Capítulo 23

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𝗛𝗮𝗿𝗲 𝗕𝗮𝗸𝘂𝗴𝗼𝘂
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O dia seria agitado e durante a noite dormi por quatro horas no máximo, mesmo assim, ainda me adiantei para acordar. Precisava organizar as coisas com Nemuri antes de ir encarar a turma de Katsuki.

Me olhei no espelho e ri sozinha, cobrindo as olheiras com corretivo e arrumando a franja na testa. Uma vez, Hana me disse que a solução para os problemas era uma mudança no cabelo, já que reencontrei ela ontem, decidi pôr em prática. Meu cabelo agora estava médio e alguns fios loiros cobriam minha testa, se existisse uma forma de me clonar eu com certeza me beijaria.

Agradeci mentalmente à Hare do passado por ter arrumado a bolsa com antecedência, só peguei um iogurte da geladeira para comer antes das aulas e uma garrafa de água gelada. Olhando para o chão, percebi que alguns cacos do copo de ontem tinham ficado presos no tapete, sinceramente cansativo. Decidi ignorar por hora e seguir com meu dia, não posso deixar as lembranças do dia anterior me atingir novamente, isso seria quase como um empurrão para o precipício.

Tranquei a porta do apartamento e segui para o elevador, pressionando o botão do térreo, no painel estava sendo solicitado no segundo andar antes de parar no meu, então mantive a postura agarrando a alça da bolsa enquanto esperava o elevador parar no meu andar. Quando a porta se abriu, para minha surpresa, Aizawa estava encostado em uma das extremidades e quando notou minha presença abriu a boca confuso, entrei no elevador e parei ao seu lado.

— Você... — ele estava me encarando, seus olhos acompanhando meu rosto.

— Sim! — confirmei com a cabeça, sorrindo. — Ficou bom?

Minha resposta veio quase de imediato, ele me encarou, puxou meu braço para nos aproximar, segurou minha nuca com a outra mão e selou nossos lábios transmitindo necessidade. Segurei sua cintura com uma das mãos e empurrei seu corpo contra a parede do elevador, com a outra mão, puxei-o pelo suéter ainda mais para perto do meu corpo.

— Hare, porra... — murmurou contra minha boca. Não nos separamos, segurei sua outra mão e estava prestes a colocá-la em meu quadril quando escutamos a porta do elevador se abrindo e nos desgrudamos por reflexo.

A senhora olhou de cima a baixo e balançou a cabeça em negação, foi a primeira vez que pude enxergar o rosto dele tomar um tom avermelhado enquanto se encolhia, parecia querer se fundir com as paredes cinzas. Quando chegamos ao térreo, esperamos a idosa sair, ela ainda parou e sussurrou "Giovani spericolati, questo posto si sta trasformando in un disastro"

— Mi dispiace, signora. — respondi, ela virou abruptamente enquanto me encarava e torceu o nariz, seguindo seu caminho até o estacionamento.

Me virei para encarar Aizawa que estava com os ombros baixos em sinal de derrota, sorri tentando reconfortá-lo.

— Vou levar isso como um sim. — tirei sarro, ele me encarou incrédulo.

— O que ela disse? — perguntou, se aproximando.

— Basicamente que somos inconsequentes e que esse lugar está virando uma bagunça.

— Céus...

— Não se preocupe, ela não parece ser o tipo de velha fofoqueira. — tentei tranquilizar.

— Não acredito que chamou ela de velha fofoqueira.

— Não. Eu disse que ela não se parece com uma. — fiz uma pequena pausa antes de me aproximar do seu ouvido. — E se quer colocar algo na minha boca prefiro que não sejam palavras.

— Hare! — censurou, me afastei rindo baixinho.

— Você gosta de me ver irritada e agora descobri que adoro ver você constrangido.

╏⁠ Meu refúgio ↝ Shōta AizawaOnde histórias criam vida. Descubra agora