5.

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Eram somente cinco da manhã quando acordei perturbada, adotando uma postura sentada eu simplesmente levo a mão ao peito, o meu coração a bater a mil à hora. Faço o exercício de inspirar e expirar lentamente na chance de me acalmar. Os meus dedos traçam a pele da minha testa, presenciando algumas gotas de suor. Fecho os olhos, mordendo por todo o meu lábio inferior. Massageio as têmporas firmemente.


Está demasiado calor aqui.


Descubro os lençóis do meu corpo fervente, estou somente em roupa interior, a confusão instala-se por segundos.


Foi só um pesadelo.

 

O meu subconsciente murmura para si mesmo. Não passou de um mau sonho, nada além disso. Abandono o calor extremo da minha cama e caminho descalça pelo chão do quarto, este revestido com uma alcatifa preta. Abro um pouco a janela para que entre algum ar fresco e puro, o ambiente encontra-se demasiado escaldante para o meu gosto. Acabo por me acomodar no chão, sentando-me, observando o vento dançar com as finas e agora transparentes cortinas. As minhas mãos acariciam os fios curtos do meu cabelo. Eu sei perfeitamente que não foi um pesadelo, foi a realidade a pregar-me mais uma das suas partidas. Os meus olhos focam-se no despertador digital, nem três horas dormi e sei bem que também não irei conseguir pregar mais olho esta noite. O sol estará visível em algum tempo, é só esperar. Deixo as minhas costas entrarem em contacto com o pelo macio da alcatifa. Lembro-me perfeitamente da primeira vez que entrei neste quarto.



"Eu não sei se isto é boa ideia."

 

"Sabes que a decisão final é sempre tua." - ele sorri para mim.

 

Retribuí o sorriso num segundo. Sinto o nervosismo bem nos fundos do meu estômago. Continuo a achar que isto não está certo. Mas concordei em pelo menos vir ver a casa. Esta encontra-se bastante organizada e limpa.

 

"Vives sozinho?" - questiono distraída, tentando absorver tudo o que vejo.

 

"Sim." - simplesmente replica.

 

"Nunca tiveste um colega de quarto ou assim?" - a minha curiosidade maldita entra em ação.

 

"Não." - não há um único traço de emoção na sua voz.

 

"Oh..." - murmuro.

 

A minha mente bisbilhoteira é silenciada e deixo que Zayn me guie e me mostre o apartamento, apresentando-me as divisões. Não acredito que estou a fazer isto, de maneira nenhuma. Ele é o meu patrão, por amor de deus. Torturo-me mentalmente de forma constante. O que raio estou mesmo aqui a fazer? Ah, a ver a casa onde o meu patrão vive que, por acaso, poderá vir a ser a minha casa também. Mas certamente não vai ser, jamais virei morar com ele, principalmente quando o conheço unicamente há um mês e pouco. A visita termina no fim do corredor, uma porta fechada à nossa frente.

 

"Nunca gostei de ter gente por perto." - a sua afirmação apanha-me de surpresa.

Burn2Where stories live. Discover now