Capítulo 02 | Sombras do passado.

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Eu estava sentada em um dos bancos do campus, mexendo nos infinitos livros e anotações e pensando em como poderia resumir tudo aquilo de forma coerente, quando uma pessoa se sentou ao meu lado, colocando um capacete entre nós dois.

– Ton, não disse que viria... – olhei para meu smartwatch. 13:32. – 15?

– Cedo, hum?

Congelo na mesma hora, sinto o sangue das minhas veias evaporar, o som da voz entra pelos meus ouvidos e atordoa meus pensamentos.

Levanto os olhos para confirmar o que eu temia. Lucky. Dou um pulo do banco e saio o mais rápido possível de perto dele.

– Lucky? O que você está fazendo aqui?

– Eu esperava uma recepção mais calorosa da sua parte...

– O que você quer?

– Te levar para casa.

– Não vou com você. – Ele abaixa a cabeça, olhando para o banco e mexendo nos cadernos.

– Museologia? Você está aqui forçada, né.

– Não te interessa.

– Não foi uma pergunta, mas foda-se, temos que ir. Agora.

– Não! Como você espera que eu simplesmente vá com você depois de tudo? "Oi, vamos para casa!" – Faço um tom de voz irônico.

– Não confio em você. Não mais. – Digo a última parte falando mais para mim do que para ele.

– É exatamente o que eu quero. – Ele se levanta, jogando todo o material espalhado no banco dentro da mochila, e dá um passo na minha direção. Eu dou um passo para trás.

– Não. Se você chegar mais perto, eu grito. E você não me quer gritando por aí!

Ele para na mesma hora, com um sorriso de canto, prendendo as mãos na frente do corpo e levantando a cabeça de leve.

Sua presença se tornou sufocante, e eu já pensava em como correr caso ele realmente tentasse me pegar. Lucky umedece os lábios e inclina de leve a cabeça para o lado.

– Já acabou com o showzinho? A gente pode resolver isso do jeito fácil ou...

– Ou nada! Tenho coisas mais importantes para fazer. – O corto.

– Jeito difícil então. – Antes que eu me desse conta, Lucky já me jogava por cima de seu ombro.

Meu coque se desfez, fazendo meu cabelo cair como uma cortina e bloqueando meu contato com o mundo exterior.

Tudo o que eu via era o chão que corria rapidamente e as costas de Lucky, que eu insistia em socar e bater na tentativa de escapar.

– Me solta, babaca! – Grito na esperança de que me ouvissem, mesmo sabendo que não há quase ninguém no campus a essa hora.

Tudo o que tenho em resposta é Lucky mexendo os ombros, me fazendo escorregar mais.

Não demorou muito para meu corpo ser lançado para frente com brutalidade e eu ser sentada no banco de uma moto. Na moto de Lucky.

– Lucky, isso é sequestro! Isso te dá uns bons anos de cadeia, mas a gente pode entrar em um acordo. É só você me deixar ir, e eu não falo com ninguém, nem com meu irmão!

– Cala a porra da boca, Ayla. – Ele coloca o capacete em minha cabeça com tanta força que quase doeu.

Mas nada doía tanto quanto ouvir meu nome sair de sua boca de maneira tão áspera. Lucky costumava me chamar de anjo.

Por anos, pensei que odiava o apelido, mas agora eu sei. Odiava ouvir ele me chamando pelo meu nome.

Ele não perdeu tempo em subir na moto e acelerou sem aviso prévio, o que me fez quase cair para trás.

Me seguro no apoio de mão o mais forte que consigo; afinal, Lucky era outro suicida por hobby.

[...]

Pouco tempo depois, um portão familiar aparece na minha vista. O portão da minha casa. O que estamos fazendo aqui?

Quando passamos pela guarita do portão, não havia nenhum guarda, o que por si só é estranho, porque se tinha uma coisa que Simmon valoriza além do dinheiro, é a segurança... do dinheiro.

Ao passarmos pelo jardim, não há nenhum funcionário. PEssa hora, era para ter pelo menos meia dúzia deles cuidando do jardim.

Paramos em frente à gigantesca porta da mansão, e Lucky desce rápido da moto.

– Lucky, o que...

– Desce e entra na casa. Agora. – Ele olhava em volta, atento, como se procurasse algo... ou alguém.

A ideia me dá um frio na espinha, e entro correndo para dentro de casa. Assim que abro a porta, me deparo com o hall de entrada destruído.

Há cacos de espelho e das cerâmicas chinesas da coleção de mamãe por todo o chão. Sinto um medo me consumir e adentro a casa.

Toda a casa estava de ponta-cabeça e cheirava a queimado e fumaça. Quando chego na sala principal, me deparo com uma cena digna de filme de terror.

Estava um caos, assim como todo o resto. Os sofás e poltronas de couro rasgados e uma pilha de papéis queimando no canto da sala. Mas nada disso se comparava à minha mãe.

Ela estava no centro da sala, sobre uma poça de sangue. Seu olhar fixo no teto e seu rosto congelado em terror. Há três marcas ensanguentadas em seu vestido de seda francesa... Tiros ou quem sabe facadas...

O cheiro do sangue, juntamente com a fumaça que já descia formando uma neblina, me dá ânsia de vômito, me fazendo cambalear alguns passos para trás. Bato contra algo duro e, ao me virar, Antonie me encara com angústia e raiva.

– T-Ton, o que...

– Eu não sei, mas temos que ir, agora.

O fogo já consumia parte do carpete, das cortinas e dos móveis de madeira.

– Esse lugar vai torrar, e se não sairmos daqui logo, a gente torrar junto. – Lucky grita da entrada.

Eu e Antonie corremos para o hall para sairmos, mas antes de deixar esse lugar para as chamas, vou levar uma coisa comigo.

Um dos muitos xodós de Simmon. Vasculho rapidamente os cacos e o que sobrou do criado-mudo e encontro a chave.

A chave do único carro da coleção privada que eu não podia tocar. A Ferrari única no mundo de Simmon. E agora ela vai ser minha. Não acho que ele sentiria falta mesmo.

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Oi pessoas!

Agora sim as coisas vão esquentar akkak Alguma teoria do que pode estar acontecendo?

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É isso, não esqueçam de votar e comentar bastante para mim saber se vocês estão gostando. Bjs e até o próximo cap 😗

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