Rachel

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À luz suave das velas, o aroma sedutor de molho de tomate e manjericão enche o ar enquanto os dois se acomodam à mesa em uma cantina italiana acolhedora. O som suave de música italiana cria uma atmosfera romântica, enquanto compartilham sorrisos cúmplices. Os garçons servem pratos deliciosos de massa fresca e uma garrafa de vinho tinto, enquanto risadas suaves e olhares intensos revelam a magia do momento. O ambiente caloroso e a comida deliciosa tornam essa cena inesquecível para o casal apaixonado.

Estou nervosa essa é a verdade, o lugar é incrível a comida deliciosa e estar na companhia dele torna tudo mais incrível, sua presença me conforta e percebe que ele sentiu um certo ciúmes pelo admirador secreto me deixou sem palavras... Talvez por ainda ter um bloqueio que venho tentar quebrar pra me jogar nos braços desse homem, ver o jeito como me olhou ao entregar as flores, esse jantar tudo me levar  a crer que é ele o meu final feliz. Richard tem razão preciso por pra fora todo meu passado para viver esse momento com ele, se eu não passar por isso eu nunca vou tá pronta pra viver um amor que eu mereço.

Depois do jantar pedi a ele que fossemos a um lugar que pudéssemos conversar mais reservadamente, ele topou e disse que o apartamento dele ficava uns 10 minutos do restaurante que poderíamos ir lá tomar um café ou um vinho e eu concordo. Chegamos ao seu apartamento e realmente é perto da cantina italiana.

- Pode ficar a vontade, quer alguma coisa pra beber - já chego tirando os saltos e vejo um tapete daqueles que parecem de hotéis bem macio que o pé afunda, melhor sensação da vida.

- Vou querer o vinho que me prometeu e uma água - digo sentando no tapete.

- Vou pegar madame - fala rindo por me ver apreciando a maciez desse tapete, quero um lá pra casa. Ele volta com uma bandeja de frios e frutas com chocolate e chantilly e o balde com vinho o ajudo a pegar tudo e ajeitar no tapete mesmo, nos encontramos no sofá ele coloca uma música no YouTube pra tocar e ficamos conversando amenidades até eu criar coragem.

Você em um momento olha pra Pedro e resolve falar - Preciso que me escute,e depois de tudo que ouvir se você ainda me quiser eu vou estar aqui, se não vou embora e você não me verá mais - solto um suspiro pesado ele faz um carinho em meu rosto, ergue meu queixo e me dá um selinho demorado - Eu nunca te deixaria ir - aquilo foi um bálsamo para minha alma, sorrio.

Ver como ela parece determinada e ao mesmo tempo desconfortável só me dá mais certeza que não vai ser algo leve, pelo estado dela no hospital,os remédios eu tenho certeza que as cicatrizes que deixaram nessa mulher foram profundas. Espero pelo seu tempo em começar a me contar, Rachel começa me contando sobre sua infância ela fala de como a perda precoce de sua mãe e a ausência de seu pai, ocupado pelo trabalho, moldaram sua infância. A necessidade de crescer sob os cuidados de uma vizinha adicionou outra camada de desafio à sua vida.

Ao contar sua história, Rachel expressa uma mistura de tristeza pelas experiências difíceis e orgulho pela resiliência que desenvolveu. Não é apenas um relato de suas lutas, mas também uma janela para a profundidade e complexidade de seu caráter, revelando a força que ela carrega dentro de si. Mesmo que as vezes ela pareça quebrada demais ou que não acredita nessa força que tem.

Em um momento ela para e respira fundo, bebe um pouco de vinho como se precisasse de coragem líquida pego em sua a mão pois a vejo tremer, ela olha nossas mãos juntas como se estivesse recordando de algo. A expressão de Rachel muda ligeiramente, tornando-se mais pensativa e distante. Ela começa a falar sobre seu ex-namorado, descrevendo as boas memórias primeiro, com um sorriso suave. Mas, à medida que continua, seu sorriso desvanece, e ela revela os aspectos mais difíceis do relacionamento.

Rachel olha pra mim nesse momento como se quisesse uma confirmação para continuar, ao olhar em seus olhos vejo apenas um vazio é como se não fosse ela ali comigo, sinto um aperto em meu coração ao vê-la assim sem vida uma casca oca, dou um aperto suave em sua mão para que continue.

Rachel me conta como tudo se tornou um caos e os abusos começaram, crises de ciúmes, brigas e discussões intensas alternando em momentos de disculpas e falsas promesas sinto sua voz embargar, ela levanta e começa a andar de um lado para o outro vejo enfiando suas unhas na palma da mão enquanto lágrimas escorrem do seu rosto, permaneço sentado preciso que ela coloque tudo pra fora.

Depois de sofrer a violência psicológica, ela relata como começaram as agressões ficou nítido que ela tinha voltado para o começo de tudo, ela começou a ofegar e ficar assustada o olhar perdido e quando me levantei do chão para ajudar a cena que eu vi me quebrou por dentro, ela entrou em desesperou e implorou para que eu não a machucasse.

- Por favor, não machuca Henrique.. eu prometo que farei as coisas do jeito que você quer - a vi se encolher no chão com as mãos no ouvido gritando coisas desconexas, as lembranças era demais pra ela me achei para ficar na sua altura retirei suas mãos dos ouvidos e chamei por seu nome.

- Rachel, sou eu princesa o Pedro - digo fazendo carinho em seu rosto.

- Pedro, por favor me ajuda... Me tira daqui - ela me pede, puxo ela para um abraço e começo a conversar com ela sobre o dia na fazenda, até sentir que ela voltou a lucidez a sinto soltando um suspiro forte e me abraçando.

- Desculpe, esse assunto me leva a um abismo, mas precisa te contar pelo menos uma parte para você entender o meu bloqueio emocional - apenas concordo com a cabeça e a abraço mais forte sentindo seu cheiro.

- Dorme aqui hoje? Pode ser na minha cama mesmo eu durmo no chão -

- Durmo, mas podemos dormir na mesma cama me sinto mais segura assim - concordo, me levanto com ela em meu colo e a levo para o quarto, no caminho converso com ela e conto coisas engraçadas da minha família para fazer rir.

Deixo ela na cama vou no closet e pego uma roupa minha um blusão e uma samba canção preparo a banheira e deixo ela a vontade, vou para o quarto ao lado tomar meu banho e assimilar o que ela me disse tenho perguntas, porém não quero que ela se perca novamente em memorias. Quando volto ao quarto a encontro arrumando a cama e ligando o ar condicionado, pergunto a ela se tem algum problema eu dormir apenas de short sem camisa e ela mile diz que tudo bem.

- Posso te perguntar como conheceu o Alex?! - estamos deitados, mas minha cabeça ainda não desligou.

- Claro, o Alex me salvou me trouxe de volta a vida... Eu acabei parando no hospital - a um silêncio como se isso fosse uma barreira pra ela, e eu compreendo.

- Entendo, você terá o tempo que for preciso para falar sobre tudo... Eu sempre vou estar aqui Rachel - digo dando um beijo em sua testa.

- Manoela - ela diz de repente

- Quem ? -

- Meu nome é Manoela Duarte, quando fugi para cá precisei adotar uma nova identidade - se aproxima de mim e aconchego ela em meus braços.

- Um belo nome, para uma bela mulher - continuo fazendo carinho em seus cabelos e a sinto relaxar, sua respiração se torna suave.. nunca imaginei que ela carregava um fardo tão grande, preciso falar com meu amigo sobre de uma coisa eu tenho certeza eu vou atrás desse filha da puta pra que ela possa finalmente viver em paz.

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