Capítulo 15

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𝗦𝗵𝗼𝘂𝘁𝗮 𝗔𝗶𝘇𝗮𝘄𝗮
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Fazem dois dias desde que voltei para casa, duas semanas trancado na enfermaria, pelo menos estou vivo, batalhei para estar vivo, pela primeira vez em muito tempo estou genuinamente bem com uma luta. Lutei por meus alunos, lutei por All Might, por treze e por Hare. Tenho por quem lutar.

Um barulho alto ecoou pelo apartamento, batidas incessantes na porta, resmunguei, me obrigando a levantar do sofá, já que não pararam. Ao abrir a porta, encontrei a loira, com lágrimas nos olhos, e entendi as batidas desesperadas na porta. Não consegui ficar com raiva pelo barulho incômodo.

— Me desculpe, Shouta. Eu posso entrar? — sua voz saiu embargada, um pingo de culpa apertou meu peito, pois adorava como meu nome saia de sua boca, mesmo que o momento não fosse apropriado.

— É claro. — abri espaço para que ela entrasse, assim que passou pela porta, fechei a mesma.

Os olhos tão lindos que eu fazia questão de admirar, agora estavam profundos, possivelmente por medo. Já havia visto-os dessa maneira antes, mas fazia muito tempo, não sabia exatamente o que fazer, nem o que dizer, então reagi da mesma forma que anos atrás. Em um movimento rápido a puxei pelo braço trazendo-a em direção ao meu corpo, prendendo-a em um abraço, tentando ser o mais reconfortante possível, mesmo que não soubesse exatamente como.

Hare agora soluçava, apertando meu blusão com força, não era apenas tristeza e medo que aqueles olhos estavam refletindo, havia ódio também. Então a apertei com mais força contra meu peito, o cheiro de mel que seu cabelo exalava adentra minhas narinas sem aviso.

— Todos estão bem. — disse tentando reconforta-la

— E se algo tivesse acontecido com algum deles? Eu nunca me perdoaria. — sua voz saia baixinha, e descompassada pela falta de ar que o choro forte trazia. Tomei liberdade para levar minha mão até sua cabeça, acariciando seus cabelos. Ela enterrou mais seu rosto em mim.

— Mas não aconteceu. Precisa lembrar disso, a partir de agora as coisas vão piorar.

Em um movimento rapido, ela se soltou de mim, agora, o canto de seus olhos estavam machucados, e a conhecendo como conheço, começaria a se desculpar em menos de 2 minutos.

— Desculpe por chorar em você de novo... — dito e feito. — Eu...

— Não se desculpe. Se não quisesse te ajudar tinha fechado a porta na sua cara. Me preocupo com você. — a interrompi antes que continuasse a falar. Ela então voltou a chorar, dessa vez se jogando em meus braços, não pude fazer mais nada além de segura-la. A guiei até o sofá com cuidado, a sentando no mesmo. — Vou pegar uma água para você.

Abri a geladeira pegando a jarra de vidro que estava pela metade, no escorredor tinha um copo limpo, então ultilizei ele, olhei para o lado e suspirei, espero que ela não chegue até a cozinha, pois a louça estava outra vez gigante. Servi o copo e levei até ela. Estava encolhida no sofá, abraçando os próprios joelhos com o rosto enfiado no meio dos braços cuzados. Limpei a garganta, ela levantou sua cabeça, mirando seus olhos vermelhos e tomados pelas lágrimas em mim, eu poderia morrer agora se quisesse.

— Obrigada. — a loira limpou o nariz que estava molhado com a manga da própria camiseta.

Assim pude notar algo além de seu rosto molhado pelo choro, me fazendo acreditar que talvez o desespero tivesse tomado conta da mesma, já que estava apenas com uma camiseta larga de botões, de manga comprida, que batia nas coxas. Entreguei a água para ela que bebeu até a metade do copo, e me sentei do outro lado do sofá. Não muito perto para não constrange-la.

╏⁠ Meu refúgio ↝ Shōta AizawaOnde histórias criam vida. Descubra agora