Burn2

38.

Dias mais tarde...

Entrei no pequeno café apinhado de gente. Rapidamente avistei Liam quando me acenou e vou na sua direção. O meu irmão levanta-se para me cumprimentar, após todas as cortesias ambos nos acomodamos nos nossos assentos.

"Como estás?" – a sua voz soa quase que distorcida devido ao ruído presente.

"Estou bem." – meramente encolho os ombros enquanto observo a rua. – "E tu? Como te tens sentido?"

Não posso esperar mais e Liam sabe disso, visto que a minha questão possui duas faces. Preciso de uma resposta e urgentemente, sendo que tempo é coisa que não tenho – que a nossa mãe não possui.

"Sinto-me cansado, mas penso que isso é normal." – Liam fala indiferente, quase que monótono. – "Tenho tido imenso em que pensar."

"Não duvido."

Os nossos olhares cruzam-se, permanecendo embrenhados um no outro. Respiro fundo quando uma empregada vem tomar conhecimento do nosso pedido, assim que terminamos a rapariga vai embora. Aqui estamos nós novamente, frente a frente. Continuo à espera de uma resposta.

"Mas chega de conversa feita e vamos ao que realmente importa." – as suas palavras despertam agora o meu interesse. – "Eu falei com ela, aliás, tivemos uma conversa bastante longa. Contudo, encontra-se num estado debilitado e é claro que não pude puxar muito, apesar de tudo ainda tenho consideração por aquela mulher."

"Mais nada?" – questiono, claramente esperando uma explicação mais elaborada da sua parte.

"Não há muita coisa para dizer Sky. Apenas conversamos sobre o passado, aspetos que tu já sabes."

"Será que sei?"

Não sei qual a razão para me estar a sentir enganada neste preciso momento, mas há algo na voz de Liam que me faz sentir como se estivesse a mentir-me. Talvez até pode ser simples paranóia minha, ou talvez eu esteja certa e o meu irmão este mesmo a ocultar-me algo.

"O que queres dizer com isso?" – os seus olhos semicerram-se ao encarar-me.

No momento em que ia falar a rapariga de há pouco volta à nossa mesa, desta vez com um tabuleiro com o nosso pedido. À minha frente é colocado um café, sendo que o mesmo acontece a Liam. Ambos agradecemos e ficamos a sós novamente. Levo a pequena chávena aos lábios, sentindo o líquido escuro queimar ligeiramente.

"Liam..." – digo para que me preste atenção. – "Eu não sou mais a menina de treze anos, okay? Houve sempre coisas que não entendi, coisas que não compreendia naquela altura. O porquê de acontecerem e as consequências que tinham, porque era apenas uma criança." – os meus olhos verdes encontram os seus, olhando-me com atenção. – "Por isso, apenas quero a verdade."