17 - Invasão

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Eu estava no dormitório da Sonserina, sozinha na escuridão da madrugada, me arrumando silenciosamente para ir até o escritório de Dumbledore. Aproveitando que ele estava fora de Hogwarts, esse parecia ser o momento perfeito para cumprir a tarefa imposta por meu pai. Meu coração batia acelerado, não só pela adrenalina da missão, mas também pelo medo de ser pega.

Os corredores estavam em um silêncio sepulcral enquanto eu caminhava. Cada passo meu ecoava nos corredores vazios, ampliando minha sensação de nervosismo. Mas eu tinha que continuar. Ao chegar ao escritório de Dumbledore, a porta se abriu sem resistência, como se estivesse me esperando.

Dentro do escritório, o único quadro que estava visível era o próprio Dumbledore, seus olhos parecendo me seguir a cada movimento. Eu sabia que tinha pouco tempo e comecei a procurar freneticamente pelo objeto que precisava encontrar. Quando não consegui achar nada, decidi tentar o feitiço Accio, na esperança de que o objeto viesse até mim.

- Accio objeto secreto! - murmurei, mas nada aconteceu. Nenhuma resposta ao meu chamado, apenas o silêncio que parecia zombar de minha tentativa frustrada.

Foi então que levei um susto com uma voz conhecida ecoando pelo escritório:

- Você é uma péssima mentirosa - Regulus estava parado na porta, observando-me com uma expressão indecifrável. Eu gelei, surpresa e frustrada por ter sido pega em flagrante, especialmente por ele. Como Regulus havia me encontrado? E, mais importante, o que ele faria agora?

Congelada no lugar, encarei Regulus, tentando esconder minha surpresa e frustração. Ele cruzou os braços, um sorriso sarcástico desenhando-se em seu rosto.

- Realmente, Anya, esperava mais de você. Uma péssima mentirosa e, aparentemente, também uma péssima ladra - provocou Regulus, aproximando-se com passos lentos e medidos. Eu respirei fundo, tentando manter a calma.

- Não estou aqui para roubar nada, Regulus. Estou apenas... investigando, - tentei explicar, sabendo que soava tão convincente quanto uma criança com a mão no pote de biscoitos.

- Ah, 'investigando' - ele repetiu, claramente divertindo-se à minha custa. - E por acaso a investigação envolve fazer feitiços Accio para objetos invisíveis? - Senti minhas bochechas esquentarem com a acusação.

- Não é da sua conta o que estou fazendo aqui - retruquei, tentando parecer mais confiante do que realmente estava. Regulus riu, um som baixo e divertido.

- Deveria ser, considerando que eu acabei de te pegar no ato. O que você acha que Dumbledore diria se soubesse que você está bisbilhotando o escritório dele no meio da noite? - Engoli em seco, sabendo que ele tinha razão.

- Por que você está aqui, Regulus? Veio apenas para me zombar ou tem algum motivo mais nobre? - Ele fez uma pausa, como se avaliasse suas palavras.

- Talvez eu esteja aqui para impedir que você faça uma grande besteira. Ou talvez só para garantir que você não esteja sozinha nessa... 'investigação'. - Não sabia o que dizer. Regulus sempre foi um enigma para mim, difícil de ler e ainda mais difícil de prever.

- E o que você sugere que façamos, então? - perguntei, meio desafiadora, meio curiosa. Com um sorriso astuto, Regulus deu de ombros.

- Acho que podemos começar procurando pelo objeto certo. E, dessa vez, sem Accios mal direcionados. - Apesar de sua provocação constante, senti um peso saindo dos meus ombros. Ter Regulus ao meu lado, mesmo que fosse apenas para compartilhar sarcasmos, de alguma forma me fazia sentir menos sozinha nessa loucura toda.

Ouvimos vozes nos corredores e Regulus me puxou para um armário que por sinal era extremamente apertado, eu mal conseguia respirar sem esbarrar em Regulus. O espaço era tão confinado que cada movimento meu fazia com que nossos corpos se pressionassem ainda mais, uma proximidade que me fazia corar mesmo na escuridão.

- Não se mexa - Regulus sussurrou, sua voz baixa quase tocando meu ouvido, fazendo meu coração acelerar por razões que eu não queria explorar naquele momento. - Você está me incomodando.

- Não tem como eu não me mexer, está apertado demais aqui! - Reclamei enquanto ele suspirava claramente sem paciência.

