03. Fogo cruzado

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  Agora que sabia que sua mãe estava Bem, Zé Pedro se sentia bem melhor, apesar de estar preso em um sanatório como um criminoso louco e perigoso. A vida inteira o seu maior desejo sempre foi agradar o seu pai, set amado pelo comendador pelo que ele era de verdade. Mas isso não importava mais, já passou, os livros que ele lia em seu, digamos, exílio, estes o faziam se esquecer de sua vida cada vez mais solitária, vazia, triste e acima de tudo, fadada à um ócio imposto que ele não queria.


A vida inteira Zé Pedro quis se destacar, na escola, nos estudos no geral, nos esportes, com as mulheres, em tudo que pudesse agradar ao seu pai. Até da mulher que ele amava, no caso, a Amanda ele desistiu quando muito jovem para agradar o Comendador, indo até mesmo contra a sua própria mãe, a pessoa que mais o apoiou, amou e defendeu durante toda a sua existência. Mas nada disso adiantou, Maria Clara sempre seria a preferida do comendador, o xodó dele, o seu talismã da sorte. Depois de ler um pouco de Edipo, uma história que meio que se encaixava com a sua de certa forma, Zé Pedro acabou recebendo a visita da mãe de sua primogênita, a Danielle.


- Por que não quer tentar fugir daqui para me ajudar em nossa vingança, meu amor? - Pergunta Danielle - Do meu lado você só tem a ganhar, meu querido.


- Chega por favor, apenas pare com tudo isso, eu já me cansei disso tudo, quero apenas pagar a minha pena e ir embora desse país - Diz ele já farto de tudo - Para quem sabe, eu não Sei, viver a minha própria vida me esquecendo de vez da minha antiga vida ao lado de um maldito tirano que ainda por cima se acha o dono da razão e da verdade. Um homem que todos chamam de comendador, que minha mãe chama de marido, que meus irmãos chamam de pai, mas que eu chamo de Ditador, Danielle.


- Não te reconheço mais como o homem com quem me casei.


- Só nos casamos porque o meu pai me obrigou a me casar com você que estava grávida da nossa filha, a única coisa boa que fizemos em nossas vidas, Danielle - Diz ele completamente indiferente - Até me bater aquele jagunço bateu para que eu me casasse com você. Na verdade, ele me deu duas surras por sua causa, uma para que eu me casasse com você e outra no dia do nosso casamento para que eu não te abandonasse na beira do altar para fugir para os Estados Unidos com a minha prima Amanda, a única mulher que eu realmente amei de verdade durante toda a minha vida e que ainda amo, mesmo ela não querendo mais nada comigo, infelizmente.


- Você é fraco - Diz ela - E deve ser justamente por isso que o seu pai te despreza tanto.


- Pode me dizer o que quiser, nada mais me abala ou espanta nesta vida, sobretudo quando se trata de você.


- Tem certeza disso? Pois Bem, vou reaver a guarda da Bruna, vou tirar a nossa filha das garras da bruxa metida a madame da sua mãe.


- Você não pode fazer isso, não tem esse direito, Danielle.


- É mesmo, e quem vai me impedir? Você, por acaso?


Marta estava repousando um pouco no seu quarto quando a sua netinha primogênita apareceu para alegrar ainda mais o seu dia. Maria Marta tinha uma espécie de amor único por sua neta, a filha do seu primogênito era o mesmo que um anjo sem asas em sua vida, e justamente por isso, Marta não queria cometer os mesmos erros que cometeu com o Zé Pedro com a filha dele. Isso que não.

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