34.

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Recordo-me perfeitamente daquela manhã como se tivesse sido ontem. As memórias amontoam-se na minha cabeça, uma atrás da outra, prontas para me dilacerar. Há uma certa mágoa em recordar determinados acontecimentos na minha vida e é por isso mesmo que tento manter alguns dos pensamentos somente para mim. Não sou pessoa de partilhar as minhas emoções e sentimentos.


"Sky acorda." – sinto um leve abanão no braço. Forço os meus olhos a abrirem e vejo o meu irmão.


A minha segunda ação é olhar para a janela do quarto e observo que não há qualquer tipo de luz, assimilando que é ainda de madrugada. O que se terá passado agora? Rapidamente me sento na cama a entrar em paranóia. Se foi a nossa mãe automaticamente sei que não foi nada de bom.


"Aconteceu alguma coisa?" – pergunto urgentemente.


"Não há tempo para falar. Quero que arrumes o máximo de coisas tuas que conseguires nas malas." – Liam observa-me e vê a minha incerteza. – "Apenas faz isso, okay?"


"Primeiro diz-me o que se está a passar. Não sou nenhuma criança." – retorqui em resposta, cruzando os braços.


Liam suspira e olha para mim exasperado. Não vou desistir, quero que me explique o que raio se está a passar. Posso ter apenas treze anos, mas já não sou uma criança e ele deve-me uma resposta para tudo isto.


"Vamos embora." – diz num tom frio. – "Mas quanto mais falamos mais tempo desperdiçamos. Por isso, agora faz-me o favor de arrumar os teus pertences."


Liam não parece ele mesmo neste preciso momento e necessito ter a certeza que está bem antes que possa dizer outra coisa qualquer. O que é que ele quer dizer com 'vamos embora'? Tenho mil e uma perguntas para fazer, mas parece que nenhuma é suficientemente certa para ser expelida.


Levanto-me cautelosamente do fraco colchão e a cama range ligeiramente. Levo as mãos às costas doloridas. Os seus olhos inspecionam cada movimento meu e deixo as minhas mãos se envolverem no seu braço fervente, Liam estremece com o meu toque gélido.


"Para onde vamos?" – questiono.


"Sky... Limita-te a fazer as malas, por favor." – respira fundo e retira o braço do meu aperto. – "E prometo-te que depois respondo a todas as tuas questões."


Não estou satisfeita com a sua réplica e tento lutar de volta.


"Por que é que vamos?" – sinto o meu estômago retorcer-se.


Liam apenas me encara como se fosse óbvio, até porque o é. Penso que só estou a tentar ganhar tempo para entender finalmente que há certas coisas que vão terminar a partir do momento em que sair daquela porta.

Burn2Where stories live. Discover now