O concelho de Minerva

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Snape se sentia solitário.
As barreiras do seu coração haviam aumentado com a ausência de sua aluna. Querendo ou não, durante a segunda guerra ele sempre estivera perto dela.
Ele novamente se fechou e sucumbiu a tristeza que era sua vida. Ele tinha muitas cicatrizes. Se achava o pior tipo de pessoa do mundo, feio, cruel, sem atrativos no geral, achava que sua companhia era péssima e que ninguém deveria ter o desprazer de tê-lo por perto, principalmente sua melhor aluna.
Agora não tinha mais Potter para salvar, Voldemort para derrotar, não tinha adrenalina, não precisava fugir ou se esconder. Não que essas coisas eram boas, mas o distraiam. Agora não o sobrara mais nada.
A escola estava quase pronta e ele procurava em seus antigos alunos que lá estavam para a reforma, uma substituta para Aurora, mas era impossível. Ele não entendia porquê, mas precisava dela para ser feliz.
Em sua mesa ele guardava todos os jornais em que ela aparecia.
"Aurora Andrews patenteia as poções da guerra"
"Senhorita Andrews assina contrato com Ministério"
"Andrews começa a trabalhar no Ministério no departamento de pesquisa"
"Rumores de que Andrews fechará contrato com a
Magic Writing e escreverá seu primeiro livro"
"Você viu? Aurora Andrews saindo de boate com Fred Weasley "
"10 fatos sobre os Heróis de Guerra "
"A amizade de Granger, Potter, Weasley e Andrews"
"Confirmado! Aurora Andrews escreverá seu primeiro livro"
"Aurora Andrews fará o lançamento do seu livro na semana que vem na Borrões Livraria, no Beco Diagonal"
Ele estava em sua sala quando ouviu um barulho.
Era Amora, a elto que o servia.
-Bom dia Senhor Professor Snape.
-Bom dia, Amora.- Cumprimentou o professor, levantando os olhos do livro que estava em suas mãos.
-A Diretora McGonagall está requerindo a presença do senhor na sala dela, assim que tiver oportunidade.
-Obrigado, Amora.
A Elfo desapareceu. Ele fechou seu livro e caminhou até a sala de Minerva.
-Albus Dumbledore-Disse a senha e a escada se formou a sua frente.
-Diretora, me chamou?
-Olá, Severus. Aceita um chá?
Ele acenou como resposta. Ela apontou a poltrona para ele se sentar. Uma bandeja com chá e biscoitos apareceu diante deles. Ela se sentou.
-Severus, eu não sei como dizer isso, mas... Eu já falhei com você uma vez e agora eu sou a diretora e preciso ter uma conversa com você.
-Conversa?
-Sim. Eu gostaria que você me desse uma chance de falar.
-Você é a Diretora.
-Sim, eu sou! Mas nessa conversa eu não serei a
Diretora.
Ele respirou fundo e encostou mais na cadeira. Fez um sinal para que ela continuasse.
-Ainda acha que Aurora não merece tê-lo por perto?
Ele se surpreendeu em como a mais velha havia ido direto ao ponto. Fechou os olhos e tentou controlar seu temperamento.
-Sim.
-Você lembra que quando acordou, eu lhe disse que você estava com medo de um novo sentimento?
-Sim.
-E você pensou a respeito?
-Não.- Ele negava a si mesmo em se aprofundar no assunto e agora que Minerva estava prestes a fazê-lo ele estava se sentindo desconfortável.
-E você sabe por que não?
-Não, Minerva.
-Severus, Aurora não é Lily Evans.-O olhar do professor ficou mais sério ainda. Ela era a única além de Potter a falar de Lily para ele.-Ela irá te perdoar.
-O que eu disse a ela não tem perdão.
-Aí que você se engana, meu jovem. Tem sim! E Aurora é uma pessoa maravilhosa que consegue perdoar.
-Está insinuando que Lily não era maravilhosa?
-A senhora Potter era sim, mas talvez não com você.
O fato de estar ouvindo aquilo de outra pessoa, foi como se alguém tivesse dado um murro em seu peito.
Ele tentara não pensar naquilo, mas então Minerva disse seus receios em voz alta.
-Severus, você nunca recebeu amor propriamente.
