Acordei cedo, tinha perdido o sono, então desci para a cozinha, percebi que não tinha ninguém acordado ainda, então sentei no balcão e peguei uma maça para mim.Olhei para o lado de fora da janela da cozinha e fiquei olhando a praia de longe, pra mim aquilo era um lugar surreal.
Enquanto eu observava a praia de longe, perdida nos meus pensamentos, ouvi passos leves atrás de mim. Antes mesmo de virar, já sabia quem era. A presença de Noah tinha um jeito único de preencher o ambiente, e naquele momento, não foi diferente.
— Oi — ele disse, a voz rouca e ainda carregada de sono.
Virei-me para ele, um sorriso escapando dos meus lábios antes que eu pudesse controlar. Ele estava ali, com o cabelo bagunçado e um ar de preguiça que combinava com a calma da manhã. Algo sobre ele sempre me deixava à vontade, como se tudo ao redor fizesse sentido.
— Não conseguiu dormir? — ele perguntou, se encostando na bancada ao meu lado.
— Não, acabei acordando cedo demais. E você? — perguntei, tentando manter o tom leve, mesmo com a proximidade que me fazia sentir um misto de ansiedade e conforto.
— Também. Achei que tinha ouvido alguém andando pela casa — ele respondeu, dando de ombros. Seus olhos seguiram a direção do meu olhar, pousando na praia do lado de fora. — Quer dar uma volta?
A sugestão dele fez meu coração bater mais rápido, e a ideia de estar sozinha com ele na praia parecia irresistível.
— Quero sim — respondi, sem hesitar. — Você podia levar seu violão... Lembra que você prometeu cantar pra mim?
Noah sorriu de leve, parecendo considerar minha sugestão por um momento.
— A música que você quer... Eu não terminei ainda — ele disse, um pouco hesitante, como se estivesse me avisando que não podia cumprir totalmente a promessa.
Mas eu não me deixei desanimar.
— Não tem problema. Mesmo assim, quero ouvir uma parte — insisti, esperando que ele entendesse o quanto isso significava para mim.
Ele olhou para mim por um segundo, avaliando a situação, antes de assentir. Sem dizer mais nada, foi buscar o violão, e eu senti uma pontada de antecipação. Pouco tempo depois, ele voltou, o violão nas costas e o mesmo sorriso tranquilo nos lábios.
— Vamos? — ele perguntou, me chamando com um gesto de cabeça.
Saímos juntos, e a brisa fresca da manhã me envolveu assim que passamos pela porta. Caminhamos em silêncio até a praia, onde o som das ondas quebrando e a areia fria sob nossos pés criavam uma atmosfera perfeita. Noah escolheu um lugar um pouco afastado da água, e nós nos sentamos ali, apenas nós dois.
— O que a madame quer que eu cante? — Ele falou com um sorriso no rosto, não era sempre que Noah acordava de bom humor, então era bom aproveitar.
— Sua musica. — Eu sabia exatamente o que queria ouvir.
— Ah, loira.. — Noah excitou mas eu interrompi.
— Você prometeu! — Insisti. — Por favor..
— Só uma parte.. Ela não tá pronta. — Ele cedeu e eu abri um sorriso de orelha a orelha.
Ele tirou o violão das costas e ajustou as cordas, sem olhar diretamente para mim, como se estivesse se preparando para o que viria a seguir. E então, finalmente, ele começou a tocar, a melodia suave e envolvente. Quando ele começou a cantar, senti um arrepio percorrer minha pele.
"'Cause I notice when you get mad
You close your eyes
And I notice when you are sad
You let out sighs
I need to know, are those sighs ever over me?"