Já era noite quando finalmente tomei coragem para mostrar uma das minhas feridas mais profundas ao meu irmão. Fui até a sala de jogos, onde o encontrei sentado em um dos puffs jogando um jogo de carro.
Me joguei ao seu lado, puxando o controle do console e fazendo o jogo pausar. Fui recebida com um xingamento e logo em seguida com um leve chute nas pernas.
— Antonie, lembra daquele dia em que eu passei mal?
— Ay, se você não quiser falar agora, tudo bem.
— Não. Passei os últimos quatro dias pensando a respeito. E não diz respeito apenas a mim, mas a você também. Você merece saber. Além disso, acho que vai me fazer bem contar para alguém.
— Tudo bem. Mas se você não quiser...
— Cala a boca e escuta, pode ser? — Ele concorda com a cabeça, compreensivo.
— Ok... — Respiro fundo. — Você não é trouxa. Sabe que, quando éramos mais novos, eu era apaixonada pelo Lucky e...
— Vocês não dormiram juntos, né?!
— Cala a boca, Antonie!
— Desculpe.
— Enfim... Naquela época, nós ficávamos de vez em quando, e isso virou um tipo de namorico escondido. Há quatro anos, alguns dias depois daquela maldita festa para me apresentar ao meu "futuro noivo" — Faço aspas no ar, revirando os olhos. — Eu tive o pior e melhor choque de realidade da minha vida.
— Eu estava passando...
Ouvimos um barulho de algo se quebrando, e eu e Antonie levantamos na mesma hora.
Vimos uma movimentação na garagem da casa, e Antonie fez um sinal para que eu ficasse dentro do salão de jogos. Quando Antonie pôs o pé para fora da sala, o som de um tiro veio até mim, me fazendo abaixar e cobrir a cabeça, olhando assustada na direção de Antonie, que também estava abaixado.
Logo em seguida, outro tiro foi ouvido e mais um. Antonie fez um sinal para que eu ficasse em silêncio, colocando o indicador na frente dos lábios.
Ele pôs a cabeça para fora da porta e voltou rapidamente. Fez um sinal para que eu me aproximasse e, assim que o fiz, ele começou a sussurrar.
— Tem alguém na casa. Devem ser só alguns ladrões. Você está com o celular?
Balanço a cabeça negando.
— Então você vai dar a volta pela garagem e vai sair daqui, entendeu?
— Não! Tá maluco?
— Você vai chamar a polícia e eu vou ficar aqui. Está tudo bem.
— Não está, não. Você não ouviu? Foram tiros. Eu vou repetir caso não tenha entendido: ti. ros. Essa pessoa está armada. Você vai junto comigo, Antonie.
— Tudo bem. Vem.
Ele puxou meu braço e atravessamos o jardim abaixados para não sermos vistos das janelas da casa. Quando chegamos na garagem, me deparei com um homem caído. O motorista de Lucky.
Quase soltei um grito ao ver a poça de sangue abaixo da cabeça dele e a marca clara de um tiro na testa. Coloquei as duas mãos na boca para abafar qualquer barulho que eu pudesse fazer.
— Antonie! Esse cara... Esse cara é amigo do Lucky. Já vi eles juntos algumas vezes...
Olhei para Antonie, encarando fixamente a arma ainda na mão do homem.
— Não!
— É nossa única chance. — Ele pegou a arma da mão do homem. Ouvimos barulhos na frente da casa sentido a garagem e, sem pensar, abri a porta que dava acesso da garagem para a cozinha. Antonie veio atrás de mim.
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Secrets and Lies
Roman d'amourAyla descobre que sua vida foi uma mentira após a morte de sua mãe. Seu pai está desaparecido, e tudo que a resta é o irmão mais velho, Antonie. Lucky era amigo de Antonie desde a infância. Mas após sumir por anos, Lucky se envolve com assuntos per...