Capítulo 25 | Desafiando o abismo

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15 Dias. 15 dias que estou presa em um mundo que eu sequer um dia sonhei em chegar perto.

No primeiro dia aqui, Isabella me cedeu um dos apartamentos de "suas garotas" — basicamente, é um pequeno edifício residencial que está caindo aos pedaços ao lado da casa noturna de onde todas as meninas que moram aqui trabalham, e Isabella é a dona, tanto do prédio, quanto do prédio.

Não vou negar que são garotas legais. No entanto, a única pessoa que deixo de fato me ver ou entrar no meu minúsculo apartamento é Isabella. Aqui dentro é ela quem cuida de todas as meninas, mas vê-la aqui uma ou duas vezes por dia me faz sentir uma pobre coitada que precisa de ajuda.

Ouso a campainha pela segunda vez no dia e me levanto do sofá, onde apodreci desde que cheguei aqui. Atendo à porta e me deparo, sem novidade, com Isabella. Saio do seu caminho voltando para o sofá e ela entra no apartamento.

— Precisa de alguma coisa, querida?

— Não. Obrigada.

— Tem comido? — Ela me olha.

— Não estou com fome.

— Não foi o que eu perguntei.

Ela se sentou no sofá, jogando minhas pernas para o lado e acariciando-as de leve.

— Sei que está triste, mas não pode apodrecer aqui.

— Não estou triste. — E, de fato, não estava. Não sentia absolutamente nada.

— Bem, se é o que você acredita... — Ela estala a boca. — Os capangas do Rio estão te esperando lá no bordel. Apareça dessa vez.

— Vou deixar eles aproveitarem. Depois pode suspende-los.

— Não. Vá tomar um banho. Estarei te esperando para descermos.

— Eu não vou, Isabella.

— É a segunda semana que os suspendo. Não vou fazer isso de novo. — Ela dá pequenas batidas rápidas em minha bunda a fim de me fazer levantar.

Talvez sair me faça sentir algo além desse tédio sufocante. Penso um pouco e me levanto, fazendo a mulher madura dar pequenos pulinhos ainda sentada.

Vou até o banheiro e tomo um banho rápido, sem muita enrolação. Coloco uma calça moletom cinza, uma blusa qualquer e um tênis, aparecendo novamente na sala. Isabella me encara de cima a baixo e paira sobre meu rosto com certo olhar de orgulho, ou talvez fosse pena. Quem sabe os dois. Odeio isso.

— Não me olha assim.

— Assim como? — Ela desvia o olhar, abrindo a porta.

Ela passa pela porta e eu vou atrás, mas travo antes de estar no corredor. Olho para meus pés presos no chão feito concreto e me autoamaldiçoo. Desde que pisei aqui dentro, não saí.

Respiro fundo, apertando os olhos e o punho. Finalmente dou um passo para frente, fechando a porta logo atrás de mim para não dar ouvidos à voz que grita mandando eu correr para dentro.

A sigo, descendo as escadas do segundo andar e saindo do prédio, entrando no bordel de Isabella ao lado. Abrindo as portas, deparo-me com um lugar iluminado em cores de azul e roxo piscando.

Pisco algumas vezes para me acostumar e então começo a olhar ao redor. Uma das meninas que moram ao meu lado passa por mim com os seios expostos e uma calcinha quase nula. Ela me cumprimenta com um aceno rápido e segue seu caminho.

Mais à frente, há um palco onde algumas garotas dançam striptease. Me perco olhando o quão fortes elas são para aguentarem o próprio peso suspenso daquele jeito e ainda manterem um sorriso sensual no rosto.

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