Capítulo 51| Doce Assassina

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Damon Blackwood

Alyssa mantinha os olhos presos lá fora, observando a fina garoa que caía sobre o asfalto.

Volto a minha atenção para a faca em minhas mãos, polindo-a.

Era curta, mas precisa o suficiente, o cabo em perfeito tamanho que cabia na mão de Alyssa, e um pequeno pássaro cravado nele.

Termino, deixando-a brilhosa ao ponto de conseguir ver os meus próprios olhos pelo reflexo.

Deixo-a do lado da minha arma, cobrindo-as com um pequeno pano.

— Você está bem? — pronuncio, chamando a atenção dela.

Ela apenas assente com a cabeça, mas sei que está mentindo.

Já se foram três dias desde o dia em que fomos até a casa daquela vaca, e Alyssa parece ter entrado em um poço fundo demais para que eu conseguisse resgata-lá.

Ela não tem falado muito, parece estar apenas "existindo". E isso está começando a me preocupar.

Sei que ela está assim por conta das coisas que Abgail disse, e isso só me deixa ainda mais com raiva daquela desgraçada. Mas infelizmente, Alyssa é boa demais, e acha que Abgail já vive o seu inferno pessoal.

A minha vontade era de degolar aquela vadia, aquelas palavras cruéis conseguiram ferir até a mim.

Nunca soube o que era ter uma mãe de verdade, e cresci com esse ódio enraizado no meu ser, invejando as outras crianças que tinham suas mães, mas agora... Tudo o que sinto é que é melhor ter uma mãe morta, do que ter uma "mãe" igual a Abgail.

Meu pobre anjo nunca significou nada para aquela maldita, foi feita de moeda de troca... Era cruel demais.

Me sinto um idiota, vim tantas vezes a Los Angeles, fui tantas vezes em Laguna Beache, bebendo e fodendo pelos cantos da cidade, enquanto uma pobre menina sofria o pior tipo de inferno.

E ninguém conseguiu enxergar seu sofrimento, conseguiu salva-lá. Alyssa foi tão corajosa e sinto tanto orgulho dela por isso, gostaria que ela se visse da maneira que eu a vejo.

Sei que não é minha culpa, e eu não tinha como saber, mas me sinto um tonto agora. Passei tantos anos estando próximo de Alyssa, sem nem se sequer conhecê-la, gostaria que o destino tivesse nos aproximado antes, quem sabe assim eu poderia ter ajudado-a mais cedo?

Suspiro, sinto que estou carregando um fardo. Me sinto de mãos atadas, sem saber o que fazer para que ela volte a sorrir.

Vou até a janela, onde ela estava sentada, seus braços mantendo seus joelhos presos ao seu corpo, fazendo-a parecer pequena demais.

Me sento de frente a ela, e ponho minha mão em seu pescoço. Um fantasma de um sorriso passa rapidamente pelo seu rosto.

— Jane me ligou hoje mais cedo... Disse que tentou falar com você, mas você não a respondeu. —

Seus olhos opacos vagam até mim, fazendo meu coração ficar apertado.

— Não me sinto bem, não queria deixá-la preocupada... — ela responde, sua voz fraca.

Assinto que sim, voltando meus olhos lá pra fora, o sol já começava a se estender novamente, fazendo o céu ficar azul claro.

Apesar de não querer estender nossa estadia por aqui, vai ser impossível evitar que fiquemos mais dias.

Alyssa ainda está muito abalada pelas coisas que Abgail disse, e isso pode atrapalhar a nossa vingança.

Preciso que meu anjo descanse, e o seu lado feio tome de conta.

Hot as HellOnde histórias criam vida. Descubra agora