6.

283 23 2
                                    



"Não me apetece muito ir para a faculdade..." - admito. - "Mas faltar também está fora de questão."


Deixo que os meus pensamentos pairem no ar sem estar à espera de qualquer tipo de resposta, seja curta ou longa.


"A isso chama-se sacrifício." - Zayn constata.


Pestanejo, torcendo o lábio. Um sacrifício que claramente não quero fazer. Lá terá de ser como sempre. Por que é que o verão não dura para sempre? Não seria tudo muito mais fácil quando os dias são longos e quentes, com os amigos do nosso lado, sair sem preocupações, sem ter que pensar nos problemas, nas aulas, na faculdade? É claro que sim. Suspiro em plena frustração.


O carro é estacionado no parque familiar e o meu olhar foca-se nas pessoas. É tão desconcertante pensar na quantidade de seres humanos que pisa a terra, que já pisou e que irá pisar num futuro breve. É por isto que agora não crio expectativas. Há mais de sete biliões de pessoas. Não é o fim do mundo quando uma sai da nossa vida, porque acredito que outra irá entrar no seu lugar, pode não ser para substitui-la eventualmente, mas para alegrar os nossos dias. Automaticamente os meus olhos azuis encaram o rapaz de cabelos escuros e olhos cor de mel ao meu lado. Ele não veio trocar ninguém, contudo veio preencher e compensar um espaço vazio em mim e fico grata por assim ter sido.


"Queres que te acompanhe?" - o longo silêncio é quebrado.


"Eu ainda sei o caminho..." - ironizo de forma brincalhona e um pequeno riso cai dos seus lábios. - "Claro que quero."


Ambos partilhamos um sorriso mútuo. A sua língua entre os seus dentes, a forma como sorri é simplesmente amorosa a meu ver. Eu não estive cega este tempo todo, apenas sempre que olhava para ele da forma que estou a olhar neste preciso momento, batia-me mentalmente, lembrando-me que era o meu patrão e que era disparatado pensar nele daquela forma. Agora? Não vejo mal nenhum em estarmos assim. O meu sorriso não desfalece enquanto faço o meu trilho para fora do carro.


"Para quem não queria vir..."


O seu corpo avança perante o meu, fazendo-o embater contra o automóvel. Os seus dedos colocam uns cabelos fugitivos atrás da minha orelha. Os meus olhos encaram o chão, ainda não conseguindo processar a nossa proximidade. Não estou definitivamente habituada com o contacto entre nós.


"... está com um sorriso grande."


Sou incapaz de responder ao seu raciocínio. A minha demonstração de felicidade não é devido à faculdade, mas sim a ele. Se ao menos soubesse isso. Os seus lábios beijam gentilmente os meus, porém inesperadamente. As suas mãos no fundo das minhas costas e as minhas no seu pescoço. Não há pressa ou desespero neste beijo, somente carinho e desejo. O contacto é perdido, os seus lábios movendo-se para o meu pescoço, deixando um pequeno trilho de beijos. A minha respiração não está mais regulada e os meus olhos fecham-se em resultado do prazer que me está a ser proporcionado. A realidade atinge-me assim que as portas para a alma se abrem.


"Zayn..." - a sua barba por desfazer a causar arrepios na minha pele sensível. - "Zayn..." - começo a implorar. - "Estamos à frente de toda a gente."

Burn2Where stories live. Discover now