Audiência

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"Eu acho que você está começando a descobrir um outro sentimento, um que você não entende muito bem e talvez não esteja pronto para entender e está com medo."
Minerva estava certa, Snape estava assustado com o novo sentimento. Não era exatamente novo, mas era um sentimento que agora não seria proibido e ele não teria que guardar de si mesmo a sete chaves.
Agora, Aurora não era mais sua aluna e ele sentia um vazio enorme por causa disso.
Seu coração apertava um pouco mais a cada instante ao pensar que teve que magoá-la para protegê-la, isso estava corroendo Snape.
"Eu acho que quem tem que resolver isso seja ela."
Era a voz de Minerva novamente ecoando em sua mente.
Mas dessa vez ele achava que Minerva estava errada, pois ele machucara a todos que se aproximaram de mais. De certa forma, se sentia responsável até mesmo pelo comportamento de seus pais, sem contar as situações que ele era verdadeiramente responsável.
Ele não entendia porque ela o ajudou tanto.
Primeiro pensou que seria por gratidão, mas se fosse só por isso, outros alunos como Granger e Potter também teriam feito o mesmo na mesma intensidade. Também não entendia a razão dela sempre confiar nele, mesmo com todas as barbaridades que ele fizera. A criança, que agora era uma mulher, nunca havia duvidado de seu caráter.
Severus sentia falta dela, falta de seu sorriso, de sua presença, de sua inteligência e principalmente do jeito que ela o olhava no fundo dos olhos, como se fosse a única a conseguir lê-lo.
Ele estava com raiva porque quanto mais pensava nas ações de Aurora, mais via
como fora
indiferentemente tratado por seu amor de infância. Isso o deixava confuso e se encontrava em um estado de negação. Ele tinha consciência disso tudo. E no fundo estava com medo de reconhecer esse sentimento e isso o levar a renegar ou substituir seu único amor até então.
Severus havia saído da enfermaria e voltado para os seus aposentos. Ele aceitara o cargo oferecido por Minerva como novo professor de DCAT que começaria assim que o castelo tivesse reformado.
Visitava Madame Pomfrey todos os dias.
Ninguém mais havia falado sobre Aurora, nem mesmo Minerva.
Potter o visitava sempre que podia. A princípio ele achou que a presença do menino não seria de bom grado, mas a verdade é que havia se afeiçoado a ele, assim como Dumbledore insinuou em uma de suas conversas mais reveladoras.

——-

Estava passando um tempo na casa dos meus avós, um descanso após a guerra e a minha desilusão amorosa.
Comer panquecas frescas no café da manhã e passar a tarde assistindo filmes era um alívio para meu coração.
Hermione me indicou uma psicóloga bruxa quando os efeitos da batalha começaram a surgir.
As crises de pânico haviam passado com a ajuda de poções e consultas semanais.
Ainda sentia muita falta de Snape, estava magoada e chateada e nossa última conversa sempre ecoava na minha cabeça várias vezes ao dia e antes de dormir.
Naquela tarde, meu equilibrio emocional foi mandado para os ares. Recebera uma carta do Ministério convocando a todos para uma segunda audiência no caso do professor, agora que Severus estava apto a também participar. Todos que participaram na primeira vez foram convocados a comparecer novamente. Eu não tinha escolha a não ser ir, principalmente porque quem havia aberto o caso era eu e eu deveria discutir cada detalhe e cada mudança diretamente com o próprio Ministro.