Nem tudo que aconteceu na sua vida foi culpa sua e entenda o que eu digo, um amigo de verdade não abandona, não vira as costas e nunca desiste do outro.
Ele abaixou a cabeça para esconder sua raiva. Respirou fundo e se controlou.
-Severus, talvez você ainda não reconheceu, mas o que você sente pela Aurora é amor. Você a ama!
Snape aparatou no Beco Diagonal e caminhou até a
Borrões Livraria.
Estava cheio de fotógrafos e jornalistas, amigos e colega de trabalho de Aurora enchiam o lugar. Também estavam assessores da Magic Writing e funcionários, além dos funcionários da própria livraria.
Nas paredes e janelas haviam cartazes com a capa do livro que estava sendo lançado naquela noite. Lia-se Poções de Sobrevivência Da Segunda Guerra por Aurora Andrews.
Ele entrou e viu sua aluna assinando livros ao fundo, atrás de uma mesa.
Ele pegou um dos livros dela que estavam na estante ao lado e o abriu. Na dedicatória estava escrito
"Para meus avós, amigos e ao professor que me ensinou tudo o que eu sei".
O coração de Snape perdeu uma batida. Ele realmente a amava, ela realmente era incrível, como Minerva havia dito.
Ela também estava linda naquela noite, assim como em todas as outras.
Naquele momento só existia an Aurora para Snape e ela sorria para seus amigos. Ele estava feliz por ela estar feliz, ele ria por ela estar rindo.
Seus olhos correram pelo ambiente e encontraram com o de Severus. O sorriso dela desapareceu, quebrando aquele encantamento todo.
Ele lembrou naquele momento quem era e que nunca seria amado por alguém.
Deu meia volta e saiu da livraria.
Ouviu passos atrás de si. Estava no meio da rua quando ouviu ela o chamar.
-Snape?- ela se aproximava. Ele parou e se virou bruscamente.
-Parabéns pelo livro, Aurora.- com um sorriso e lágrimas nos olhos ele aparatou.
Assim que entrou nos portões de Hogwarts ouviu um barulho atrás dele. Era Minerva.
-O que foi aquilo?
-Não vê que ela é bem mais feliz sem mim?
-Do que está falando? Olha tudo o que ela fez pra salvar você!
-Ela quis me salvar, não me manter por perto.
-Isso é o que você acha.
-Isso é o que está acontecendo.
-Por que você nunca da a chance dela tomar as rédeas da situação entre vocês dois?Parece que você tem medo que dê certo.
-Eu não vou falar sobre isso e você não precisa ficar dando uma de fada madrinha, chegou tarde de mais, Minerva.
A mais velha tinha uma expressão triste.
-Não queria ter dito isso...- Disse Snape com um tom de voz bem mais baixo agora.
-Ela merece no mínimo um pedido de desculpa por tudo o que disse no dia em que acordou. -Falou a mais velha firmemente- Ela trabalha na sala 7 no terceiro andar do departamento de pesquisa do Ministério. Vá se desculpar!
Minerva aparatou sem falar mais nada.
No dia seguinte, Snape estava no Ministério. Entrou no elevador que o levou até o terceiro andar.
Suas mãos suavam frio e ele estava nervoso. Por que Minerva achava que ela o perdoaria?
Em suas embrulhado mãos, ele levava um presente
Viu a porta número 6 e seu coração começou a bater forte e quando viu, já estava parado na frente da porta 7 que estava entreaberta.
Respirou fundo.
Ajeitou o paletó.
Não usava capa.
Passou a mão pelos cabelos.
Colocou a mão direita na porta e a empurrou levemente. Essa não fez barulho e ele pode ver uma sala grande com janelas que ocupavam quase a parede inteira. Tinham balcões com poções e itens de laboratórios. Algumas lousas espalhadas, junto de carteiras com livros e pergaminhos. O barulho de poções fervendo ecoava pelo local, junto de um pouco de fumaça.
Em uma das lousas, viu Aurora escrevendo algumas fórmulas na mesma. Vestia um jaleco branco por cima de vestes formais, seu cabelo estava amarrado em um coque e usava um óculos de grau que ele conseguia ver mesmo ela estando de costas.
Snape entrou no cômodo ocupado apenas por Ela.
-Andrews?- sua voz saiu mais fraca do que ele planejara.
