Hoje completam seis meses que comecei a treinar Ayla para tiro. Diferente do comum, ela sequer levou uma semana para aprender a manusear uma pistola 9mm com precisão e perfeição fora do normal.
Nem mesmo eu, em todos os meus anos, consegui chegar em tal patamar. É assustador o quão boa ela é com qualquer arma. Tudo que ela precisa é aprender como montá-la e desmontá-la e como funciona.
Ela realmente é melhor do que eu imaginava. Estou apoiado em um carro enferrujado no campo de tiro que montei para Ayla treinar tiro tático.
Coloquei dois dos meus melhores atiradores para ela usar de alvo vivo no terreno. Para o bem deles, troquei as balas dela por balas de chumbo.
Solto uma risada nasal involuntária ao imaginar eles sendo caçados por uma pessoa que até meses atrás sequer sabia pegar em uma arma.
— Saiam do campo — anuncio pelo walkie-talkie que apenas os dois atiradores tinham.
Pego um fuzil que estava apoiado no carro e desço o barranco até o campo. Espero atrás de uma pilha de barris até meu walkie-talkie ser ligado novamente. “Estamos fora, senhor.”
Posiciono o fuzil e adentro o campo de tiro. O campo de tiro estava mergulhado em um silêncio tenso, interrompido apenas pelo sussurro do vento que passava pelas árvores.
Eu me movia cautelosamente entre os obstáculos, cada passo meticulosamente calculado. O som da minha própria respiração parecia ensurdecedor no contraste com a quietude que me rodeava. Sabia que Ayla se tornara uma jogadora astuta e imprevisível.
Avancei para uma posição elevada, tentando obter uma visão clara do campo. Meu foco estava no horizonte, nas áreas onde eu imaginava que Ayla pudesse estar. Minhas mãos estavam firmes no controle da arma. A sensação de controle e a confiança que eu tinha estavam me distraindo do perigo iminente.
Enquanto eu monitorava o horizonte, um som de alguma ave batendo entre as folhas das árvores me fez sentir uma leve inquietação. Mas a necessidade de manter a vigilância sobre o campo me fez ignorar o instinto que estava tentando me alertar.
O sol do entardecer filtrava através das árvores, criando padrões de luz e sombra que confundiam minha visão.
A noite caiu rapidamente, envolvendo o campo em um manto de escuridão. A visibilidade estava severamente comprometida, e eu me vi forçado a confiar em meus outros sentidos.
O campo, antes tão familiar, agora parecia um labirinto de sombras e silhuetas indistintas, criando uma atmosfera de suspense quase palpável.
Ficar parado só facilitaria minha localização. Desço da plataforma de madeira em cima da árvore.
Eu me movia com mais cuidado agora, cada passo sendo uma tentativa de não fazer barulho. Ouvi o som de folhas se movendo e o estalo de galhos quebrando à distância. A escuridão parecia intensificar a minha concentração, e eu me forçava a manter o foco.
A frustração de não encontrá-la era evidente, e a noite parecia se estender eternamente, com cada som e cada movimento alimentando a sensação de estar sendo constantemente observado.
A sensação de estar sozinho e no controle foi rapidamente substituída por um frio que percorreu minha espinha. Senti um leve movimento no ar e, antes que pudesse reagir, ouvi o som do disparo.
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Secrets and Lies
RomanceAyla descobre que sua vida foi uma mentira após a morte de sua mãe. Seu pai está desaparecido, e tudo que a resta é o irmão mais velho, Antonie. Lucky era amigo de Antonie desde a infância. Mas após sumir por anos, Lucky se envolve com assuntos per...