04 - Vítima

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Enquanto caminhávamos de volta à sala comunal da Sonserina, Theodore e eu trocávamos olhares, ambos claramente perturbados pelos sons que tínhamos ouvido na floresta proibida, sons que eram estranhamente familiares para nós dois.

- Você acha que poderia ser alguma criatura desconhecida? Ou talvez alguma magia antiga esquecida? - Theodore murmurou, sua voz um sussurro quase inaudível, como se temesse que falar mais alto pudesse trazer o desconhecido até nós. Antes que eu pudesse responder, Mattheo soltou uma risada baixa e zombeteira.

- Vocês dois estão parecendo dois primeiranistas assustados com histórias de fantasmas. Provavelmente era só o vento, ou algum animal selvagem. A floresta está cheia deles. - Eu lancei um olhar irritado para Mattheo, frustrada com sua incapacidade de levar a situação a sério.

- Não era só o vento, Mattheo. Havia algo mais... algo que não conseguimos explicar. Hagrid também parecia preocupado, e ele conhece a floresta melhor do que ninguém. - Mattheo revirou os olhos, claramente não convencido.

- Hagrid fica preocupado com qualquer coisinha. Ele provavelmente estava mais assustado do que nós. - Theodore, tentando manter a paz, interveio.

- Seja o que for, talvez seja melhor mantermos isso para nós por enquanto. Não precisamos começar um pânico por nada. Mas vamos ficar de olho aberto. Se houver algo lá fora, descobriremos o que é. - Eu engoli seco pois Hermione sabia também disso por eu ter pedido sua ajuda, mas me manti quieta e apenas assenti em acordo.

Ao nos afastarmos de Mattheo, cuja silhueta rapidamente se perdeu na escuridão dos corredores de Hogwarts, Theo e eu continuamos nossa caminhada em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos sobre a noite. A atmosfera do castelo à noite tinha algo de misterioso, com as sombras se movendo como se tivessem vida própria e o único som era o eco dos nossos passos nos corredores de pedra.

Foi então que, ao virarmos uma esquina, a cena diante de nós nos paralisou. No chão, iluminada pelo brilho fraco de uma tocha próxima, jazia uma aluna, imóvel, com vestes manchadas de vermelho vivo. O sangue ao redor dela formava uma poça perturbadora, contrastando agudamente com o pálido de sua pele.

Por um momento, Theo e eu ficamos sem reação, olhando fixamente para a cena chocante diante de nós. Meu coração batia tão forte que podia sentir em meus ouvidos, e uma onda de pânico me inundou.

- Theo... - eu consegui sussurrar, minha voz trêmula - o que... o que nós fazemos? - Theo, que normalmente tinha uma resposta para tudo, permanecia imóvel, seu rosto pálido sob a luz trêmula. Parecia tão apavorado quanto eu, incapaz de desviar o olhar da aluna caída. Por alguns segundos eternos, ficamos ali, congelados, até que o instinto de proteção superou o choque inicial.

- Vamos... vamos chamar ajuda - Theo finalmente disse, sua voz quase inaudível. Ele olhou ao redor, como se esperasse que o agressor saltasse das sombras a qualquer momento. - Precisamos de um professor, agora.

Assentindo, senti minhas pernas trêmulas me levarem para mais perto da garota. Meu primeiro pensamento foi verificar se ela ainda estava viva, mas a proximidade do sangue me fez hesitar. Eu não estava preparada para isso, nenhum de nós estava. Theo pegou minha mão, me impedindo de me aproximar mais.

- Anya, não - ele disse visivelmente assustado. - Não toque em nada. Vamos encontrar um professor. Rápido.

Nós corremos pelos corredores, impulsionados pelo medo e pela urgência, até que encontramos o Professor Flitwick, que imediatamente chamou a Professora McGonagall e o time médico de Hogwarts. Enquanto eles corriam para cuidar da aluna, Theo e eu fomos deixados com a responsabilidade de relatar o que havíamos encontrado, nossas mãos ainda trêmulas e nossas mentes assombradas pela imagem que não conseguiríamos esquecer tão cedo.

A Marca Negra - Theodore NottOnde histórias criam vida. Descubra agora