— Lucky! — Levanto-me tão rápido que o banco em que estava sentada cai no chão atrás de mim.
Vou correndo de encontro a Lucky, que caiu no chão, sentado e apoiado na parede. Seguro seu rosto, sacudindo-o levemente.
Ele está machucado; tem um corte na sobrancelha perto do seu piercing e outro nos lábios, além de um olho roxo e uma parte da maçã do rosto inchada. Está coberto de sangue que mancha sua camisa branca suja de terra ou algo assim.
Sinto minhas mãos tremerem, meus pensamentos embaralham um em cima do outro. Lucky nem está muito consciente. Faço uma pausa rápida para me acalmar e socorrer o homem de cabelos cinzas à minha frente.
Fecho a porta da entrada, que ainda se encontrava aberta, e volto minha atenção ao homem estirado no chão.
— Lucky! O que aconteceu? — Coloco minhas mãos em seu rosto, sacudindo-o para acordá-lo.
— Ei! Me escuta, você não pode dormir, entendeu? — Ele pisca lentamente, concordando com a cabeça. — Ótimo.
— Vem, Lucky. Levanta. — Passo minha cabeça por debaixo de um de seus braços enquanto seguro na altura de suas costelas.
Ele faz um esforço para se levantar e, quando fica em pé, quase caio com seu peso que veio quase todo sobre meus ombros.
Arrasto-o com dificuldade até seu quarto e o deito na cama. Deixo-o sozinho no quarto enquanto busco algo para tratar seus machucados no banheiro social. Encontro uma pequena caixa de primeiros socorros e volto rapidamente.
Sento ao seu lado, vendo-o se esforçar para ficar acordado. Abro a caixa, pego soro e uma gaze para limpar os machucados.
— Você bateu a cabeça?
— Bastante...
— Porra, Lucky, o que aconteceu?
Ele desvia o olhar, evitando minha pergunta. Passo a gaze no corte de sua boca e ele recua instintivamente. Alivio a pressão que estava fazendo com a gaze e continuo limpando seus machucados. Quando termino de limpar, olho os cortes em sua boca e sobrancelha.
— Acho que o da sobrancelha vai precisar de ponto. Vamos para o hospital. Sorte a sua que o piercing não rasgou o resto! — Levanto-me, recolhendo as coisas, e Lucky segura meu pulso.
— Não piso em hospitais. — Ele diz com dificuldade.
— Sua sobrancelha vai ficar aberta? E você disse que bateu a cabeça. Você pode...
— Não. — Ele soa autoritário e firme, me interrompendo. Respiro fundo e me sento novamente.
Pego um esparadrapo e começo a cortar em pequenos pedaços para tentar proteger o corte na sobrancelha. Ele me observa com os olhos atentos, apesar de um estar inchado e quase não se abrir.
Coloco os três pedaços cobrindo o corte. Seus olhos estudam meu rosto, como uma criança observa algo que despertou sua curiosidade.
Noto seu braço dobrado sobre o corpo dele, protegendo algo. Levanto sua blusa e vejo um roxo enorme em sua costela.
— Meu Deus... Você consegue respirar direito? Acha que quebrou?
— Sim. Não.
Levanto-me e vou até seu guarda-roupa. Me sinto como se estivesse em um armário de desenho animado. Todas as roupas eram iguais, mudando somente as cores, com pelo menos três de cada cor, exatamente iguais.
Pego uma das blusas pretas e uma das duas calças moletom brancas iguais dobradas logo abaixo da prateleira de blusas.
Sento na cama, terminando de tirar sua blusa para colocar a limpa e o ajudando a tirar a calça jeans suja. Pego um remédio para dor na caixa e o entrego assim que termino.
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Secrets and Lies
RomanceAyla descobre que sua vida foi uma mentira após a morte de sua mãe. Seu pai está desaparecido, e tudo que a resta é o irmão mais velho, Antonie. Lucky era amigo de Antonie desde a infância. Mas após sumir por anos, Lucky se envolve com assuntos per...