A porta do elevador foi parada por uma mão com dedos longos, Aizawa reconheceu as unhas pintadas de vermelho mas não teve muita reação além de se esquivar quando Hare tentou golpea-lo. Ele resmungou pela movimentação desnecessária mas não conseguiu desviar do segundo soco, que acertou seu braço em cheio, em um dia comum teria sido o mesmo que nada, mas desde ontem seu corpo estava agindo contra sua vontade. A loira puxou a trava de segurança do elevador e impediu que saíssem de onde estavam.
— Hare...?
— Oi? — ela se esgueirou para perto dele, se aproximando e retirando algumas mechas do seu cabelo da testa para confirmar suas suspeitas.
— O que está fazendo? — ela retirou a mão e balançou a cabeça em negação.
— Doeu? — perguntou, imaginando que ele não responderia sua pergunta, tocou o local com o indicador e Aizawa afastou inconsciente.
— Estou bem. — afirmou novamente.
— Não está, nunca soquei você com toda minha força, mas as vezes que soquei apliquei a mesma de agora, geralmente não causa efeito nenhum mas sei que doeu dessa vez.
— Sempre soube que não tinha efeito nenhum? — tentou mudar de assunto descaradamente.
— Não precisa nem tentar. — apontou para ele. — Seus músculos estão doloridos, está visivelmente com febre, a forma como resmungou por ter desviado rápido demais indica que seu corpo está naturalmente cansado e sua voz está mais rouca que o normal. — ela colocou as mãos nos quadris e encarou a parede do elevador. — Precisava ter certeza se era gripe ou um resfriado, Yamada disse que está assim desde ontem. Está gripado.
— Tá?
— Tomou a vacina da gripe esse ano? — ignorou completamente o "tá?" dito de maneira indiferente.
— Não lembro. — respondeu. — Acho que sim, vou ficar bem. — ele tentou ir até o painel para destravar o elevador mas acabou cambaleando para o lado, Hare o segurou e deixou que seu corpo se apoiasse no dela.
— Estou vendo... — jogou ao ar. — Vou liberar a trava mas vai me deixar cuidar de você.
— Não, preciso de um banho e de uma boa noite de sono. — ele se endireitou, assumindo uma postura rígida. — Não quero e não preciso da sua ajuda.
— Não lembro de ter perguntado se quer ou precisa da minha ajuda. — as palavras escaparam muito mais duras do que Hare gostaria, mas não se importou em parecer hostil nesse momento. — Você diz que sou irresponsável e que não deixo que cuidem de mim, mas é exatamente igual. Está doente, se não quiser ir ao hospital eu até entendo, mas não vai ficar morrendo de febre sozinho porque não vou deixar.
Os olhos de ambos se encontraram, Aizawa encarou as íris vermelhas e claramente obstinadas da loira e suspirou. Não estava se sentindo bem desde a noite de quarta-feira, não iria em um hospital nem morto — pois sim, era hipócrita o suficiente para dizer que Hare não cuidava da própria saúde mas se fosse por ele também não pisaria em uma ala médica por livre e espontânea vontade —, não queria que ela perdesse tempo cuidando dele, mas Hare era teimosa, e era quase tão persistente quanto ele.
E Aizawa sabia disso, por isso assentiu.
— Tudo bem. — falou. — Mas vamos usar máscaras, não quero que fique doente também.
— Não se preocupe. — Hare abriu a mochila e tirou de dentro um saquinho transparente, onde tinham máscaras descartáveis. — Sobrou da última remessa, estão esterelizadas.
— Pretendia me prender aqui até quando? — perguntou ele.
— Até aceitar, obviamente. — enquanto ainda estava apoiado nela, a loira destravou o elevador e subiram até o andar dele.
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╏ Meu refúgio ↝ Shōta Aizawa
FanficEm meio a um novo trabalho e volta repentina à cidade natal, Hare Bakugou precisa enfrentar todos os fantasmas que deixou para trás durante seus anos na Itália. Além de cuidar de si mesma, agora se vê encurralada e responsável pelos problemas de seu...