——

Snape estava incomodado como de costume.
Usava suas vestes negras habituais.
O Ministro havia marcado uma reunião com ele para discutir o que aconteceu na primeira audiência e o que aconteceria na audiência daquele dia.
-O seu trabalho hoje é apenas confirmar o que seus amigos afirmaram.
-Amigos?
-Severus, você tem ideia de quantas pessoas sua aluna trouxe para depor a seu favor?
-Acredito que ela trouxe seus três amigos.
O Ministro o olhou incrédulo, mas decidiu não falar mais nada. Snape veria o esforço de Aurora com os próprios olhos.
Eles saíram da sala do Ministro e foram sentido a sala de audiência.
Snape viu de longe Aurora de braços dados com
Hermione. As duas de ternos.
Sentiu um frio no estômago quando viu a ruiva.
Como era bom vê-la. Como sentia sua falta.
Ela ria com a amiga até ver que Snape e o Ministro se aproximavam. Seu semblante mudou e ela parecia querer sair de lá.
Uma dor tomou conta de Severus ao vê-la desse jeito por causa de sua presença.
Chegaram mais perto.
-Andrews, tudo certo?- Perguntou o Ministro.
Percebeu que ela segurava com a outra mão uma
pasta lotada de papéis.
-Tudo certo, Ministro. -Ela entregou a pasta para ele- A nova leva de cópias dos testemunhos. A única diferença é que Madame Pomfrey estará presente dessa vez.
-Madame Pomfrey? O que ela veio fazer aqui?-perguntou o professor incrédulo.
Aurora olhou diretamente para ele pela primeira vez. Snape se sentia nu perante seus olhos.
-Entendido, Andrews!- Falou o Ministro antes que ela dissesse qualquer coisa -Severus, você deve entrar agora.
Olhou para Aurora mais uma vez, ela se ocupava em olhar as paredes do ministério.
-Воа
professor.
sorte, senhor.- Hermione sorriu para
Assentiu seriamente e entrou na sala vazia.
Todos do Ministério entraram no local de uma vez só e subitamente a sala já estava quase cheia.
-Peço que entrem as testemunhas do caso de
Severus Snape.
Foi quando se formou um nó na garganta do professor. Uma onda de sentimentos o invadiu inesperadamente.
Ele não acreditava em quantas pessoas haviam tentado defendê-lo. Todos os Weasleys, todos os professores e funcionários de Hogwarts, os avós de sua melhor aluna, uma quantidade enorme de alunos e é claro, Aurora, Hermione, Harry e Ron.
Obviamente Snape não transpareceu a emoção que sentia. Estava muito surpreso.
Olhou para Aurora e viu aquele olhar de concentração que sempre via quando ela fazia um experimento ou uma poção.
Como se aquilo tudo não fosse surpreendente o suficiente, o Ministro releu cada testemunho de cada um deles desde as cartas que escreveram e assinaturas até o que eles disseram, palavra por palavra, na última audiência. Todos os documentos, provas e históricos, ele conseguia de dentro da pasta que Aurora havia dado.
Seus olhos se arregalaram quando viu Draco e
Narcissa, em liberdade provisória, testemunharem a seu favor.
Reviver tudo aquilo e ouvir sua vida sendo contada pela boca de outros fora dolorido e desgastante.
Principalmente quando ouviu o testemunho de Potter e a carta de Dumbledore.
Finalmente, quando revisaram todos OS acontecimentos da última audiência e da vida de Snape e todos que o cercaram, o Ministro chamou Aurora para fazer o juramento.
Ela assim o fez e ouviram ele repetir o testemunho da menina a favor do professor.
Snape se sentiu tocado com as palavras da aluna, teve que abaixar a cabeça para que ninguém visse a lágrima solitária que escorria pela sua bochecha.
Respirou fundo e se mexeu na cadeira.
Quase deixou transparecer todos os sentimentos com um único olhar de sua aluna.
seus
-Eu mantenho meu testemunho, Ministro-Falou enquanto olhava o professor.
-Dispensada, senhorita Andrews.
Snape havia feito também o juramento e agora todos os olhares estavam sobre ele.

-Eu não tenho palavras para agradecer tudo o que fizeram por mim, eu nunca poderia imaginar. Aurora-Ele olhou para a menina e um nó se formou em sua garganta novamente- muito obrigado.
-Severus
Snape, você confirma que os acontecimentos relatados hoje foram verdadeiros?
-Sim.
A audiência havia acabado e ele faria parte do evento de condecoração aos Heróis de Guerra, seria um deles a ser homenageado. Snape não se sentia muito a vontade com aquilo, mas não reclamaria depois dos esforços de todos.
Uma vez fora da sala de audiência, brevemente agradeceu um por um que testemunhara a seu favor.
Por último, viu Aurora sair da sala abraçada com
Fred Weasley.
Snape se sentiu extremamente frustrado e irritado.
Seus punhos se fecharam tanto que suas mãos ficaram vermelhas. Sentiu vontade de atacar o ruivo e tirá-lo de perto de sua aluna.
-Professor Snape.
Ele se virou e viu o avô de Aurora.
-Senhor Jones- Ele apertou a mão do mais velho-
Muito obrigado por tudo.
-Pode me chamar de Anthony, não somos tão formais assim.
-Claro.
-Professor, eu fiz isso pela minha neta-ele se aproximou ainda mais de Snape-Por que se fosse por você, já estaria em Azkaban agora mesmo. Se você tratar minha neta de novo do jeito que a tratou no dia em que você acordou na enfermaria, quem vai para Azkaban será eu, por assassinato.

A melhor aluna de Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora