Harry e eu havíamos pedido ajuda ao mais novo
Ministro Shacklebolt.
O ministério ainda estava uma bagunça, Hermione se dedicava ao mesmo junto com o que havia sobrado da Ordem.
Os que sobreviveram, alunos e professores, trabalhavam arduamente na construção do castelo.
Eu preparava quantidades absurdas de poções variadas diariamente. Harry se revezava na escola, no Ministério e na busca para inocentar Snape.
Nós tentamos ter acesso a algumas memórias de
Dumbledore, mas era extremamente complicado juridicamente por ele estar morto.
Recolhemos assinaturas e depoimentos da maioria dos alunos que agora sabendo das reais intenções do professor, tinham uma outra visão do que passaram em sua presença.
Eu e meus três amigos fomos os que mais tivemos a dizer, era como se fosse um relatório, onde contávamos todas as vezes que havíamos claramente sido salvos por Severus.
Recolhemos o máximo de material e provas, mas nada era o suficiente.
Shacklebolt era extremamente justo e sincero, o que era ótimo para o nosso caso. Ele não queria nos desanimar, mas a verdade era que o único que poderia testemunhar a favor de Snape era Dumbledore.
Nós poderíamos inocenta-lo com apenas uma
"delação premiada", mas ele deveria ser reconhecido como o Herói que fora.
Mas as duas coisas estavam complicadas, ele só faria a delação premiada se estivesse acordado, mas ele continuava em coma mesmo depois de três semanas. E o reconhecimento como Herói seria difícil sem a presença de Dumbledore.
Harry pensou em mostrar a todos as memórias de Snape, mas isso o exporia absurdamente. Estávamos em um beco sem saída.
Se ao menos Dumbledore estivesse ViVo, conseguiríamos inocenta-lo e reconhecê-lo como Herói em questão de dias, mas isso não era possível.
Estava cansada, mas não pararia.
Minha rotina se resumia em fazer poções a maior parte do dia. Quando elas estavam fervendo, eu sentava na cadeira ao lado de Snape e ficava de mãos dadas com ele. Quando tinha um intervalo, eu ficava com Snape. Na hora das refeições, eu ficava com Snape. Na hora de dormi, eu dormia na cadeira, ao lado de Snape.
Dia sim, dia não, eu lavava seus cabelos e fazia sua barba.
Passava horas massageando seu couro cabeludo, penteando seus fios com meus próprios dedos, enrolando-os em meio a espuma.
Para sua barba, passava um creme de barbear e a tirava cuidadosamente com uma navalha. Depois de feita, passava um toalha molhada e finalizava com um creme.
A noite, lia seus livros preferidos.
Na hora do almoço, ouvíamos um pouco de música clássica até eu ter que voltar para as poções.
Depois de jantar na cadeira ao lado do professor, eu ia até as masmorras, tomava um rápido banho e voltava para ele e então trabalhava horas e mais horas no projeto de sua inocência.
Dormia um pouco e logo acordava para começar a preparar todas as poções novamente.
Havia posto uma manta da Sonserina na ponta de sua cama. No criado-mudo, um vaso de planta e um quadro pequeno com o emblema de Hogwarts.
Um mês havia passado depois da guerra. Alunos e voluntários não paravam um minuto de trabalhar. Mesmo de madrugada, conseguia-se ouvir o barulho de feitiços para a reforma.
Naquele dia eu estava mentalmente esgotada.
Havíamos tido mais uma reunião no ministério e voltamos sem esperanças.
Ministério ainda estava em processo de reerguimento, eles estavam pegando primeiro os casos mais concretos como o de Lucius Malfoy e esposa, onde tinham mais evidências .
-Harry, talvez você tenha mesmo que mostrar as memórias do Snape para todos.- finalmente concordei com ele enquanto saiamos do ministério.
-Você se opôs tanto a isso que agora quem está com receio sou eu.
-Não tem outro jeito. O que temos pode muito bem inocenta-lo, mas não vai declara-lo como herói e mesmo que as duas coisas aconteçam, vai demorar muito.
Precisamos das memórias como provas.
-Poderíamos ao menos esperar ele acordar.
-E se demorar muito? Shacklebolt não vai conseguir manter os Aurores longe dele por muito mais tempo.
-você tem razão, Aurora. Mas vamos dar ao Snape mais 48 horas. Pode ser? Se até lá ele não acordar, mostraremos as memórias a todos e o inocentamos.
-Combinado-Falei após um triste e cansado suspiro.
Estava novamente pronta para dormir. Segurei a mão de Snape e olhei seu rosto pálido, seus ferimentos cicatrizados e seu corpo magro. Senti um aperto no peito.
-Já está na hora de acordar, professor- Falei em quase um sussurro- Você está começando a me deixar preocupada...
Passei a noite em claro pensando em como provar sua inocência sem escancarar seu passado e seus sentimentos.
Peguei no sono faltando uma hora para eu começar a trabalhar, sem chegar a nenhuma conclusão.
Eu estava preocupada, em menos de 24 horas, se o professor não acordasse, Harry divulgaria a todos as memórias dele.
Snape não iria gostar nada disso. Me sentia mal, como se tivesse o traindo. Eu só queria que ele ficasse bem e fosse feliz, pelo menos agora que não tinha mais guerra e quase todos os comensais estavam mortos ou em Azkaban.
Na hora do almoço, sentei ao seu lado e comi distraidamente. Do rádio ao lado de sua cama tocava
Suite No. 1 de Bach.
Acabei meu almoço, um elfo levou a bandeja e eu me acomodei um pouco mais na cadeira.
Olhava para o teto pensativa.
Ainda teria mais vinte minutos de almoço e estava um pouco irritada com a minha impotência em mudar o que estava prestes a acontecer.
Na minha bolsa de livros que ficava embaixo da maca de Snape, retirei um que não lia há muito tempo: O livro de poções avançadas do Príncipe Mestiço.
Passei a mão pela capa e o folheei distraidamente.
Lembrando em tudo o que acontecera com todos nós nos últimos anos e como aquele livro fora parar em minhas mãos...
Parei de folhear. "O que é isso?"
Pela primeira vez reparei que no verso da última folha havia algo escondido com um encantamento. Tinha uma espessura diferente e a folha parecia um pouco mais brilhante. Aquilo não estava lá antes da guerra, eu tinha certeza, pois o lia diariamente. Uma tentativa que agora eu sabia, de ficar mais próxima de Snape.
-Revele seus segredos-Disse apontando a varinha a folha.
Imediatamente uma série de números apareceu com a letra de Dumbledore.
334-7
27-11
449-37
112-1-1
560-33-5
423-77-3
789-22-2
456-23-1
35-3-4
776-44-4
235-13-9
890-6-9
731-6-3
213-9-1
23-16-5
Fiquei olhando para aquilo por muito tempo. Era por isso que Dumbledore havia deixado o livro para mim, eu não sabia o que era, mas tinha que descobrir.
Primeiro comparei os números e tentei algumas contas para ver se algo batia.
fazer
Nada.
Deveria ser algo muito simple. "Simples"...
"Algo tão simples quanto palavras"
Dei um pulo da cadeira e fui até meu balcão, peguei um pergaminho e uma pena.
Voltei a me sentar do lado de Snape.
Os primeiros números eram 334-7.
Fui até a página 334 e procurei a sétima palavra:
Livro.
Achei estranho. Talvez aquilo não significava nada e eu estava vendo tudo errado. Mesmo assim peguei minha pena e escrevi "Livro" no pergaminho.
Os números seguintes eram 27-11. Fui até a página
27 e a décima primeira palavra era "De".
Estava começando a fazer mais sentido.
Os outros dois números me revelaram a palavra
"Poções" .
Certo, eu estava no caminho certo. Dumbledore queria me dizer algo e eu estava começando a ouvir.
"Livro De Poções".
Mas e os outros números? Eram compostos por grupos de três. O que significava?
Por que Livro de Poções? E qual? Existiam vários deles!
112-1-1 eram os primeiros números depois de um grande espaço. Fui até a página 112 e a primeira palavra era "zoomórfico".
Os próximos números eram 560-33-5 . Fui até a página 560 e a trigésima terceira letra era "bullying".
Não fazia sentido.
-Página, palavra... número de página, número de palavra, número de... Página, palavra...Página, palavra...
Pagina, palavra... Letra! Isso! Página, palavra, letra! Era a página, a palavra e o número que estava a letra!
A primeira letra de "zoomórfico" era Z. A quinta
letra de "bullying era y".
Continuei escrevendo a sequência. Não podia ser!
Meu coração saltou pelo meu peito ao ver o que eu havia escrito no pergaminho:
Livro de Poções Zygmunt Budge.
Era o primeiro livro que eu havia pedido emprestado ao Snape, quando ainda estava no primeiro ano. Foi a partir desse livro que ele começou a corrigir meus trabalhos e foi a partir desse livro que nos tornamos amigos.
-Dumbledore seu desgraçado.- falei com um sorriso enorme no rosto e lágrimas nos olhos.
Pedi para Madame Pomfrey ficar de olho em Snape, não gostava que ele ficasse sozinho. Ele poderia acordar e se sentir perdido.
Passei pelos corredores e por todos, correndo. Eu nem via o que estava fazendo, pulava alguns pedaços de cimento que ainda estavam no chão, alguns tijolos, contornava voluntários e estudantes. Tropecei em alguns e dei de encontro com outros, mas não parava.
Meu peito ardia e minha respiração estava
irregular.
Cheguei a biblioteca, meu corpo implorava por ar.
Por Merlin aquela era uma das partes do castelo que continuava intacta.
Corri até a sessão proibida sem nenhuma formalidade. Passei meus olhos por várias capas até achar o Livro De Poções de Zygmunt Budge.
Tirei o livro da estante e abri.
Nele
• havia um envelope endereçado a Aurora
Andrews.
Sorri.
O abri apressadamente.
Felizmente a biblioteca estava fazia, senão iriam ouvir minha exclamação nada educada:
-Puta que pariu!
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A melhor aluna de Severus Snape
FanficEm Setembro de 1991, assim como o trio de ouro, Aurora Andrews também começa a estudar em Hogwarts. Apaixonada por poções, ela se torna uma das melhores alunas de Severus Snape, fazendo a vida do professor e o caos que ela se encontra, um pouquinho...