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A faculdade começou como um novo universo, onde tudo parecia tão distante do que eu estava acostumada. O primeiro dia foi confuso e solitário. Eu entrei no alojamento sabendo que Savannah não estaria lá, e isso me bateu mais forte do que eu esperava. A ideia de que íamos dividir o quarto, explorar a cidade, ir às festas juntas... tudo desmoronou quando ela decidiu mudar seus planos de última hora. Fiquei sozinha no campus, sem aquela base de apoio que eu tanto confiava.

Assim que entrei no quarto, parecia maior do que realmente era, como se o vazio aumentasse a cada passo que eu dava. Coloquei as malas no canto, olhei em volta e suspirei, tentando me convencer de que estava tudo bem. Não era o ideal, mas eu tinha que seguir em frente. Era a minha chance, a faculdade de dança com a qual eu sempre sonhei. Savannah teria que ser uma lembrança à distância.

Enquanto eu me perdia nesses pensamentos, Addam apareceu na porta, com aquele sorriso fácil de quem já tinha passado pela confusão do primeiro dia. Ele era o monitor do alojamento, um veterano de dança com uma presença impressionante. Alto, cabelo bagunçado e um jeito tranquilo que fazia a gente se sentir à vontade. Ele me ajudou a carregar as malas e foi me explicando como as coisas funcionavam ali. Addam era carismático, do tipo que sabe quando você precisa de ajuda sem nem precisar pedir. E naquele momento, eu precisava mais do que queria admitir.

Nos dias que se seguiram, a rotina foi tomando forma. Conheci Sina, Hina e Heyoon em uma aula de dança na primeira semana. Elas tinham personalidades tão diferentes, mas ao mesmo tempo, algo nelas me fez sentir acolhida. Sina era calma e sempre tinha uma piada pronta, Hina era a mais extrovertida, sempre arrastando a gente para festas, e Heyoon era mais centrada, mas quando relaxava, era uma das mais engraçadas. Elas me ajudaram a sair da minha bolha, a esquecer um pouco da solidão inicial.

Na primeira semana, ainda troquei algumas mensagens com Noah. Ele me perguntava como eu estava, e eu respondia com frases curtas. A verdade é que estar longe dele mexia comigo, mas também me dava uma sensação estranha de liberdade. Ainda assim, as lembranças dele estavam sempre presentes nas primeiras semanas. Eu me pegava lembrando de nossos momentos, das conversas, das brigas e até das risadas. Mas, aos poucos, aquilo foi se dissipando. As mensagens de Noah começaram a se espaçar, e eu não fazia questão de mantê-las. A vida aqui estava começando a ganhar cor, e Noah, por mais que ainda estivesse na minha mente, era como uma sombra de algo que eu estava tentando deixar para trás.

Depois de um mês, eu já estava mergulhada nas aulas de dança. Os ensaios eram intensos, e os professores exigiam tudo de nós. As festas começaram a se tornar uma constante. Hina sempre sabia de algum lugar novo para irmos, e eu, que inicialmente relutava, comecei a me entregar à vida universitária. Dançar até de madrugada em festas lotadas, rir até a barriga doer com as meninas, e depois voltar para o dormitório com o cabelo bagunçado e os pés doendo... tudo fazia parte da experiência.

Uma dessas noites foi especial. Eu tinha passado o dia ensaiando para uma apresentação e, quando a noite chegou, Hina insistiu para que fôssemos a uma festa em uma república do campus. Sina e Heyoon já estavam lá, então acabei cedendo. A festa estava animada, e eu me deixei levar pela música e pelo ritmo. Dançamos por horas, rindo, conversando com pessoas que eu mal conhecia, mas que pareciam amigos de longa data.

Quando voltei ao dormitório, já passava das três da manhã. O campus estava silencioso, e eu tentava fazer o mínimo de barulho possível ao entrar. Mas, assim que cheguei perto da porta, vi uma silhueta familiar encostada na parede. Addam. Ele estava ali, com os braços cruzados e um olhar que eu não conseguia decifrar muito bem.

— Você sabe que já passou da hora de estar de volta, né? — ele disse, a voz carregada de um tom sério, mas com um sorriso no canto da boca que deixava claro que ele não estava realmente bravo.

CHANGES | nofya Where stories live. Discover now