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Gwyneth Berdara dormia tão profundamente que sentia o corpo praticamente sem peso algum, era um estado de paz de espírito que fazia tempos que não sentia. Ela se moveu lentamente na cama e escutou um resmungo grave atrás de si e perto da orelha.

Abriu os olhos azul-mar lentamente, notou que estava com a cabeça deitada sobre um braço grande, musculoso e de pele bronzeada e outro estava passado por sua cintura.

Gwyn deu um pequeno sorriso preguiçoso e se aconchegou no calor dele, até notar que estava dormindo na cama e nos braços de Azriel, o que a fez arregalar os olhos ao notar o tempo que havia dormido.

— Droga! — exclamou baixinho e o olhou por cima do ombro.

Azriel dormia profundamente, sereno, respirava com calma, o rosto bonito relaxado e leve, os cabelos negros saindo sobre a testa. As primeiras cores do alvorecer apareciam no céu do lado de fora das enormes janelas do quarto dele.

A sacerdotisa deu um sorriso pequeno e devagarinho se virou para ele.

— Azriel — ela chamou baixinho e ele apenas resmungou e a apertou contra si. — Acorda, já está amanhecendo.

Azriel abriu apenas um olho para espia-la.

— E qual o problema? — a mão que estava passada por debaixo de Gwyn fora até às costas nuas dela, os dedos traçando devagarinho a depressão na da coluna.

— Eu preciso ir antes que o restante acorde — disse e Azriel arqueou uma sobrancelha. — Não podem saber que passei a noite aqui.

Azriel resmungou novamente, a voz grave e se moveu na cama se sentando fazendo com que Gwyn se sentasse também sobre os próprios joelhos.

Os cabelos longos e acobreados da fêmea estavam bagunçados, parte caia sobre o peito e a outra sobre as costas, as sombras se enrolaram nos braços dela, dançando em volta da sacerdotisa e o encantador de sombras a olhou, ele sorriu pequeno e soltou o ar pelo nariz como num riso.

— O que foi? — perguntou ela começando a olhar para os lados em busca da calcinha que devia estar enroscada em algum lugar.

— Nada demais — disse Azriel se inclinando até ela. — Só estou te admirando.

Ele deu um beijo sobre a clavícula de Gwyn que fechou os olhos com o toque quente e úmido dos lábios dele.

— Pode admirar depois? — perguntou quando os braços dele a envolveram.

— Não vai ser a mesma coisa — ele disse dando beijos pelo pescoço dela e Gwyn revirou os olhos.

— Azriel — ela disse colocando as mãos sobre o peito dele fazendo com que a olhasse. — Eu preciso mesmo ir...

— Eu sei — ele disse levando a mão ao rosto dela e colocando o cabelo ruivo da fêmea atrás da orelha pontuda dela.

— Então me ajuda a achar a minha calcinha! — ela o empurrou fazendo com que risse e começou a tatear a cama. — Estou falando sério!

— Pode ir sem a calcinha, quem por acaso vai verificar se está vestindo uma ou não? — ele disse e Gwyn o olhou erguendo as sobrancelhas.

Ela pensou um pouco e fez um bico com a boca.

— É, tem razão — disse agora olhando em volta, achou a camisola de Nestha e o roupão jogados no chão ao lado da cama.

Ela se levantou e Azriel acompanhava seus movimentos com o olhar, as sombras também cuidado de cada passo dela.

— Você consegue esconder o cheiro? — perguntou ela e Azriel arqueou a sobrancelha.

— Sim, e você?

Ela o olhou enquanto vestia a camisola.

— Sim, claro — se abaixou para pegar o roupão e depois de colocá-lo e amarra-lo, eles dois se olharam ficando um silêncio no mínimo perturbador entre eles.

— Então... Te vejo no café da manhã? — perguntou ela.

— Sim — respondeu ele e Gwyn assentiu com a cabeça.

Ela ia saindo do quarto quando parou perto da porta, não deveria, como a maioria das coisas que estavam acontecendo recentemente entre ela e o encantador de sombras, mas se virou de volta para ele e andou até a cama, pulou sobre ele fazendo Azriel abrir um sorriso largo antes de receber o beijo afobado dela.

— Que isso fique entre nós — ela disse entre o beijo.

— Pode deixar — Azriel disse dando um selinho final e Gwyn finalmente saiu da cama e correu para a porta do quarto.

Ela nunca achou que correria tão rápido para o quarto onde estava hospedada, assim que chegou lá se trancou e ficou parada alguns minutos, mãos na cintura, mordia o lábio inferior, ainda não tinha caído a fixa de que havia de fato feito sexo, e ainda por cima com Azriel, e com forme ia se realizando um pequeno sorriso ia se formando em seus lábios.

Gwyn não teve medo, não teve gatilhos, não teve lembranças ruins, apenas se entregou e focou nele, apenas nele e no prazer que ele a estava dando, e Gwyn tinha que admitir que ao beija-lo pela última vez estava tentada a uma segunda vez, mas tinha que se colocar no lugar dela, fora apenas uma noite, apenas uma vez, e não esperava que acontecesse de novo.

Corte de Adagas e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora