Noah Urrea's POV
Ouvi as batidas na porta enquanto estava me olhando no espelho do meu quarto, ajustando a jaqueta de couro sobre os ombros. Imediatamente gritei que iria atender, para os garotos não irem. Então corri até a porta e finalmente abri.
E lá estava ela. Sofya.
Por um segundo, tudo ao redor desapareceu. Ela estava usando um vestido vinho, um pouco longo e colado ao corpo, que destacava cada curva de uma forma que eu não conseguia ignorar. Meu coração bateu mais forte, mas, claro, eu não podia deixar transparecer, eu odiava aquele sentimento, parecia angustiante.
– Está pronta? – perguntei, tentando soar despreocupado, embora minhas mãos tivessem se fechado em punhos por instinto.
Ela assentiu, com um sorriso que era um misto de nervosismo e excitação. Eu dei um passo para o lado, deixando espaço para ela entrar. Os garotos estavam na sala, discutindo os detalhes do plano para invadir a boate dos Killers. Quando Sofya entrou, todos os olhares se voltaram para ela. Houve um momento de silêncio, seguido por alguns murmúrios de aprovação.
Krystian, um dos meus caras mais leais, soltou um assobio baixo. – Uau, Sofya, você está incrível.
Eu lancei um olhar afiado para ele, e ele imediatamente calou a boca. Ninguém tinha o direito de olhar para ela daquele jeito. Ninguém, exceto eu.
Sofya corou ligeiramente, ajustando a alça do vestido. Ela era forte, mas eu sabia que entrar naquele lugar com a gente exigia coragem. E eu odiava o fato de que ela estava se expondo a esse perigo por minha causa, mesmo que ela não tivesse outra escolha.
Enquanto caminhávamos para o carro, não pude evitar dar uma última olhada para ela. Ela parecia... poderosa. E aquilo me deixou com um misto de orgulho e preocupação. Eu tinha que garantir que nada acontecesse a ela.
Ao entrarmos no carro, ela se acomodou ao meu lado, e a proximidade fez meu coração bater ainda mais rápido. Mas, como sempre, engoli esses sentimentos, focando no que estava por vir.
Durante o trajeto, o silêncio entre nós era quase ensurdecedor. Finalmente, Sofya quebrou a tensão, virando-se um pouco para mim.
– Noah, o que você achou de mim... assim? – Sua voz era suave, quase hesitante.
Minha primeira reação foi reprimir o impulso de dizer a verdade, de dizer o quanto ela estava deslumbrante. Mas isso não era algo que eu podia deixar transparecer.
– Nada demais. – respondi secamente, meus olhos ainda fixos na estrada. – Só não se meta em problemas, ok?
Eu percebi o olhar de decepção que passou pelo rosto dela, e isso me atingiu mais do que eu gostaria de admitir. Ela virou-se para a janela, claramente magoada pela minha resposta fria.
Enquanto dirigíamos pela estrada escura, o silêncio entre nós se intensificava. Eu sabia que minha resposta havia a magoado, mas não podia deixar meus sentimentos se manifestarem. No mundo em que vivíamos, isso era perigoso.
Estávamos sozinhos no carro. Os outros garotos seguiram em um veículo separado, discutindo os detalhes do plano para invadir a boate dos Killers. Sofya e eu tínhamos um tempo a sós, e a tensão era quase palpável.
Ela continuava olhando pela janela, seu rosto parcialmente iluminado pelas luzes da rua. Eu podia ver o brilho das lágrimas não derramadas em seus olhos. A visão me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.
Droga, Noah, você estragou tudo de novo, pensei.
O peso do silêncio começou a me sufocar. Eu precisava dizer alguma coisa. Respirando fundo, finalmente falei.