Lucien havia contato a Gwyn que era pai dela e Azriel não achou que a notícia iria abalar tanto a amada quanto realmente estava vendo. Desde o dia em que fora buscá-la e soube, a sacerdotisa estava diferente, mais avoada, quieta, quase não comia e não apresentava vontade alguma de fazer sexo, nem mesmo fazia as brincadeiras que geralmente os levava para a cama e aquela situação o estava deixando preocupado, tanto que estava agora nas Terras Humanas sentado junto de Lucien na sala de estar da mansão onde o macho vivia com Vassa e Jurian.
— Eu não sei o que dizer... — disse Lucien. — Eu não achei que ela teria uma reação tão ruim...
— Não diria que é uma reação ruim, mas sim choque — explicou Azriel. — Conheço a minha fêmea, eu sei que ela está feliz de alguma forma.
Ao falar minha fêmea, Lucien o olhou franzindo as sobrancelhas. Bom, além de toda a situação, agora o macho tinha que lidar com a de que Azriel iria de casar com a filha recém descoberta... Justo Azriel.
— Eu não sei o que posso fazer — Lucien respirou fundo. — Tenho receio de tentar me aproximar e piorar a situação. Sinto que parece algo que ela tem de decidir... Prefiro esperar que ela esteja pronta.
Igual está fazendo com Elain.
Foi o que Azriel pensou e adoraria falar em voz alta, mas não queria deixar as coisas piores.
Azriel olhou com atenção para Lucien, as sombras o acompanhando.
— Você vai reconhecê-las? — a pergunta saiu sem ele nem mesmo ensaiar na mente e Lucien ergueu as sobrancelhas.
— Se vou? Mas é claro que sim, Gwyn e Catrin são minhas filhas, mesmo não sendo fruto de uma união estável.
Uma sensação de alívio preencheu o peito de Azriel, ao menos Lucien não seria um maldito covarde como foi seu pai.
— Bom, quando Gwyn estiver melhor eu encontro em contato — disse Azriel por fim.
Com um aceno de cabeça Lucien se despediu e o mestre-espião pode ir para sua próxima missão e mais a noite estaria enfim em casa.
***
Azriel chegou já tarde da noite e pousou na varada do apartamento dele e de Gwyn, nas mãos ele tinha uma caixa de veludo preta retangular, achou que seria bom dar um presente para ver se sua amada ficasse mais animada.
Entrou pela porta que saía para a varanda e logo viu Gwyn sentada no sofá, estava com as pernas encolhidas contra o corpo e abraçava os joelhos enquanto olhava para o fogo crepitante da lareira. Ela usava uma túnica branca de Azriel, deitada ao lado dela estava a Luna, a gata filhote que estava deitada de barriga para cima numa posição dramática.
O encantador de sombras se aproximou devagar do sofá parando atrás desse e se inclinou dando um beijo na têmpora da amada que apenas suspirou profundamente fechando os olhos. Azriel se afastou e passou a mão na cabeça dela enrolando algumas mechas nos dedos e se afastou indo para o banheiro, deixou a caixa de veludo em cima de uma aparador de sala e fora tomar seu banho.
Depois de limpo e relaxado, ele se trocou colocando roupas confortáveis, as sombras preocupadas sempre em volta de Gwyn cuidando dela enquanto ele estava distraído. Azriel pegou a caixa do presente e fora até o sofá dando a volta nesse, pegou Luna com uma mão e se sentou ao lado de Gwyn colocando a gata em seu colo.
Ele passou o braço pelos ombros de Gwyn a puxando para si e a sacerdotisa logo respirou mais aliviada se aconchegando contra o corpo de Azriel que levou a mão às pernas dela as puxando para o colo. Luna não gostou muito e logo pulou para o sofá onde as sombras começaram a importuna-la brincando com a bichana.
Uma mão de Gwyn repousou sobre o abdômen de Azriel enquanto a outra o abraçava, a cabeça contra o peito dele que enrolava mechas do cabelo longo dela entre os dedos e a outra mão acariciava sua coxa.
— Fui falar com Lucien — ele disse recebendo apenas silêncio da amada. — Ele está preocupado, mas não sabe se vem até você... Acha melhor você ir até ele.
Gwyn assentiu apenas uma vez com a cabeça.
— Eu não sei dizer o que você está passando, amor, mas eu quero que saiba que vamos conseguir passar por isso juntos — continuou. — Eu amo você.
A sentiu tremer contra si e ela o abraçou com mais força, escutou o choro baixo e tímido dela enquanto escondia o rosto contra o peito dele.
— Eu só queria que tivesse sido diferente — disse com a voz abafada. — Eu só queria... Que eu e a minha irmã pudesse ter nosso pai juntas. Eu só queria isso.
A dor dela pareceu passar para Azriel, ele sentiu na pele aquela falta, aquele angústia e por muito pouco nao chorou junto de Gwyn.
— Eu sei, meu amor, mas infelizmente não foi assim e agora... Agora você tem ele... E eu sei que ele também preferiria ser pai de você duas, mas não foi assim que o Destino e a Mãe quiseram.
— Eu sei, mas não faz doer menos — fungou limpando o nariz nas costas da mão e respirou mais aliviada. — O que é isso?
Se referiu à caixa de veludo deixada no sofá ao lado de Luna.
— Nada demais — disse Azriel pegando o objeto retangular. — Apenas uma coisa para tentar te animar.
— Você não existe — disse ela rindo ainda em meio às lágrimas e pegando a caixinha da mão dele.
Ela limpou o rosto antes de abrir e assim que viu a garganta de prata com as pequeninas estrelas de diamante sorriu da maneira mais doce que Azriel já vira.
— É linda...
— Você pode usar no dia do nosso casamento — disse ele e ela o olhou com aqueles olhos grande e azuis que pareciam o mar raso.
— Eu com toda certeza vou — levou a mão ao rosto dele e o deu um beijo breve. — Eu te amo.
Sussurrou e Azriel fechou os olhos aproveitando a sensação deliciosa que era ouvir aquelas palavras, ainda mais ditas pela voz de sua amada.
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Corte de Adagas e Sombras
Fiksi PenggemarFanfic da série de livros pertencente a Sarah. J. Maas com foco no casal Azriel e Gwyn. 🌌 Gwyn é uma sacerdotis, Valquíria da Corte Noturna e Carynthian que vive na Biblioteca abaixo da Casa do Vento em Velaris. Azriel é um encantador de sombras...