• a luz de velas •

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— MAS QUE PORRA!

— AAAAAAAAAAAAAAAAH!

No meio da janta.

Isso tinha que acontecer, no meio da janta.

Eu tenho certeza que enquanto eu me encosto perto do fogão da cozinha do dormitório e fecho os olhos e respiro fundo, procurando um pouco de paz interior que está mais que claro que é a última coisa que eu tenho nesse momento, uma veia está prestes a saltar do meu pescoço. O povo surtando e eu me controlando pra não surtar junto.

Porque a luz do dormitório todo acabou, e nós íamos comer.

— Eu nem terminei de preparar meu macarrão. - resmunguei sentindo uma vontade descomunal de chorar.

— Mas que caralho, como isso aconteceu? - ouvi a puta raivosa reclamar, acendendo a lanterna do celular.

— Pensei que o sistema da Yuuei fosse bom o suficiente pra ter geradores. - murmurou Ochako.

— Eles tem, mas fica no prédio principal. - respondo, me aproximando dela e apontando pra onde o prédio da escola estava. — Vê? É o único que ainda tem luz acesa.

Percebi que Ochako tensionou um pouquinho quando falei tão perto de seu ouvido, e sem saber direito o porquê, acabei rindo baixinho. Tão fofa.

— E como raios a gente vai terminar de cozinhar e comer agora, nesse caralho? — Denki resmungou.

— Eu posso ficar com meu lado esquerdo aceso. - Todoroki sugeriu, já acendendo a labareda que era.

— E mandar o dormitório pros ares? - retruquei, gesticulando para o gás e ele apagou novamente.

— Ah...

— Mas a Momo pode materializar algumas velas, e podemos deixar espalhadas pela cozinha e sala até a energia voltar. - dei minha sugestão, e Yaoyorozu já começou a fabricar com sua individualidade um monte de velas.

— Certo, vamos colocar em pontos estratégicos então. - Deku disse, já pegando as velas e vindo pra perto do fogão. — Aqui amor, pode voltar a cozinhar seu macarrão em paz. - me dando um beijinho na bochecha e um aperto na minha cintura, me derretendo um pouquinho.

— Valeu. - murmuro, me virando pra voltar a cortar a cebola e o pimentão que ia colocar no molho, mas paro de novo quando sinto ele atrás de mim. — Pensei que ia distribuir as velas. - comento, não me deixando abalar (muitoo) com seu quadril quase colado ao meu.

— Hmm, só tô dando um cheiro na minha namorada. - disse, realmente dando um cheiro no meu cangote e beijando meu pescoço. Me arrepio todinha, e o vagabundo claramente sente, porque sorri contra minha pele e aperta mais forte minha cintura, me pressionando ainda mais contra o balcão da cozinha e o querido que ele tem entre as pernas. — Por que? Não posso?

— Claro que pode, amor. - falo, o mais tranquila possível e incrivelmente não me demonstrando abalada. Mas me aproximo de seu ouvido, me empinando mais e falando em um tom que somente ele possa escutar. — Se quiser que eles vejam você me comendo gostoso, pode também.

— Pelo amor de deus, mulher! - rapidinho se afastou de mim, me fazendo jogar a cabeça pra trás rindo. Rindo, porque mesmo sem claridade o suficiente eu sabia que ele estava corado. — Não pode nem brincar com você mais.

— Se não sabe brincar, não desce pro play. - dei de ombros, escutando os outros perguntarem a ele o que aconteceu enquanto distribuía as velas.

— Nada, a gente só tava brincando. - vi de rabo de olho ele coçando a nuca.

Pff, quem vê nem imagina o arrombo que ele faz na minha buc-

— Caralho, tudo isso de cebola? - Denki perguntou, se aproximando e olhando para a minha tábua por cima do meu ombro. — Meu deus, por isso que os legumes e verduras acabam tão rápido nesse dormitório. - falou alto, e me irritei quando escutei gente concordando.

— Se tão achando ruim, não cozinho mais! - respondi, e rapidinho o discurso mudou.

— Magina! Pode cortar quantas cebolas você quiser minha linda, tenho certeza que é por isso que a sua comida sempre fica um arraso! - fuzilei Denki com os olhos, o fazendo se afastar.

— Bundão. - xinguei, sem me importar se ouviria ou não e finalmente terminando de temperar o molho do meu macarrão.

— Ele fala isso porque sabe que não seria a mesma coisa sem você pra cozinhar pra gente. - Ochako comentou do meu lado, cortando tomates para fazer a salada. —  Tirando você, a Momo e o Katsuki, ninguém aqui sabe cozinhar decentemente uma refeição completa.

— Eu sei. - dei de ombros. — Mas sei que tenho que maneirar na quantidade também. - admito, e posso ver seus olhos se arregalando em surpresa. — Que foi? - arqueando uma sobrancelha e me virando pra ela.

— N-Nada, é só que...ai amiga, nunca ouvi você admitindo que tá errada, só fiquei meio surpresa. - sorri de canto quando vi suas bochechas ficarem ainda mais rosadas.

— Pois não se acostume, é só porque eu tô de bom humor. - respondi, colocando a massa do macarrão na panela e desligando o fogo, mexendo até ficar totalmente misturado com o molho vermelho.

— V-Você tá?

— E tá é? - Denki, que voltou a se aproximar pra me irritar também.

— Tô, mas ele pode mudar rapidinho, querem ver? - fechando a cara.

— N-Não! Pode continuar com seu bom humor minha linda!

— É S/N-chan! Ignora a gente, só...só ignora.

Depois de tudo ficar pronto, colocamos as panelas na bancada da cozinha, deixando que fossem se servindo e se sentando na mesa, que era o lugar mais iluminado daquele lugar.

Coloquei minha comida e me sentei. Izuku se sentou ao meu lado, aproximando a cadeira ainda mais de mim. Sorri sem dizer nada, começando a comer. Senti minha barriga finalmente me dar uma trégua depois de tanto ronco.

Na minha quinta ou sexta garfada, senti uma mão grande e quente cobrir minha coxa. Por um momento deu pane no sistema e me senti desfigurada, mas então lembrei de respirar e voltei a comer.

Não sei o que deu nele, mas confesso que gosto de seu contato físico.

— Não achei que nosso primeiro jantar a luz de velas seria assim. - comentou para somente eu ouvir.

Soltei uma risadinha.

— Pois é, mas pelo menos é um jantar, né? - o olhando divertida, e percebendo só agora como o olhar dele estava diferente. Izuku parecia com fome. E não era de comida. — O que foi?

— Quando você falou mais cedo...- disse, se aproximando mais do meu ouvido e soltando sua respiração quente, me arrepiando mais uma vez. —...pensei em outra utilidade para as velas.

Arqueei as sobrancelhas, surpresa com essa nova vontade do meu namorado. Nem mesmo eu cheguei a pensar nisso.

— O que houve com o Izuku doce e gentil na cama que eu conheci? - perguntei zuando, também só pra ele ouvir.

E como resposta, tive o sorriso mais gostoso e quente do mundo.

Esse garoto é minha sina.

— Aprendeu a lidar com o monstrinho dele. - se aproximou ainda mais, quase me fazendo ofegar quando sua boca resvalou na minha orelha. — E descobriu que ele mesmo era um monstrinho, e quer mais.

~.~

descobri esses dias que minha mãe curtia ficar pingando cera de vela nela mesma e pensei...pq não?

𝐌𝐈𝐃𝐎𝐑𝐈𝐘𝐀 𝐈𝐙𝐔𝐊𝐔, 𝐜𝐨𝐦𝐨 𝐧𝐚𝐦𝐨𝐫𝐚𝐝𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora