41 - O fim

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Vinte anos se passaram desde aquele fatídico dia na clareira. Agora, eu vivia na antiga mansão de meu pai, conhecida por sua grandiosidade e história sombria. Apesar de meu sobrenome, ganhei fama por ser a filha que não seguiu os mesmos passos dele, escolhendo um caminho diferente.

Minha filha, Astrid, e eu estávamos na sala de estar. Eu lia uma carta de Astoria, que contava sobre sua lua de mel com Draco. "Anya, estou tão feliz," dizia a carta. "Esta viagem tem sido maravilhosa, e Draco e eu estamos aproveitando cada momento." Sorria com a notícia, contente por minha amiga.

- Mamãe, quando o papai vai chegar? - Astrid que sentada no tapete, brincava com sua boneca, perguntou.

Olhei para o grande relógio na parede e suspirei. Já havia se passado uma hora desde que ele deveria ter chegado.

- Muito em breve, querida, - respondi, tentando esconder minha preocupação.

- Ele nunca está presente, - Astrid murmurou, a decepção evidente em sua voz. - Eu queria mostrar o desenho que fiz para ele.

- Vá pegar o desenho, Astrid. Eu adoraria vê-lo. - Falei, e pude ver os olhos dela se iluminaram, e ela deixou a boneca no chão antes de correr para o andar de cima, fiquei observando ela subir as escadas.

Suspirei novamente, refletindo sobre como minha vida havia tomado um rumo inesperado. Eu não tinha imaginado que seria assim, vivendo sozinha a maior parte do tempo, com um marido ausente e uma filha que sentia a falta dele.

Mas eu também entendia que nem sempre as coisas eram fáceis. Tomei minhas decisões sabendo dos sacrifícios que viriam. E, apesar das dificuldades, tinha Astrid. Ela era minha alegria, minha luz em meio à escuridão.

- Olha, mamãe! - exclamou Astrid , ela voltou correndo com um papel na mão, exibindo orgulhosamente seu desenho,

- É lindo, Astrid, - eu disse, sorrindo para ela. - Tenho certeza de que seu pai vai adorar quando ele chegar.

Ela sorriu, contente com meu elogio, e eu a abracei, prometendo a mim mesma que faria o possível para que ela nunca se sentisse sozinha, mesmo nas ausências inevitáveis que a vida nos impunha.

A porta se abriu, e tanto Astrid quanto eu olhamos imediatamente. Theodore apareceu, e Astrid correu até ele, sendo prontamente erguida em um abraço apertado.

- Papai! - ela exclamou, mostrando seu desenho com orgulho. - Olha o que eu fiz!

- Que lindo, Astrid. Você é uma artista talentosa. E eu tenho um presente para você. - Theodore disse sorrindo, examinando o desenho.

- O que é, papai? - Astrid arregalou os olhos, animada.

Ele a colocou no chão e entregou uma caixa. Astrid abriu ela rapidamente, e um pequeno gato preto saiu de dentro. Ela deu um gritinho de alegria e pegou o filhote com cuidado.

- Você gostou? - perguntou Theodore, observando a reação dela.

- Não gostei, adorei! Ele vai se chamar Leon, - disse Astrid, abraçando o gatinho.

Theodore olhou para mim. Eu estava de braços cruzados, observando a cena. Ele suspirou, sabendo que eu estava insatisfeita. Sem dizer nada, fui para a cozinha, e ele me seguiu.

- Theodore, - comecei, a voz baixa mas firme. - Hoje era um dia especial. Astrid estava esperando por você, e nem sequer conseguiu arrumar uma desculpa decente.

- Mattheo exigiu que todos ficassem até tarde para a reunião, - ele disse, a frustração evidente. Fiquei em silêncio, e ele suspirou novamente.

- Nem sempre eu quero proteção, Theodore. Eu quero que você esteja presente na vida de Astrid. Ela tem apenas cinco anos e precisa de seu pai. - Falei.

A Marca Negra - Theodore NottOnde histórias criam vida. Descubra agora