Me sento na poltrona vendo a cidade ganhar vida quando o sol se esconde. Vejo as luzes dos infinitos prédios de Chicago se acenderem enquanto fumo meu cigarro e bebo meu whisky calmamente.
Meu celular vibra em cima da mesa de centro do quarto de hotel, e vejo o nome de Marvy brilhar na tela. Olho para meu relógio de pulso conferindo a hora: já são quase 21h. Meu encontro com Aaron será em uma hora.
Mantenho-me sentado, observando pela janela do chão ao teto, vendo os carros lá embaixo na rua. Essa agitação de Chicago estranhamente me traz uma sensação de familiaridade.
Nos últimos três dias, os relatórios de Roy chegaram até mim com normalidade. A única coisa estranha foi numa noite em que o idiota do Antonie deixou a casa sozinho. Naquela madrugada, houve uma movimentação incomum no quintal.
Mandei Roy revirar a propriedade até o último centímetro à procura de alguém, mas não encontrou nada. Talvez fosse algum gato ou algo do tipo. Ainda assim, algo me diz que há algo errado.
Talvez seja minha excitação pelo jantar de hoje falando mais alto. O celular vibra novamente, me arrancando dos meus pensamentos. Atendo a chamada rapidamente.
— Marvy.
— O jantar é em uma hora. Por que, caralho, suspendeu todos que ficaram de guarda-costas? Ficou maluco de vez? Quer um tiro alojado no crânio ou o quê?
— O assunto que tenho para resolver com Aaron não diz respeito a ninguém. O chefe mandou. — Minto.
— Porra, vocês enlouqueceram. E se for uma armadilha?
— Ele não vai me matar.
— Como tem certeza? Você sabe o quanto sua cabeça vale e...
— Estou saindo para o jantar. Acho melhor não ter nenhum dos meus homens lá. Caso contrário, quem vai ter uma bala alojada no crânio vai ser você.
Desligo a chamada, vou até a cama do quarto e pego o paletó do meu terno, ajustando-o no corpo. Antes de sair, dou um gole no whisky e pego o celular.
Saio do elevador, deixando o luxuoso saguão do hotel para trás. Faço um sinal para o manobrista, que logo surge com minha Lamborghini e entrega as chaves.
Dirijo pelas ruas movimentadas até chegar ao luxuoso restaurante. Vejo pelo menos dois homens de Aaron a postos na entrada do restaurante. Entrego as chaves ao manobrista, ajeito meu paletó e entro no restaurante.
A recepcionista parece nervosa e agitada ao me ver. Ela me cumprimenta e me guia até a mesa onde vejo o homem de meia-idade, magro e com cabelos negros, fumando um charuto.
— Rio! — Aaron se levanta com os braços abertos.
— Aaron.
Aperto sua mão e me sento. Aaron faz um sinal para que ninguém nos interrompa e logo os homens que o acompanhavam se retiram.
— Muito bem. Vamos direto ao assunto. O que quer com a casa de leilões Imperium?
— Sabe, tinha um homem me seguindo. — O encaro enquanto um garçom nervoso me serve uma dose de whisky.
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Secrets and Lies
RomansaAyla descobre que sua vida foi uma mentira após a morte de sua mãe. Seu pai está desaparecido, e tudo que a resta é o irmão mais velho, Antonie. Lucky era amigo de Antonie desde a infância. Mas após sumir por anos, Lucky se envolve com assuntos per...