Saí do apartamento de Noah com aquela sensação estranha no peito. Eu deveria estar acostumada com o jeito dele, né? Mas falar que amava ele e ser ignorada... eu mereço.
Caminhei até o apartamento da Sav com minha cabeça cheia de coisas. Não queria que ela notasse o que tava rolando, afinal, fazia tempo que não nos víamos. Toquei a campainha e mal terminei de piscar, ela já abriu a porta com aquele sorriso gigante.
— Finalmente, loirinha! — ela gritou, me puxando para um abraço. — Entra logo, tem muita coisa pra colocar em dia.
Assim que entrei, me joguei no sofá e suspirei, tentando fingir que estava tudo normal. Savannah veio logo atrás, sentando ao meu lado, e foi direto ao ponto, como sempre.
— E aí? Você ainda tem contato com alguém do colégio? — ela perguntou, curiosa.
Revirei os olhos e ri.
— Se eu te contar, você não vai acreditar... — falei, e comecei a contar tudo. Do nada, eu e Noah, do reencontro na casa de praia, dos momentos tensos, das provocações... Claro, pulei a parte das gangues e da... bem, do que rolou mais cedo.
— Não acredito que você e o Noah voltaram a se falar! — ela riu, surpresa. — E ele ainda tá com aquele jeito possessivo?
Eu ri junto com ela.
— O mesmo de sempre, Sav. Parece que não mudou nada. Até hoje ele surta só de pensar em eu dar "oi" pra qualquer cara.
Ela arregalou os olhos e começou a rir alto.
— Não acredito! E você? O que acha disso? — ela perguntou, me cutucando.
— Eu? — suspirei, olhando para o teto. — Sei lá, eu tô meio confusa. Tem horas que ele parece se importar de verdade, mas em outras... parece que ele tá só jogando, sabe?
— Noah sendo Noah... — Savannah murmurou, balançando a cabeça. — Mas você tá bem?
— Tô, tô sim — menti, tentando parecer mais tranquila. — Pelo menos a gente vai passar meu aniversário juntas, como sempre.
— Claro! Vai ser incrível, loirinha. Como todo ano — ela disse, com aquele sorriso contagiante.
A gente ficou horas conversando, assistindo filmes e rindo, como nos velhos tempos. Era bom ter esse tempo com a Sav, esquecer de Noah por um tempinho. Até que, um pouco antes da meia-noite, Savannah levantou pra pegar pipoca, e eu aproveitei para relaxar um pouco no sofá.
E então, pontualmente à meia-noite, meu celular vibrou.
"Feliz aniversário, loirinha."
Era Noah.
Suspirei e, antes de poder responder, ouvi Savannah voltar correndo pra sala.
— Feliz aniversário!!! — ela gritou, me abraçando. — Fui a primeira, né?
Olhei para ela, segurando o riso.
— Na verdade, Sav... você foi a segunda.
Savannah congelou por um segundo, com a pipoca nas mãos, e depois me olhou incrédula.
— Como assim, segunda?! — ela perguntou, visivelmente estressada. — Quem se atreveu a ser mais rápida do que eu?
Eu mordi o lábio, já sabendo onde isso ia dar, e mostrei o celular com a mensagem de Noah. Ela deu uma olhada rápida e revirou os olhos, bufando.
— Só pode ser brincadeira. O Noah?! Ele?! Ele não perde uma, né? — Savannah cruzou os braços e jogou o corpo no sofá, visivelmente irritada. — Esse cara me tira do sério. Por que ele tem que ser o primeiro em tudo?