3.

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Passou uma semana. Uma semana de aulas infernal. Assim que chego a casa após as minhas aulas matinais, simplesmente atiro com a mochila para o chão do quarto. É sexta-feira, felizmente. Levo a mão ao cabelo, puxando-o para trás num certo desespero emocional. Estou mais que grata por a semana estar no seu fim, assim poderei desfrutar de um bom fim-de-semana, pelo menos assim o espero. Caminho em círculos pela divisão até ir de encontro ao espelho de corpo inteiro que se encontra na parede. Inclino ligeiramente a cabeça, encarando a minha figura no vidro refletor. Há algo de errado comigo, sinto que preciso fazer alguma coisa e mesmo não sabendo o quê ao certo, só sei que tenho este pressentimento que não consigo ignorar. Rapidamente agarro nas chaves do carro e saio de casa.


Eu dirigi até onde a minha intuição me quis trazer. E esse local é o cabeleireiro. Entro no edifício e sou invadida por cheiros agradáveis. Sento-me no pequeno sofá, aguardando pela minha vez. Porém não tenho que esperar muito, visto que uma mulher já de alguma idade cumprimenta-me e pede para a acompanhar. Sento-me agora numa cadeira acolchoada e coloco a minha cabeça nesta coisa preta e dura desconfortável. Sinto a água morna atingir o meu cabelo.


"Está boa assim?" - a mulher questiona.


"Sim..." - meramente murmuro.


É tempo para uma mudança.

 

O meu subconsciente fala e não podia estar mais de acordo. Está mais que na hora de fazer uma transformação em mim. As mãos do ser feminino iniciam a lavagem e massageiam o meu couro cabeludo, provocando arrepios pela minha pele. Há imenso tempo que não tinha tal sensação. Também tenho de admitir que já não cortava o cabelo há um ano e este cresceu imenso desde essa altura. Passei por aquela fase de o deixar crescer bastante. Pois bem, agora está na hora de modificar isso.


Uma hora depois o rapaz que me cortou o cabelo olha para mim através do espelho e sorri, reajo, sorrindo de volta. Ele faz-me lembrar Zayn, o cabelo e os olhos castanhos, porém os de Zayn são mais acaramelados, uma mistura de um doce mistério. Afasto tais pensamentos.


"O que achas?" - ele pergunta, carregando o mesmo sorriso.


"Está bom. Eu gosto." - opto por vagas palavras.


O seu sorriso aumenta perante as mesmas. Pago pelo trabalho e caminho para o meu carro. Ainda tenho tempo para comer qualquer coisa e paro num pequeno café familiar, acabando por tomar um café forte e comer um pequeno queque. São três e um quarto da tarde quando estaciono em frente ao Storm Bar.


"Mesmo a tempo." - suspiro ao trancar o carro.


Entro no bar e rapidamente alguns pares de olhos vincam na minha pessoa. Automaticamente me sinto demasiado observada, mas isso não afeta negativamente nem um pouco a minha autoestima. Estou perfeitamente consciente de quem sou e de como estou. E sinto-me fantástica, diga-se de passagem. Sento-me num dos bancos livres ao balcão.


"Oh meu deus! Sky!" - a voz estridente de entusiasmo atinge o meu sistema auditivo mais do que o desejo.

Burn2Where stories live. Discover now