29 - Sombras e Aliança

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Meu coração batia em um ritmo frenético, ecoando nos meus ouvidos com cada passo cauteloso. Segurava os ingredientes coletados em minha bolsa, cada frasco e cada raiz envolvidos em um aperto seguro de minhas mãos trêmulas. Era uma luta constante para manter a calma, e o silêncio da floresta era quase ensurdecedor até que ouvi passos.

Os passos eram leves, mas claros contra o tapete de folhas secas. Meu corpo congelou, os dedos cravados nos ingredientes, enquanto uma figura emergia das sombras. O coração parou, a respiração cessou, e então ele estava lá, diante de mim Grindelwald. Sua presença era tão impactante quanto a escuridão ao redor.

- Quanto tempo, filha, - ele disse, com um tom de voz que misturava ironia e um certo contentamento sombrio.

- O que você está fazendo aqui? - Minha voz saiu mais firme do que eu sentia.

- Estou aqui para levar você para casa, - ele respondeu, dando um passo em minha direção.

- Eu não vou com você. Ainda não é hora, - retruquei, tentando manter a resolução em minha voz.

- Você não precisa de mais tempo, - Grindelwald insistiu, sua voz baixa e perigosa. - Ou você vem comigo agora, ou mais pessoas irão se machucar. E desta vez, eu não irei pegar leve.

Antes que eu pudesse responder, um feitiço cortou o ar, um lampejo de luz em meio à escuridão, e atingiu Grindelwald, desarmando instantaneamente. Do meio das sombras, surgiram Lupin, Tonks, Snape e Regulus, formando um escudo protetor à minha frente.

Grindelwald recuperou sua postura, encarando-me com um olhar que misturava frustração e uma calculada calma.

- Tic tac, Anya, - ele disse, o tom ameaçador. - O tempo está passando.

A tensão no ar era palpável, cada segundo esticado ao máximo enquanto os defensores se preparavam para o que pudesse vir a seguir. Eu, paralisada entre os dois lados, sentia o peso das palavras de meu pai um lembrete de que o perigo sempre estaria à espreita, esperando o momento certo para atacar.

Regulus avançou ligeiramente, sua varinha ainda apontada firmemente para Grindelwald, a determinação clara em seu rosto.

- Você não vai levar ela - disse ele, com uma voz que não admitia contestação.

Grindelwald, com um sorriso que mal tocava os olhos, respondeu calmamente,

- Ela virá por vontade própria, eventualmente. Você não pode protegê-la para sempre.

Remus, ao lado de Regulus, soltou uma risada sarcástica.

- E você acha que ela iria justamente para os braços de alguém que ameaça as pessoas que ela ama? Você realmente não conhece o coração humano, Grindelwald.

Grindelwald encarou Remus, o desdém evidente em seu olhar.

- O coração humano é exatamente o que eu conheço melhor, Lupin. É por isso que estou aqui. Pela humanidade, pela nossa causa.

Foi então que Tonks, com um olhar alerta e voz firme, interrompeu,

- A Armada de Dumbledore está a caminho, e o Ministério da Magia já foi notificado. Você tem uma escolha, Grindelwald: sair agora ou enfrentar mais do que nós quatro.

A tensão no ar se intensificou, e por um momento, o silêncio reinou na floresta, quebrado apenas pelo som de folhas agitadas pelo vento. Grindelwald avaliou a situação, seu olhar passando de um protetor para o outro, antes de pousar finalmente em mim. Com um sorriso frio, ele deu um passo para trás, suas palavras finais cortando o ar como uma promessa sombria.

A Marca Negra - Theodore NottOnde histórias criam vida. Descubra agora