03

445 45 28
                                        

Azriel estava sentado em uma cadeira à mesa do escritório de Rhysand, em frente a ele emoldurada em uma bela margem de madeira entalhada estava a pintura de Feyre que parecia olhar para ele, às vezes achava aquilo assustador.

— Ah, você chegou — disse Rhysand entrando no escritório e Azriel o olhou. — Vou precisar de você.

— Eu imaginava — respondeu o mestre-espião. — Qual é o caso?

— Apenas ir até às Terras Humanas para uma reunião com Vassa e Jurian.

— E o caolho?

— Lucien? — assentiu com a cabeça. — Ele já está lá.

Azriel deu um longo suspiro, odiava ir até às Terras Humanas e odiava ficar na presença do Vanserra mais novo.

— Certo, parto assim que possível — respondeu se levantando.

— Antes que eu me esqueça — disse Rhysand fazendo com que o olhasse.

O irmão pegou de cima da mesa robusta um envelope lacrado, a cera que o mantinha fechado era azul turqueza com detalhes em dourado e a brasão estampado eram dois cavalos marinhos ladeando um tridente. O símbolo da Corte Estival.

— Pode entregar para Gwyn? — perguntou Rhysand estendendo a carta e Azriel ergueu as sobrancelhas entregando a testa.

Ele olhou para o papel, para a bela letra cursiva que tinha escrito Para Gwyneth Berdara.

— Uma carta para Gwyn? — perguntou levando depois dedos cobertos de cicatrizes até o envelope o pegando entre eles e depois segurou o objeto com ambas as mãos. — Quem mandaria uma carta para ela?

Rhysand soltou um breve riso nasalado se sentando na exuberante cadeira atrás de si.

— Pelo visto Tarquin — disse ele e os olhos avelã de Azriel se ergueram o fitando. — Durante a festa ele me perguntou sobre ela, eu disse quem era, o que ela fazia... Onde ela vivia... E ele pareceu interessado.

Azriel engoliu em seco, era como se sua garganta estivesse fechando.

— Ele sequer a conhece.

— Mas quer conhecer — Rhys apontou com o queixo para a carta. — A prova está em suas mãos.

Os dedos de Azriel pareciam sentir uma grande necessidade de amassar aquela carta. Gwyn mal havia estado fora da Biblioteca e um macho já estava sendo incoveniente a enviando uma carta sem nem conhecê-la.

— Ok, irei entregar — disse o encantador de sombras.

Ele se retirou do escritório e caminhava pelo largo e extenso corredor quando viu Elain indo em sua direção. Seus olhos pairaram sobre a fêmea que não o olhava, mantinha o olhar para o chão e cabeça baixa e quando passou por ele sequer o cumprimentou e Azriel pensava que talvez merecesse a frieza depois de ela ver o colar no pescoço de Gwyn.

***
Pousou no ringue de treino onde as sacersoditas já se recolhiam para dentro, apenas Gwyn e Emerie estavam ali fora arrumando o local. Azriel olhou para a ruiva que sorria largo enquanto conversava com Emerie, o rosto corado e reluzindo de suor, os cabelos presos numa tranca tinham mechas soltas e algumas grudavam em sua pele suada na região do rosto e pescoço.

Azriel trincou os dentes com força e olhou para a carta que segurava na mão direita. Por alguma razão, ele sentia que aquela carta poderia ser algo ruim.

— Olha quem finalmente apareceu — disse Emerie segurando uma espada e Azriel as olhou.

Gwyn o olhou sorrindo sem mostrar os dentes, os olhos azul-mar tão claros naquela claridade que pareciam até vidro.

Corte de Adagas e SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora