso, me lavo na mangueira e aviso os outros.
"As horas passam, Maycon liga o carro e vai até a escola entregar as bananas. O motor do carro dele faz muito barulho, atraindo seres, sejam vivos ou mortos... Led deu um jeito no Zumbi, o queimou, teve muita fumaça.
MED- *Maycon para no ponto* Vai gastar a gasolina que ainda nos resta? *fuma*
MAYCON- Vou ficar fora hoje, quero ver está lá fora.
Ao chegar na escola, ele estaciona em frente ao portão, não vê ninguém, nenhum carro, tudo trancado.
MAYCON- Ei! *bate no portão* Alguém?!? *vê alguém apontado arma* É... *nervoso* Faço parte de um grupo, vim fazer a entrega, contribuição, não sei.
SEGURANÇA2- Número de identificação, por favor.
MAYCON- É... Martin, é o nome garoto que vem.
SEGURANÇA2- *abre o portão* Da próxima vez, fala baixo e se lembra do número! Abra o porta-malas! *abre* Com certeza tem mais de cinco quilos, parabéns. Fizemos uma revisão e decidimos que a comida seria fácil contribuir com apenas cinco quilos, agora aumentou, mas irei deixar você tranquilo desta vez.
MAYCON- *nervoso* Entendi... *entra e liga o carro* Minha nossa... que energia negativa."
Saboreando e soltando a fumaça, Med acaba se assustando e se surpreendendo com pessoas.
-Ei, você, senhor! Estamos em paz, não queremos nada. Me chamo Adriel, sou pai de Helena e Nathan, a única arma que tenho é uma faca. *mostra*
MED- Parecem ser uma família, onde está sua mulher ou marido? Não sei, hoje em dia é assim. *sorri*
ADRIEL- Nicole, éramos casados até o começo disso tudo... Foi em Gaspar, estávamos lá. *cabisbaixo*
NATHAN- Então voltamos para casa, é perto da igreja.
MED- Esqueça, acabou tudo, só restou aqui, por enquanto. A última vez que passei por lá estava cheio.
HELENA- Os podres estão em todos os lugares. Conhecemos pessoas que moram aqui. Éramos amigos. Quem sabe eles podem nos ajudar. Estamos precisando.
MED- Espera, quem? *surpreso*
HELENA- Martin! O irmão Maycon e seus Pais.
MED- Ok, fiquem aí! *pega o rádio*
GUEVEN- *ouve o rádio* Alô! Med?
MED- Gueven? Passe para o Martin, é importante. *olha para Adriel e seus filhos* Agora! *Gueven vai à procura de Martin e entrega o rádio*
MARTIN- Med, estou aqui!
MED- Tem pessoas aqui, estão dizendo que conhecem você e Maycon. A sua família também...
MARTIN- *surpreso* Quantas e quem?
MED- Três, um adulto e dois jovens. Eles querem te ver.
MARTIN- Mande-os vir! Mas fique atento. *fala baixo*
LED- Conhece eles? Tudo bem?
MARTIN- Eu quero que você fique apontando seu rifle para as pessoas que irão vir, fique escondido naquele arbusto. LED- Ei, ei! O que foi cara? Matá-los?
MARTIN- Não é o que eu quero, mas se tentarem algo...
GUEVEN- Calma, cara! Você tá muito nervoso.
Instantes se passam, aviso a Med para ele não se preocupar se ouvir tiros, ele estranha, mas eu dou minha palavra. Quando os vejo, percebo que são pessoas erradas, não todos... Helena, estou me segurando para não surtar. Reus começa a latir. GUEVEN- Mãos para cima!
ADRIEL- *levantam* Você nos conhece, Martin.
HELENA- Estudamos juntos, somos boas pessoas.
MARTIN- Cala a boca, sua vadia! *enfurecidos*
GUEVEN- *arma apontada* Que isso, cara? *sussura*
MARTIN- Eu mando aqui, falem o que vieram fazer.
NATHAN- O cara do ponto falou que nossa casa não é segura... podemos ficar aqui... com vocês?
MARTIN- Na minha casa? *risada* Nesse terreno? Não vai rolar, foi uma boa piada.
ADRIEL- Pode ser nas outras casas, em um lugar mais afastado, podemos fazer uma parceria.
