Capítulo 11 | Emoção do asfalto.

9 1 0
                                    

Estou no quarto deitada no chão, encarando o teto e brincando com meus dedos, quando novas batidas na porta podem ser ouvidas. Desta vez, quem entra no quarto é Antonie.

— Vamos para a rua? — Ele começa a andar em minha direção, sacudindo as mãos. Me sento no chão, cruzando as pernas.

— Agora? — Digo com preguiça, parecendo mais uma criança fazendo pirraça.

— É, tem um lance aí hoje, e eu quero participar... nem que seja só para olhar.

— Mas é agora? — Insisto.

— Mais tarde, na real...

— Então não precisamos ir agora. — Me jogo para trás, deitando novamente com os braços sobre a cabeça.

— Vamos, Ayla. R.U.A. — Ele me puxa pelo braço, forçando-me a ficar de pé. — Agora vai se trocar. Depois saímos. E se arruma normal, tá? Não estamos mais em Veneza. — Ele sai do quarto, jogando-me uma piscadela.

Me arrumo com um top de alças finas preto e uma calça moletom também preta, e um Air Jordan preto e branco. Para tampar mais minhas costas, pego uma camisa de botão quadriculada azul e vou atrás de Antonie.

— o que você quis dizer com normal? Eu estou normal? — Dou uma volta em meu próprio eixo para que Antonie veja a roupa.

— Tá vestida que nem gente.

— Como assim, peste?!

— Sei lá, em Veneza até para dormir parecia que você estava indo a um baile. Como se você estivesse o tempo todo arrumada para um evento super importante que poderia acontecer a qualquer momento.

— Mentira! Eu não ficava arrumada no campus!

— Tem razão. Era o único lugar onde você transparecia o bicho que você é.

— Otário! — Dou um tapa em seu ombro enquanto ele pede o carro. Ele chega e subimos, indo para o destino.

— Onde vamos, Ton?

— No centro. Você vai conseguir comprar o que quiser.

— Por mim tudo bem.

[...]

Chegamos a um espaço movimentado e animado, com várias músicas tocando e se misturando ao som da multidão. Se não tomasse cuidado, seria arrastada pela maré de pessoas.

Não tinha absolutamente nada em mente além de comprar tinta para o meu cabelo. Tirar esse loiro de mim vai ser um alívio. Mas, ao passar por uma rua um pouco menos movimentada, me deparo com uma loja de eletrônicos e sinto a falta avassaladora de um fone de ouvido. Entro na loja tão rápido que nem percebo que Antonie sequer está comigo mais.

Analiso as opções e pego um fone bluetooth preto comum. Quando estou finalizando a compra, olho em volta e vejo uma coisa que eu queria há tempos, mas Dominique e Simmon nunca deixariam eu ter. Coloco junto com o fone.

Olho para o lado e não encontro Ton. Puxo o celular e tento ligar para ele, mas sequer a chamada é completada. Saio da loja em busca de sinal, ainda tentando ligar para ele. Sinto duas mãos em meus ombros e me viro rapidamente, vendo Antonie.

Secrets and Lies Onde histórias criam vida. Descubra agora