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O Natal passou rápido, demasiado rápido. Porém, após quatro dias o meu vestido preto ainda se encontra em cima da poltrona e o meu olhar foca-se nele por breves momentos, relembrando o dia da véspera de Natal. Foi, sem sombra para dúvidas, um dia excelente para toda a gente, eu incluída. Não podia ter pedido um Natal melhor. No entanto, Zayn foi passar uns dias com a família para comemorar a data festiva e só volta amanhã, véspera de ano novo. Até agora tive o apartamento só para mim. Devo confessar que o silêncio e a sua ausência são reconfortantes, porém esse sentimento de conforto não durou muito e já me encontro com saudades dele. Respiro bem fundo. Os meus olhos azuis desviam-se agora para a caixa preta que se encontra em cima da secretária. Ainda não sei o que devo fazer com aquele anel idiota. Não o quero, isso é certo. Mas também não o quero deitar fora, até porque não posso fazê-lo, não seria nada ético da minha parte tomar tal atitude.

Se há coisa que não posso negar é que Harry tem efetivamente bom gosto. Aquele anel é lindíssimo, diria até perfeito se não tivesse consciência das circunstâncias em que nos encontramos. Ele não estava em posição para me oferecer tal presente nem eu em posição alguma para o receber e aceitar. Contudo, fui forçada a ficar com o mesmo depois de o ter negado. Levo as mãos ao meu rosto em frustração. Estou confusa e cansada. Trabalhei até às duas da manhã no bar ontem à noite e não tenho conseguido dormir quase nada por causa disto, desta situação desagradável. A privação de sono nota-se a olhos vistos e o meu organismo começa a ceder e a dar sinais de tréguas ao cansaço constante.

Harry não me apareceu mais à frente e fico agradecida por assim o ter sido, apesar de ter imensa coisa para lhe dizer e devolver o anel que nunca sem ti que fosse meu. Porém, quando penso na situação de ele vir ter comigo novamente não me vejo a dizer uma palavra que seja. Sei perfeitamente que aquele beijo foi um erro terrível da minha parte e sinto-me parva por ter sido eu a pedi-lo mesmo sabendo que só traria consequências. Só que pareceu tão certo naquela altura. E esse é o problema entre mim e o Harry. É que as coisas parecem corretas no momento, mas depois é como se o comboio descarrilasse e fosse tudo por água abaixo.

Acordo da minha miséria emocional e mental com o toque do meu telemóvel. É somente uma mensagem quando o encontro perdido no meio dos lençóis da cama por fazer. É Zayn de novo. Desde que partiu que me tem mandado mensagens todos os dias, parece que não percebe pelas minhas respostas secas e demoradas que não quero falar com ele, que estou a tentar é distanciar-me um pouco apesar das saudades que sinto. É normal senti-las, sei disso demasiado bem porque estou habituada a estar com ele vinte e quatro horas por dia. Seja em casa ou no trabalho. Bufo para extrair a fadiga que mora em mim.


Vou chegar mais cedo que o previsto. Estou em casa hoje ao fim da tarde. Até logo, adoro-te.


Engulo em seco ao ler a sua mensagem. Merda. Pensava realmente que só vinha amanhã. Bato com a mão na testa umas três vezes até interiorizar que Zayn vai estar aqui em algumas horas. Fico a olhar para o ecrã durante uns cinco minutos até começar finalmente a escrever uma resposta.


Okay. Vejo-te logo, então. Beijo.


Foi o melhor que consegui fazer, embora tenho ficada igual a todas as outras mensagens que lhe enviei. Breves e sem qualquer interesse. Porém, o meu entusiasmo não é o maior por o voltar a ver mais cedo que o combinado. Não fui capaz de lhe retribuir o adoro-te pelo simples facto de saber as ilusões que ele criaria na cabeça de Zayn.

Burn2Where stories live. Discover now