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Já era tarde da noite quando decidiram voltar para casa, a despedida fora demorada decido aos abraços de Vassa e Gwyn e a rainha a convidou para ir até às Terras Humanas visitá-la mais vezes, afinal, ter alguém inteligente para conversar era bom, segundo ela.

Azriel carregava Gwyn nos braços quando surgiu no ar acima da Casa do Vento, ele pousou no terraço e logo colocou a sacerdotisa no chão, ela logo se afastou como se a proximidade fosse perigosa demais.

— Isso foi demais! — exclamou contente e indo até o parapeito do terraço. A fêmea inclinou o corpo para frente se segurando.

Azriel olhava para ela, para a luz que contornava a silhueta de Gwyn, as luzes vindas de Velaris abaixo da montanha.

— Eu disse que seria bom — disse indo até ela e parando ao lado dela. Olhou para a face de Gwyn, para os olhos que brilhavam como duas gemas preciosas, como o próprio mar.

— Você é muito convencido — disse virando o rosto para ele.

Azriel ficou em silêncio a olhando, ele tinha noção de que Gwyn era uma fêmea bonita, não era cego, mas naquele momento, com aquela felicidade, com as luzes da cidade refletindo no rosto dela... Ele não se lembrava de ver alguém com uma beleza assim, além de Morrigan.

— Você vai para lá quando de novo? — perguntou.

— Não sei, geralmente não vou, foi um pedido de Rhysand — respondeu colocando as mãos sobre o parapeito.

— Ah... Que pena — disse ela fazendo um pequeno bico com os lábios. — Eu realmente gostei da Vassa... Ela parece ser muito sozinha, sabe?

— Julgando pelas companhias dela, é de se esperar — respondeu ele e Gwyn franziu as sobrancelhas de leve.

Encarava o rosto dele como se estivesse tentando desvenda-lo.

— Lucien é parceiro de Elain — ela disse. — E você quer ela, não é?

Azriel ergueu as sobrancelhas com a pergunta.

— Isso é meio óbvio — ela deu uma risada baixa. — E entendo, ela é linda, é irmã das suas duas cunhadas, até que faz sentindo.

— Acha mesmo?

— Se fossemos nós que escolhessemos laços de parceria e o destino, sim, faria — retornou o olhar para Velaris, para as montanhas que cercavam a cidade. — Mas não é assim que funciona. Nestha contou o que aconteceu quando ela e Elain foram feitas... Se o laço deles aconteceu assim, se foi tão rápido e tão traumático, era por que tinha que ser, por que a Mãe e o Caldeirão quiseram assim.

— E se estiverem errados?

— Não estão — respondeu com firmeza. — Acha mesmo que o que criou todo esse mundo cometeria um erro de algo tão simples? As almas deles estar entrelaçadas desde quando Elain era humana, assim como foi com Nestha e Cassian. Eram um do outro desde o primeiro momento em que se viram e eles sabiam daquilo.

Azriel engoliu em seco e voltou alguns anos atrás se lembrando da primeira vez que viu Elain. Ele tinha achado ela uma humana linda, sem dúvidas, o anel de casamento no dedo dela deixava claro que não estava disponível, claro que a parte de macho pensou muitas coisas, mas não que... Que ela fosse dele.

— É... Até que faz sentindo — ele disse e ela gargalhou.

— Faz total sentindo! — disse o olhando. — E sabe, se fosse eu no lugar dela, teria aceitado a parceria de primeira.

O encantador de sombras arqueou uma sobrancelha, suas sombras estavam empoleiradas nos ombros parecendo que olhavam de forma curiosa para Gwyn, com total interesse nas próximas falas da sacerdotisa.

Corte de Adagas e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora