As semanas passaram e, com elas, a pressão das provas se intensificou. Eu estava tão focada nos estudos que mal tinha tempo para pensar em qualquer outra coisa. As aulas de biologia eram um desafio, mas eu gostava de me aprofundar nos temas e participar das discussões.
Certa tarde chuvosa, me sentei em minha mesa, cercada por livros e anotações, quando a professora entrou na sala.
— Hoje, vocês farão trabalhos em dupla. Sofya e Noah, vocês vão trabalhar juntos. — A professora anunciou, e meu estômago se revirou.
Eu não queria olhar para Noah, mas não havia como escapar. Ele estava a poucos lugares de distância, com um sorriso relaxado no rosto, como se não tivesse a menor ideia da tempestade emocional que estava se formando dentro de mim.
Enquanto os alunos se moviam para formar duplas, eu me levantei e fui até ele, tentando manter a expressão neutra. Fiz o caminho até sua mesa e me sentei, mantendo uma postura rígida.
— Então, vamos começar — disse ele, olhando para mim com aquele olhar provocador que sempre me fazia sentir um misto de conforto e ansiedade.
— Certo. O que a professora pediu para focarmos? — eu perguntei, tentando manter a voz fria.
— Temos que discutir os principais processos da mitose. Parece simples, mas é bem complexo — Noah respondeu, olhando para mim com uma mistura de curiosidade e desafio.
— Concordo, mas precisamos nos concentrar nos detalhes. — Eu queria ser direta, sem espaço para conversa fiada.
Ele inclinou-se um pouco mais para perto, com um sorriso travesso. — Você sabe, Sofya, sempre que eu ouço "mitose", eu penso em como as células se dividem, assim como nós. O que você acha?
Eu o encarei, forçando uma expressão neutra. — Não é bem a mesma coisa, Noah. Não somos células.
— Ah, mas às vezes me pergunto se não somos. A forma como nos dividimos em grupos diferentes... Você no seu mundo da dança e eu aqui. Parece que estamos em mundos opostos, não? — Ele disse, sua voz cheia de uma provocação que me irritava.
— Na verdade, eu gosto de estar no meu mundo. — Respondi, tentando ignorar o impacto de suas palavras. — É mais seguro.
— Seguro, sim, mas também entediante. Você não sente falta de um pouco de emoção? — ele provocou, inclinando-se ainda mais perto.
— Emoção não é o que eu busco agora, Noah. Preciso focar. — Tentei manter a firmeza na voz, mas havia uma fraqueza que eu não conseguia esconder.
— Você fala isso, mas sei que por dentro você é cheia de paixão. Olha só para você, toda concentrada e determinada. — Ele sorriu, e eu quase me perdi naquele olhar.
— Eu estou apenas tentando fazer o que a professora pediu — falei, forçando um tom mais ríspido. — Agora, vamos nos concentrar no trabalho.
Ele ergueu as sobrancelhas, divertido. — Certo, certo. Vamos nos concentrar na mitose. Mas só uma coisa: você realmente não sente falta de como era antes?
O tempo pareceu parar. A provocação estava ali, mas eu não queria ceder. — Isso não importa. Estamos aqui para fazer o trabalho — respondi, com um tom mais firme.
— Mas é impossível não pensar sobre isso. Olha, sempre tivemos uma química, não acha? — Ele disse, seu sorriso se ampliando, como se estivesse brincando com fogo.
— Noah, não é hora para isso. — Tentei ser direta, mas a intensidade da conversa me deixava inquieta.
— Tudo bem, eu só estou dizendo que você poderia deixar um pouco de lado essa sua seriedade. — Ele falou, com um tom provocativo. — O que aconteceu com a garota divertida que costumava se soltar? Você é muito boa em ser durona.