Acordei irritada com o alarme, já com a cabeça estourando de tanta dor. Eu estava sozinha no quarto e não me lembrava de nada da noite passada.
Mas sabia que hoje tinha a minha mudança... E era naquele momento. Sei que não mencionei que iria me mudar, afinal, o ano letivo do colégio acabou de começar, e tecnicamente eu não vou... Bem, não estava nos meus planos. Mas preciso ir, não é um lugar longe, ainda é em Los Angeles, mas no Sul, bem afastado de onde moro e estudo. Vou mudar de escola enquanto me hospedo na casa da minha querida tia Marie. Serão apenas seis meses. Bom, talvez seja bom para mim, mudar um pouco, minha reputação de nerd chata pode mudar também. Posso conhecer pessoas novas, pessoas legais... Até garotos... Que gostem de mim. E tirar Noah da cabeça... Quer dizer... Não que eu pense nele... Eu não penso, mas enfim.
Já tinha deixado tudo preparado e me despedido de todos que eram importantes. Então, desci as escadas de pijama mesmo, para tomar café com minha mãe.
— Como foi o baile ontem, filha? — minha mãe perguntou com um sorriso no rosto, mas eu estava cheia de dor e nem lembrava do mínimo que tinha acontecido na noite passada.
— Foi bom. — Fui simples e ela deixou para lá.
Fizemos nossa última refeição juntas e já voltei para o meu quarto para arrumar o resto das coisas que precisavam antes de "viajar". Não sei para que tanto drama, sinceramente. Sei que não vou ver meus amigos, mas são só seis meses, o que demais pode acontecer?
Uma hora se passou, finalmente terminei de arrumar tudo. Estava prestes a descer para ir embora, mas antes fui até minha janela e percebi que a de Noah estava aberta. Então, me aproximei para olhar. Ele estava sentado em sua cama, sem camisa, tocando sua guitarra vermelha... Aquele garoto era perfeito... Enfim.
Peguei minha mochila e minhas malas e desci. Me despedi da minha mãe e fui até o meu carro. Pensei em falar para Noah, mas decidi que não iria. Ele nem vai sentir minha falta.
No caminho para a casa da tia Marie, as memórias da noite passada começaram a voltar em flashes confusos. A música alta, as luzes piscando, risadas, e... Noah. Lembrei-me de estar com ele, proxima dele, bem mais perto do que jamais tinha imaginado. Seu perfume amadeirado ainda estava na minha roupa. Será que ele se lembrava? Será que foi importante para ele como foi para mim? Cada momento sempre era.
Cheguei à casa da minha tia com um misto de ansiedade e curiosidade. A casa era aconchegante, com um jardim bem cuidado e uma varanda charmosa. Tia Marie me recebeu de braços abertos, seu sorriso caloroso e acolhedor aliviando um pouco do meu nervosismo.
— Bem-vinda, querida! — ela disse, abraçando-me forte. — Estou tão feliz que você vai ficar aqui por um tempo.
— Obrigada, tia Marie. Eu também estou animada — menti um pouco, mas havia um fundo de verdade na minha fala.
Depois de desfazer as malas e arrumar meu novo quarto, sentei-me na cama e peguei meu celular. Vi algumas mensagens dos meus amigos, desejando-me boa sorte e prometendo visitar. Mas nada de Noah. Nem uma palavra. É claro, não deve ter percebido.
Resolvi dar uma volta pelo bairro para me familiarizar. As ruas eram tranquilas, com casas bonitas e bem cuidadas. Enquanto caminhava, me perdi em pensamentos sobre como seria minha vida aqui nos próximos seis meses. Será que faria novos amigos? Será que finalmente esqueceria Noah?
De repente, um garoto de bicicleta passou por mim e acenou.
— Ei, você é nova aqui, né? — ele perguntou, parando a bicicleta ao meu lado.
— Sou sim. Acabei de me mudar — respondi, tentando parecer amigável.
— Prazer, sou o Lucas. Moro na casa da esquina. Se precisar de alguma coisa, é só chamar.