Reliquias da morte 4

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Snape estava desorientado. Deu alguns passos em falso e assim que estava perto o suficiente da menina caída, seus joelhos se sucumbiram e ele foi ao chão.
Apenas os olhos dela se mexiam, lágrimas escorriam dos mesmos. Sua expressão era de extrema exaustão.
Snape colocou dois trêmulos dedos perto da jugular dela e percebeu que seus batimentos cardíacos estavam sessando, cada vez mais fracos e intercalados.
Ele arfou.
Ela era sua melhor aluna e companhia no castelo e agora ela estava morrendo. Os dois sabiam disso.
Sentiu algumas lágrimas rolarem pelo próprio rosto e percebeu que fazia muito tempo que não chorava na frente de alguém. Talvez chorara em frente a sua mãe antes de sua jornada em Hogwarts, mas aquilo tinha sido há muito tempo atrás.
A respiração de Aurora começara a ficar fraca e ouvia-se um barulho baixo, mas agudo cada vez que o peito dela levantava. Seus olhos estavam cada vez mais sem vida.
O cômodo girava na cabeça de Severus. Sentiu seu corpo ferver em ódio e impotência. Sua cabeça doeu e foi o que lhe trouxe de volta a razão.
Conjurou dois vidrinhos de poção.
Colocou a mão esquerda gentilmente embaixo da nuca da aluna e a puxou um pouco em sua direção.
Despejou primeiro um líquido incolor que Aurora
não conseguiu distinguir.
A aluna engoliu com extrema dificuldade enquanto mais lágrimas escorriam pelo seu rosto, agora inexpressivo.
No segundo vidrinho, Aurora reconheceu sua própria poção, a que havia passado as últimas noites preparando para os alunos de Hogwarts.
Ela tomou com um pouco menos de dificuldade.
-Co...mo... vo... ce... ss..sou...be?
Aurora conseguia ver agora com um pouco mais de clareza, mesmo ainda tonta e extremamente fraca.
O professor tinha uma mão em sua nuca e outra em suas costas, fazendo seu tronco ficar a centímetros do chão duro e gelado.
-Você é um gênio, Andrews. - Falou o professor dando um leve sorriso, molhado pelas lágrimas.
Aurora muito lentamente levantou uma das mãos e acariciou a bochecha do professor com o indicador, antes de se pronunciar com muita dificuldade.
-Shhhh...Não chora...
Ele respirou fundo, tentando se controlar. Não obteve sucesso.
-Você é um homem bom, Severus.
Ele respondeu com um sorriso triste.
-Você é um homem bom
-Descansa, Aurora...
-Você é um homem bom.
-Por favor, Aurora-Sussurrou
-Você é um homem bom, Severus.
-Para...-Ele ainda sussurrava.
-Você é um homem bom.
-Não faz isso comigo-Ele estava perdendo
totalmente o controle emocional.
-você é um homem bom.
Um soluço saiu da boca do professor. Ele trouxe
Aurora para mais perto, até encostá-la em seu peito.
Chorou e soluçou amargamente.

————

Acordei na enfermaria. Meu corpo inteiro protestava sem eu ao menos me mexer. Meus olhos o percorreram para ter certeza que eu ainda estava inteira.
A imagem começara a desembaçar e revelou
McGonagall ao meu lado com seu semblante preocupado.

