Capítulo 12 | Riscos.

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Depois da corrida, eu e Antonie fomos ver os carros. Ton olhava os motores e comentava com as pessoas em volta coisas que pareciam grego para mim. Ao perceber meu deslocamento, Ton começou a me explicar sobre os motores e as mil outras coisas que esses caras enfiaram neles, melhorando a velocidade e blá-blá-blá.

Depois disso, ficamos vendo os carros fazendo drift e curtindo a música eletrônica que tocava. Em algum momento da noite, não sei dizer qual, Antonie e eu começamos a virar algumas doses de tequila juntos, competindo entre nós. Mas as pessoas ao redor começaram a se juntar e a colocar notas e mais notas em cima da mesa. Estavam apostando em nós.

No final, Ton desistiu e eu levei 1.445,77 pesos. Antonie e eu curtimos a companhia um do outro e conversamos até onde lembro.

De repente, Antonie apareceu com um baseado de maconha na mão e me entregou. Não era a primeira vez que eu fumava, mas era sempre maconha de festa de adolescentes.

Me sentia leve, o barulho em volta abafou e as luzes pareciam mais vivas, literalmente. Entre as luzes roxas e brancas surgiram azuis e vermelhas. A música parou, dando lugar às sirenes de várias viaturas.

Os carros e as pessoas se misturavam, se escondendo e correndo para todos os lados como ratos quando acendem a luz. Sinto Antonie me puxar para o mato próximo. Os policiais desciam das viaturas com lanternas e entravam nos prédios e no mato.

Antonie me forçava a correr tão rápido que juro que minhas pernas ainda estão lá onde ele me arrancou.

Saímos em uma área movimentada com carros e um pequeno comércio de bares e boates. Ton me puxa e entramos na pequena fila com quatro pessoas. O segurança nos encara de cima a baixo, mas nos deixa entrar assim que pagamos.

Passamos cerca de uma hora lá dentro. Antonie negava todas as garotas que vinham até ele e olhava para todos os lados freneticamente.

— Vamos para casa. A batida da polícia deve ter acabado.

Ele me puxa para fora e fomos andando para casa, que era mais longe do que eu esperava. Uma fome avassaladora tomava conta do meu corpo.

— Ton... Eu tô com fome! — digo rindo.

— Eu também, mas a casa tá chegando... — ele cochicha de volta. Só quando pisamos no gramado da frente da casa a tensão dos ombros de Antonie some.

— Sem barulho! — ele diz arrastado, cochichando com o dedo sobre os lábios.

— Por que barulho? — pergunto no mesmo tom.

— Não sei, mas fica quieta.

— Tá bom.

Fomos para os fundos da casa, onde há uma porta de vidro que liga o quintal à sala. Com certeza já era de manhã, o céu estava claro e isso me deixava atordoada. Entramos no maior silêncio, ou era o que achávamos.

— Ai, que susto, porra, parece uma assombração! — grito.

Lucky está sentado no sofá, nos encarando feito uma mãe que ficou a noite inteira acordada esperando os filhos voltarem para casa. Não que eu saiba o que é isso; afinal, Dominique não ligava muito se eu estava viva ou morta. Ele se levanta com a cara amarrada e vai até Antonie.

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