A aluna parou o que estava escrevendo. Não precisava virar para saber quem era. Respirou fundo.
Ainda olhando para a lousa ela falou:
-Se for aparatar e me deixar falando sozinha, nem perca seu tempo.
-Eu não vou aparatar...
Ela se virou e seus olhos se encontraram. Ele agora tinha certeza que a amava, talvez essa seria sua punição por seus pecados, amar e não ser amado.
Ela engoliu em seco.
-Como posso ajudar, professor? Quero dizer, Snape. Eu sei que o senhor não é mais meu professor, deixou isso bem claro na nossa última conversa. Perdoe o meu erro. -Ela estava brava.
-Aurora-Seu peito doía de tristeza - Eu... É..-
Respirou- É uma honra ser chamado de professor por você.
Ela parecia confusa. Balançou a cabeça levemente e levantou uma sobrancelha. Controlou a respiração novamente.
-Como posso ajudar, senhor?
-Eu vim te entregar isso- Ele estendeu o embrulho.
Ela olhou o que tinha em suas mãos, mas não se mexeu.
-Por favor, Aurora. Aceite.
Ela lentamente esticou o braço e pegou o embrulho. O abriu e não pode conter um pequeno e leve sorriso.
-É o Livro de Poções de Zygmunt Budge...
-Sim, foi o primeiro que você pegou emprestado no seu primeiro ano. Eu o indiquei, mas nunca achei que você poderia se tornar uma aluna tão brilhante. Eu o achei na biblioteca fora do lugar e pensei que ele deveria
pertencer a você.
-Na verdade, fui eu quem o tirou do lugar.- O professor não havia entendido- A carta de Dumbledore te inocentando, estava dentro do livro.
-Achei que a carta estivesse junto com o testamento.
-Não exatamente. No testamento de Dumbledore, ele me deixou o Livro de Poções Avançadas do Príncipe-Mestiço, o seu livro. Um dia enquanto estava cuidando de você na enfermaria-Severus pode sentir seu coração apertar- eu vi que na última página tinha um código, eles só apareceram depois da guerra, mas o que eu quero dizer é que esse código me levou até esse livro e eu
achei a carta.
-Eu não tinha ideia...
-É.. Obrigada pelo livro, significa muito pra mim.
-Ele é um pedido de desculpas, Aurora. Mesmo sabendo que eu não mereço. Me desculpa ter aparatado no lançamento do seu livro, você estava tão feliz e sorridente antes de eu chegar.
-Snape, eu não fiquei triste com a sua chegada, eu
fiquei surpresa...
-Eu sinto muito por tudo o que te fiz passar. Me desculpe por ter dito tudo o que eu disse quando acordei, eu estava com medo e assustado, com raiva de mim. Aurora, se você soubesse o quanto eu me detesto por tudo o que eu fiz...- Sua voz começou a falhar. Ele poderia erguer quantas barreiras quisesse, mas Aurora acabava com todas elas com apenas um olhar, sempre fora assim e agora ele entendia porquê- Eu sou uma pessoa horrível e eu não merecia estar vivo com tantas pessoas melhores do que eu mortas. Eu disse tudo aquilo pra te afastar da minha escuridão, eu nunca senti o que eu disse. Era mentira que eu não te suportava, você sempre foi a única a me olhar diferente, a única a me aceitar do jeito que eu sou e eu não mereço você e você não merece estar tão próxima de alguém como eu.
- Ele estava desesperado. Mais uma vez em sua vida pedia desculpas a mulher que amava.- Eu não mereço todo o seu esforço. Eu não mereço nada disso... Você é tão especial pra mim, tão especial- Lágrimas começaram a cair de seus olhos. Sua aluna estava sem reação- Eu só quero que você seja feliz. Eu te respeito tanto, eu te... Eu te adoro, você sempre foi e sempre vai ser a melhor aluna que eu já tive. Se você não quiser me perdoar, eu vou entender. Se eu fosse você eu não me perdoaria...
-Chega, Snape. Chega!- ela falava enquanto se aproximava do professor.
O abraçou o mais forte que pode e sentiu seu corpo tremer enquanto ele soluçava.
-Eu te perdoo! -Ela disse perto de sua orelha enquanto acariciava seus cabelos, fazendo o professor soluçar ainda mais.

A melhor aluna de Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora