Burn2

18.

Não comi nada o dia inteiro, excetuando o café que bebi esta manhã, mas nem esse eu terminei. Perdi completamente o apetite. Passa pouco das quatro da tarde e continuo deitada na minha cama por fazer. Os lençóis estão completamente amarrotadas e amontados. O meu quarto está um desleixo total, porém não me importo. Não recebo muitas visitas e quando as recebo certifico-me que está tudo limpo e arrumado. Soa tão mal dizer isto, mas que importa? A minha barriga ronca sonoramente, informando-me que tenho fome, apesar de a minha vontade de comer ser nula. Contudo, sou forçada por mim mesma a levantar-me e a caminhar para a cozinha, somente com umas meias a proteger os pés, não me designando a calçar as pantufas pois isso requeria imenso esforço da minha parte.

Abro o frigorífico e alguns armários à procura de algo para lanchar, mas nada desperta o meu interesse. Acabo por buscar uma maçã à fruteira e lavo-a, dando-lhe uma dentada à primeira chance. O meu estômago começa novamente a fazer barulhos e tomo isso como um obrigado. Em poucos minutos termino de comer a fruta e lembro-me de um pequeno pormenor.

Zayn vai chegar a qualquer momento.

"Merda." – murmuro para as paredes.

Preciso fazer alguma coisa. A casa não é limpa desde que foi embora e devo dizer, agora que estou a observar, que a casa se encontra numa pocilga. Certamente eu não iria gostar de retornar à minha casa se ela se encontrasse neste estado. Bufo em protesto contra a minha preguiça. Vou buscar rapidamente o aspirador e começo a aspirar, inicio a limpeza na sala, depois a cozinha que estava imunda e posteriormente as respetivas e restantes divisões. Assim que termino estou a escorrer água, totalmente suada.

"Preciso de tomar banho, cheiro pior que um chiqueiro inteiro." – digo. – "E parece que vou dar em maluca se continuar a falar sozinha."

Reviro os olhos perante a minha insinuação. Arrumo o aspirador no devido local e pelo caminho reparo que os móveis estão cheios de pó. Bato com a mão na testa e vou buscar um espanador. Dou continuidade às limpezas que se prolongam por um tempo maior do que esperava, mas jamais iria deixar o apartamento naquele estado inaceitável. Arrumo tudo o que há para arrumar. Sacudo tapetes, coloco almofadas limpas no sofá, ponho roupa para lavar, limpo o balcão e toda a cozinha, desinfeto a casa de banho, abro as janelas para a casa tomar e renovar o ar, etc. Quando termino todas tarefas são quase seis horas da tarde e suspiro de alívio ao ver tudo limpo, arrumado e cheiroso. E sorrio, orgulhando-me do que acabei de fazer. Dispenso-me e vou tomar um banho bem quente neste dia frio. Visto uma roupa confortável e vou para a cozinha, onde bebo um copo de água. Não há um único sinal de Zayn. Então volto-me quando ouço um pequeno barulho e o vejo. Os meus olhos arregalam-se com a sua presença inesperada.

"Para ti." – ele fala, dando-me um ramo de belas flores.

Entro em estado de choque com o mais inesperado possível e antes que deixe cair o copo ao chão coloco-o em cima da banca sem nunca tirar os olhos da sua figura. Zayn está vestido num fato e o cabelo puxado para trás e fixo com cera. Nem apta estou para pestanejar com ele assim mesmo à minha frente e preciso acordar urgentemente deste meu transe.

"São lindas." – digo finalmente, pegando no ramo. – "Obrigada."