-Oi minha querida, como está se sentindo?
-Eu não sei...
-Eu não posso ficar muito tempo aqui, não quero alarmar os irmãos.
-como soube?
-Aberforth me disse que você não apareceu ontem, eu, Gina e Madame Pomfrey achamos você nessa maca.
Pude sentir um sorriso se formar em meu rosto.
-Andrews, você está bem?
-Estou sim, professora. Estou sim.
Depois de dois dias saí da enfermaria. Minha poção realmente funcionava e agora eu sabia exatamente disso.
Felizmente eu havia feito poção o suficiente e não ficamos desfalcados por causa da minha ausência.
Naquela noite fiz meu caminho até o Cabeça de Javali, fiz todas as poções necessária e voltei antes do amanhecer ao dormitório.
Por causa da guerra iminente e da volta de Voldemort, vários alunos da Sonserina não haviam voltado para o ano letivo e eu tinha o dormitório só para mim. Pansy e as amiguinhas dela dormiam na porta ao lado.
Coloquei o meu pijama e corri para debaixo das cobertas.
O corpo ainda estava dolorido quando eu fazia
alguns movimentos bruscos.
Esfreguei os braços para me aquecer, as masmorras eram frias.
Ouvi um barulho. Peguei minha varinha e sentei na cama.
Snape apareceu na minha frente.
Soltei o ar dos pulmões pelo alívio.
-Você me assustou!
Ele colocou o indicador na frente dos próprios lábios e lançou um feitiço em direção a porta do dormitório.
-Podemos falar agora.
-Como você está?
-Eu quem lhe pergunto -Ele falou com seu tom hostil habitual o que me fez sorrir- Como você está?
-Bem melhor! Você me salvou tantas vezes... Como consegue voar sem vassoura?
-Eu preciso ser rápido.
Assenti seriamente.
-Lembra disso?- Perguntou friamente me mostrando um vidro com uma corrente, nele tinha a mesma poção incolor que ele havia me dado em seu escritório.
-Sim, senhor.
-Eu fiz essa poção. Presta bastante atenção,
Andrews- Falou como se estivéssemos em sala de aula-ela vai te salvar. Não vai ressuscitar, mas se você tiver condições de beber essa poção antes do seu último suspiro, você sobreviverá. Dúvidas?
-Não, senhor.
Ele me entregou o vidro e eu pendurei no pescoço.
Snape suspirou enquanto fechava os olhos. Pude ver de perto como ele estava.
Coloquei as duas mãos eu sua mandíbula e o fiz olhar para mim.
-O que estão fazendo com você?-Lagrimas começavam a escorrer pelo meu rosto- Você está tão magro, tão pálido e tão cansado.
-Aurora...- Ele disse docemente fugindo dos meus olhos.
-Snape... Você vai sobreviver a isso tudo, não vai?!
Ele me olhou tristemente.
-Não, minha menina.
Comecei a chorar e o abracei. Sucumbi a exaustão e adormeci.

———

Snape deitou sua aluna e a cobriu. Acariciou sua testa e desapareceu do dormitório.

———-

Acabara de entrar na sala precisa. Vários outros alunos da Grifinoria estavam lá.
-Oi Aurora.
-Oi Luna.
-Aurora como está se sentindo?
-Melhor Neville, obrigada.
-Vocês viram a Ginna?
-Ela ainda não chegou.
Sentei no momento em que vi Ariana Dumbledore do quadro vir nos chamar.
Olhei para Neville.
-Isso quer dizer que alguém quer entrar.
Subimos as escadas e entramos no túnel. Assim que abri, vi Harry, Ron e Mione.
-Graças a Deus vocês estão bem!-Falei enquanto abraçava os três ao mesmo tempo.
-Graças a você e suas poções- Falou Harry.
-Como está, Aurora?- Perguntou Ronny.
-Está tudo bem, Ronny. Tudo como planejado.
Agora vamos!
Passamos pelo túnel e meus amigos foram aplaudidos assim que chegamos na sala precisa.
Harry contou a todos sobre como minhas poções os salvaram, contando sem querer a todos que lá estavam o que eu, Ginna e Minerva fazíamos escondidas aquele tempo todo.
Contou que estava procurando algo e Luna chegou à conclusão que deveria ser o Diadema de Rowena
Ravenclaw.
Harry e a Ordem da Phoenix apareceram no salão comunal.
Snape atuava seu papel bravamente.
Eu estava junto com o resto dos Sonserinos e
levei minha mão a boca quando ele apontou a
varinha ao Harry. Minerva se interferiu e atacou o professor.
Severus apenas se defendia.
Eu sabia que talvez aquilo seria o fim, eu sabia que aquela talvez seria a última vez que eu o veria.
Ele se defendeu de mais um feitiço, neutralizando propositalmente os Irmãos Carrows que estavam atrás dele. Antes de voar pela janela, ele me olhou, eu o olhei e então ele sumiu.
Minerva acendeu as velas e fez a escola parecer pouco mais como antigamente. Os alunos comemoravam alegremente enquanto eu sentia a perda de um amigo.
A voz de Voldemort ecoou em nossas cabeças, crianças do primeiro ano começaram a gritar. Era uma voz alta e muito forte. Eu me sentia fraca e tonta.
Ele queria que entregássemos Harry.
Então a voz parou.
-O que vocês estão esperando? Alguém segura ele! - Falou Pansy ao meu lado.
Ginna e Hermione se colocaram em frente ao Harry no momento em que eu virei e dei um soco no meio da cara de Pansy.
Aquilo foi o único jeito de extravasar toda angústia que eu estava sentindo naquele momento.
A menina só não caiu no chão porque um outro aluno a segurou. Tinha sangue por todo o rosto dela e em meus dedos.
Minerva mandou os Sonserinos para as masmorras enquanto me juntava a Harry e meus amigos.

A melhor aluna de Severus SnapeOnde histórias criam vida. Descubra agora