- foda-se, e eu estou ficando com um problema aqui, então pare de se mexer. - Engoli em seco, percebendo exatamente o porquê de ele ter dito aquilo. A proximidade forçada nos colocava em uma situação bastante.. apertada, especialmente considerando a tensão que sempre parecia nos cercar.

Antes que eu pudesse responder ou mesmo me ajustar para aliviar a tensão entre nós, vozes se aproximaram do escritório. Congelei, tentando fazer o mínimo de barulho possível enquanto ouvia as vozes de Snape e Lupin conversando.

- O espião está entre os professores, - disse Snape, sua voz inconfundível mesmo sussurrada. - Precisamos descobrir quem é antes que seja tarde demais.

- Concordo - respondeu Lupin, a preocupação evidente em sua voz. - Não podemos deixar que a situação saia do controle. Vamos continuar investigando discretamente.

O som de algo sendo colocado na mesa de Dumbledore foi seguido por um breve silêncio, e então os passos se afastaram, sinalizando que Snape e Lupin haviam deixado o escritório.

Esperei alguns momentos tensos, garantindo que eles realmente tinham ido embora, antes de ousar respirar um pouco mais livremente. Regulus e eu permanecemos no armário por mais alguns minutos, garantindo que ninguém mais apareceria.

Quando finalmente saímos do esconderijo, o alívio foi palpável. Olhei para Regulus, que parecia igualmente aliviado, mas também pensativo.

- Isso complica as coisas - ele murmurou, olhando para a direção em que Snape e Lupin haviam saído. - Um espião entre os professores... - Assenti, compartilhando de sua preocupação.

- Precisamos ser ainda mais cuidadosos agora. Seja lá quem for o espião, isso pode colocar todos nós em perigo.

Regulus concordou com um aceno, e por um momento, nossos olhares se encontraram, uma compreensão mútua nos unindo. Estávamos juntos nisso, independentemente das circunstâncias complicadas que nos cercavam.

A atmosfera tensa do escritório parecia ter se dissipado um pouco, mas ainda havia um peso no ar após a revelação de um possível espião entre os professores. Eu não sabia ao certo o que fazer com aquela informação, mas sentia que de alguma forma, ela se encaixava na complexa teia de mistérios e perigos que vinham assombrando Hogwarts.

Regulus quebrou o silêncio, sua expressão séria refletindo a gravidade da nossa situação.

- Precisamos ter cuidado com quem confiamos - disse ele, olhando ao redor do escritório como se esperasse encontrar o espião escondido nas sombras. - Qualquer movimento errado e podemos acabar revelando nossas próprias investigações para o inimigo.

Eu concordei, sentindo o peso da responsabilidade em meus ombros.

- Vamos precisar de um plano melhor. E talvez seja a hora de reunir mais aliados... discretamente, é claro. - Regulus assentiu, parecendo contemplar a ideia. Meu pensamento foi imediatamente para Hermione e os outros membros da Armada de Dumbledore. Eles tinham recursos e habilidades que poderiam ser inestimáveis, mas também corriam o risco de se tornarem alvos se envolvidos demais.

- Aliados são uma faca de dois gumes. Úteis, mas potencialmente perigosos se escolhidos incorretamente. Vamos precisar de critérios estritos para quem deixamos entrar.

- Concordo - eu respondi, pensativa. A situação exigia cautela, mas também ação. - Mas por agora, precisamos sair daqui antes que alguém nos descubra.

Com um último olhar ao redor do escritório para garantir que não deixamos nada fora do lugar, saímos cuidadosamente, assegurando que o caminho estava livre. O corredor estava silencioso, com apenas o som dos nossos passos ecoando suavemente.

- Vamos precisar conversar mais sobre isso - sussurrei para Regulus enquanto caminhávamos de volta aos nossos dormitórios. - E precisamos fazer isso logo.

- Sim - ele respondeu, igualmente baixo. - Vou pensar em um lugar seguro para nos encontrarmos. Algo me diz que as próximas semanas vão exigir o melhor de nós.

Eu só pude concordar, sentindo uma mistura de determinação e apreensão pelo que estava por vir. Independentemente dos desafios, eu sabia que não poderíamos desistir. Havia muito em jogo, não apenas para nós, mas para toda Hogwarts.

A Marca Negra - Theodore NottOnde histórias criam vida. Descubra agora