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Para minha surpresa, dormi muito bem aquela noite. Meu sono foi tão profundo que nem notei a presença de Noah ali. Quando finalmente abri os olhos, me assustei ao perceber que ele estava incrivelmente próximo, dormindo esparramado na cama. Num pulo, afastei-me, ainda sem entender como não havia percebido isso antes. Noah acordou com meu sobressalto, esfregando os olhos, confuso.

— O que houve? — perguntou, ainda grogue de sono.

— Você estava muito perto — respondi, afastando-me mais da cama.

— Ah, foi mal, nem percebi — disse ele, despreocupado, já tentando voltar a dormir. — Volta pra cama, loira, hoje é sábado.

— São 10:00 da manhã, Noah — falei, enquanto entrava no banheiro para tomar um banho.

Tomei um banho rápido e me arrumei no próprio banheiro, optando por uma maquiagem básica e roupas confortáveis, já que não tinha planos de sair de casa naquela hora. Mamãe tinha saído para trabalhar, então estávamos sozinhos. Quando saí do banheiro, notei que Noah não estava mais deitado. Desci as escadas em busca dele e, não demorou muito, o encontrei na cozinha.

— O que você tá fazendo? — perguntei, atraída pelo aroma delicioso que vinha dali.

— Café da manhã. Você não come? — Ele me olhou enquanto misturava ingredientes na panela.

— Como, é panqueca? — Perguntei, e ele assentiu, servindo-nos em seguida.

— E aí? — Noah começou. — Curte futebol? — Neguei com a cabeça, e ele continuou. — Não é possível que você só goste de estudar. Eu não sei nada sobre você.

— Gosto de outras coisas também — rebati, revirando os olhos. Como ele podia não lembrar nada sobre mim, sendo que convivíamos juntos desde sempre?

— Vai no baile de volta às aulas? — Quando estava prestes a responder, meu celular tocou e precisei atender.

Era minha mãe, preocupada conosco. Já esperava por isso. Após alguns minutos assegurando-a de que estava tudo bem, ela insistiu para que eu tratasse Noah bem, como se eu já não estivesse fazendo isso.

— Mamãe perguntou se você tá bem — comentei, enquanto saboreava a deliciosa comida que Noah havia preparado. Até que ele não era nada mal na cozinha.

— Estou ótimo — respondeu, simples. — Vou sair, não conta pra sua mãe, tá, loira?

— Tá... — concordei, com certa hesitação.

— Você é demais, valeu, loirinha — Ele bagunçou meu cabelo e saiu.

Fiquei sozinha novamente. Noah não foi tão desagradável quanto imaginei que seria. Desci até o porão, meu refúgio e estúdio de dança. Coloquei uma melodia qualquer e deixei meu corpo fluir com a música, me sentindo como se estivesse voando, livre de todos os meus problemas. A dança era minha paz.

Horas se passaram enquanto eu pensava em uma música para coreografar para a apresentação do colégio. O professor queria algo intenso, e eu adorava dançar desse jeito, mas somente no meu porão, longe dos olhares de toda a escola. Estava perdida nos movimentos quando ouvi gritos desesperados me chamando e subi correndo, quase tropeçando.

— Ah, é você... — suspirei aliviada, me sentando no sofá ao lado dele.

— Som foda tocando lá embaixo, hein, loira? Tá fazendo uma festa e não me convidou? — Ele perguntou, se aconchegando no sofá.

— Onde você tava? — Ignorei a pergunta dele.

— Não te interessa — respondeu grosso, e minha expressão mudou, ferida pelas palavras. — Tava com uma garota, feliz?

CHANGES | nofya Where stories live. Discover now