A conversa

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Abri a cortina e encontrei seus olhos negros. O feitiço já havia sido cortado, mas eu não me importava.
Não seria segredo o que iríamos conversar.
-O senhor lembra de mim?
-Pensei que Madame Pomfrey e Potter tivessem explicado que foi uma confusão momentânea.-Falou secamente.
-Eles disseram, mas...
-Então qual foi a parte que você não entendeu?
-Professor?
-Aurora, Eu te chamei aqui pra dizer que quero você fora da minha vida imediatamente.
-Сото?
-Você já fez sua parte, agora saia!
-Mas por que?
-Porque eu não quero você na minha vida!
Minerva e Potter se aproximaram, abrindo as cortinas.
-Severus, ela te salvou!- Falou Minerva atrás de
mim.
-Mas não era pra ter feito isso, eu fui muito claro e direto que não queria ser salvo.
-Mas professor, o senhor é livre agora. O senhor foi inocentado e declarado como Herói.-Disse Harry.
-Olha pra mim -Ele levantou a manga e mostrou a marca negra- Isso aqui é ser herói pra você? Você tem ideia o que essas mãos foram capazes de fazer? Aurora, olhe para o seu amigo... Olhe para ele! Você sabe porque ele é órfão? Por minha causa! E se Lily não tivesse morrido, eu continuaria sendo um comensal com muito prazer...
-Mas...- Lágrimas escorriam pelo meu rosto.
-Chega! Eu nunca pedi pra ser salvo, muito pelo contrário. Eu não quero ter que te suportar ao meu lado.
Você não entende? Eu não te suporto, principalmente depois do que fez.
-Mas eu achei...
-Achou o que? Que uma garota tola poderia mudar a minha vida? Não, sua imbecil! Você não pode. Você não pode ficar aqui cuidando de mim e apagar o seu erro. Você estragou a minha vida!
-Eu te salvei assim como você fez comigo!-Explodi.
-Eu te salvei por obrigação, assim teria mais acesso ao Potter. Eu nunca te suportei. Agora saia!
-Severus...- Agora era Minerva. Assim como eu, ela também estava arrasada.
-Saia!
-Como quiser, professor.
-Eu não sou mais seu professor!
O olhei pela última vez e sai.

Assim que passei pelas portas da enfermaria, comecei a correr até chegar nos jardins.
Ajoelhei e chorei. Segundos depois pude sentir os braços de Harry abraçar meu corpo.

———

Severus estava com os olhos fechados, tentando controlar a respiração. A aluna acabara de sair da enfermaria e Potter havia ido atrás dela.
Madame Pomfrey olhava com descrença para
Minerva.
A professora fez um gesto com as mãos para pedir a colega que se retirasse e assim ela fez.
Os dois professores estavam sozinhos.
-Eu posso saber o que foi isso?
-Agora não, Minerva... -Ele falava com os olhos fechados.
-Agora sim, Severus. Olhe para mim!- assim ele o fez, um pouco assustado com a mudança de humor da mais velha- Você sabe o tanto que essa menina fez por você? Você acha que qualquer um faria isso? Sabe o privilégio que tem em te-la na sua vida?
-É claro que eu sei! -Ele falou se sentando mais.
Seus olhos agora eram tristes- Você acha que alguém além dela já me tratou com tanto amor e carinho? Você acha que minha mãe já me tratou com pelo menos um terço do carinho que ela me trata? Você acha que a presença dela não me curou por muitas vezes? Ela me salvou desde a primeira vez que a vi em minha classe!
Desde o primeiro livro que me pediu emprestado e da primeira vez que me tratou como alguém normal e não como uma pessoa estranha.
-Eu estou confusa... Por que falou tudo aquilo para
ela?
-Pelo bem dela, Minerva. Eu vou sempre ser o assassino de Dumbledore, eu vou sempre ser um ex comensal da morte. Eu sou uma pessoa suja e ela tem um futuro brilhante pela frente. Sua imagem não pode estar vinculada a minha. Eu estou tentando protege-lá, não percebe?
-Eu acho que quem tem que resolver isso seja ela.
-Mas ela não resolverá! Por que eu a conheço e ela não desistiria de mim se eu explicasse isso a ela. Um dia, ela entenderá porque eu agi assim.
-Eu acho que não é só isso, Severus.
-O que quer dizer?- Ele falou com desprezo.
-Eu acho que você está começando a descobrir um outro sentimento, um que você não entende muito bem e talvez não esteja pronto para entender e está com medo.

Ele parou e a olhou. Sua respiração estava irregular novamente. Massageou as têmporas e a olhou novamente.
-Outro motivo para deixá-la bem longe de mim. Eu não mereço nada de bom que ela fez por mim.

———-

Harry ainda me abraçava depois de vários minutos chorando. Felizmente o jardim estava vazio e eu não tinha que me explicar a ninguém.
Não que eu precisasse, mas pessoas iriam ficar preocupadas.
Depois que souberam que eu os dei poções para salvá-los da dor do Cruciatus, todos me tratavam melhor do que antes da guerra.
-O que vai fazer agora?
Limpei minhas lágrimas e o olhei.
-Vou seguir com a minha vida.
-Faça isso, você tem todo o meu apoio.
-Faz um favor pra mim?
-Claro!
-Se aproxima dele. Ele precisa de um amigo, certifique-se que ele ficará bem.
-Você não existe, Aurora.
-Fará isso por mim?
-Sim, farei. Está pronta para começar sua nova vida longe daqui?
-Estou... Mas ele acordou e esta físico e
mentalmente apto, isso quer dizer que antes de qualquer coisa, temos um julgamento a ir!

A melhor aluna de Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora