Capítulo 29

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Das duas, uma: Hare havia perdido completamente o juízo ou estava no mínimo em um surto psicótico.

Ela e Aizawa passaram por diversos assuntos enquanto ele estava febril na última sexta. Uma dessas conversas resultou na loucura que ela estava fazendo agora mesmo: Jogando pedrinhas, sim, malditas pedrinhas, na janela dele.

A conversa em questão foi bem simplista, entraram em um debate sobre clichês, e Hare comentou que todo mundo deveria ter um “romance” na adolescência para viver coisas românticas e sem sentido — nas palavras dela.

— Talvez esse seja meu problema então. — Aizawa estava com os olhos fechados, mas Hare estava vidrada nele.

— Como assim?

— Não vivi esse tipo de coisa. — respondeu, dando de ombros.

— Está brincando… — ela colocou a mão na frente da boca, surpresa. — Sempre foi um gatinho, duvido que não tenha pulado algumas janelas.

— Nunca — reafirmou. — Às vezes algumas garotas se interessavam por mim, mas naquela época não era bem o meu foco, acho que nunca foi.

E era esse o seu objetivo: sequestrar Shouta no meio da noite — na sua própria casa, e se ele achasse ridículo ela respeitaria sua vontade —, e levá-lo para uma saída — ela nunca admitirá, mas é um encontro — onde vão fazer coisas clichês de jovens apaixonados. Talvez seja o tédio, ou a falta de acompanhamento psicológico, mas quando teve essa ideia tudo pareceu tão certo que não pensou duas vezes antes de planejar tudo.

O moreno ouviu o barulho na janela da sacada, de início ignorou, mas quando o barulho se repetiu mais algumas vezes, decidiu levantar e ir conferir. Os vidros eram de acidato e precisou abri-los, só para ter a visão da Bakugou de cabeça para baixo, que quando percebeu a movimentação sorriu como uma criança pega durante a arte.

— Não vou fazer nenhuma pergunta. — ele sacudiu a cabeça negativamente.

— Oi! — Hare colocou uma das mãos nas barras e a outra pegou algo lá de cima, deixando seu corpo cair em seguida.

Quando finalmente estava em pé na sacada dele, estendeu o que havia pego antes de descer: era uma rosa coral.

— Nós vamos sair. — declarou sussurrando. — E isso aqui é para você. — se referiu a rosa em sua mão.

— Por que está sussurrando? Meio que já fez barulho suficiente para levar multa. — por algum motivo estranho, ele também sussurrou de volta.

— Estou me preparando para tirar você de casa pela janela… no caso da sacada… Enfim, que seja.

Aizawa encarou a cena com os olhos cerrados, uma clara confusão em seu rosto, segurou a rosa, e então uma lâmpada acendeu na sua cabeça.

— Você não está fazendo isso… — apontou para a loira, que juntou as mãos e assentiu positivamente.

— Estou sim.

— Sabe que temos que trabalhar amanhã, né?

— Não é como se você fosse dormir…

— Mas você ia. — relembrou.

— O plano tem três fases e se você aceitar a primeira já está feita. — ela juntou os ombros. — Mas se não quiser eu entendo.

— Ta planejando isso desde quando?

— Minha cabeça começou a projetar quase no mesmo momento.

— Deveria ter acreditado quando disse que era doida da cabeça…

╏⁠ Meu refúgio ↝ Shōta AizawaOnde histórias criam vida. Descubra agora