MARTIN- Eu não quero porcaria nenhuma de parceria, esse lugar é nosso, vão caçar um lar bem longe daqui, além da escola, para eu nem sentir o cheiro dos Braun.
NATHAN- Por que está falando assim com a gente? Os podres são os ruins, por favor, o mundo lá fora é horrível, um pesadelo, temos que nos unir.
GUEVEN- A questão é.. tem muita maçã podre por aí.
MARTIN- Uma condição... A Helena vai embora!
ELES- O Que?!?
MARTIN- Eu não quero uma vagabunda mentirosa, falsa e muita coisa pior vivendo perto de mim, para depois me apunhalar pelas costas. QUE NEM TENTOU FAZER EM CURITIBA, sua... *raiva*
NATHAN- Não vai falar assim dela!
HELENA- Vocé não tá limpo, seu desgraçado! *Nathan segura ela* Eu sei dos seus podres.
MARTIN- Minha briga não é com vocês! Sem ela, temos um acordo, com ela... sem acordo.
ADRIEL- Não pode fazer isso, mais uma semana lá fora e morreremos, não pode nos impedir de viver aqui!
GUEVEN- Podemos, e não vão fazer nada para mudar.
Todos nos encaramos em um silêncio longo, a família está na casa, ouvindo tudo, tirando Fabrício, que juntamente com Lem, espiam um pouco mais afastado.
MARTIN- *mostro a pistola Taurus* Ela é bem forte... o meu amigo tem outra. Vão embora. Nós dois vamos indo, e vocês também, e não tentem nada com o Med. *eu e Gueven andamos até o galpão*
ADRIEL- Sabe, o Med não revistou as nossas cuecas.
MARTIN- *atiram* DROGA! *corremos* PULA, GUEVEN. *pulamos para dentro do galpão* VAI, LED! *atira no peito de Nathan*
Eles continuaram a atirar. Parte das balas varam a madeira da parede do galpão, acertando de raspão os braços de Gueven e o meu pé com a bota, mas sem gravidade. Helena acude seu irmão. Adriel continua atirando, ele tenta procurar de onde veio o tiro, e ao recarregar, Gueven se recompõe e acerta a um tiro na perna e outro na barriga dele.
Assustada com tudo isso, Helena pega a pistola do seu irmão, atira correndo sem olhar, e vai até o rio, mas antes dela conseguir, acerto em cheio quase todos meus tiros da pistola Taurus na perna esquerda dela.
MARTIN- Volta aqui! *corro e vejo ela seguindo o leito do rio* Corra, corra o máximo que conseguir.
GUEVEN- Ela já tá morta. *vemos um Zumbi seguir ela* Vamos lá com os dois rebeldes. *encaro Rafaela*
RAFAELA- Por que isso? *olha dentro de casa*
LED- *sai dos arbustos* Caral... quanto sangue. *paramos na frente deles* Po... isso vai ficar manchado.
NATHAN- *tosse* Ent... foi voc... que atirou em mim. *tosse sangue* Gordo filho d... *dor*
ADRIEL- Era tão simples... *muita dor* Queimem no inferno... *hemorragia* Inút...
GUEVEN- É o preço que pagaram por mentir, e tentar nos apunhalar pelas costas. Maçãs podres.
MARTIN- Era só ela... *pego a arma de Gueven*
ADRIEL/NATHAN- *tremulos e sangrando muito* O nosso sangue.... vai ficar aqui. *vomitam sangue nas nossas pernas* Ele ainda tá vivo por aí.
MARTIN- *atiro sem tremer na cabeça de Nathan e Adriel* Descansem em paz. *todos do grupos se amontoam por perto* Foram eles! *devolvo a pistola* Não tem bonzinhos, mocinhos ou... nem nós não somos.
LED- Agora é matar para viver. Não são só os Zumbis que são ameaças. *sangue escorre pelo caminho*
MED- Pareciam ser bons, eu não revistei direito eles...
GUEVEN- Não foi a primeira e nem vai ser a última. *arrasta um dos corpos* Vamos queimá-los.
Ajudo eles a carregar os corpos, o sangue deles vai demorar para desaparecer, eles ficarão marcados aqui. Queimamos eles no mato, sobre Helena... que fique longe, não volte, e não se depare com o Instituto.

Renascer dos Mortos PESADELOOnde histórias criam vida. Descubra agora