Estava decidida, voltaria para Abor ao amanhecer, precisava de um pouco do século vinte e um por um tempo. Queria ficar ali, estar com seus pais e sentir a paz que sempre tivera mesmo quando estava em seu pior momento; Mas sua promessa estava feita, não poderia apenas ignorar o fato de que havia decidido viver e lutar por sua própria raça, tinha que continuar o que havera começado. Seus ossos estavam fracos só de se imaginar vestida de noiva em um altar, porém não se imaginar de branco ajudava já que ainda não era uma tradição no século dezesseis.
Suspirou fundo ao se deparar com seu próprio reflexo no espelho do banheiro. Os pais de Amaja iria chegar em poucas horas então aproveitou para se banhar e ter cuidados consigo mesma neste instante. Sentia falta de tudo isso, os esfoliantes para pele, os cremes de cabelo - mesmo que os que haviam ali fossem para cabelo liso - e os sabonetes com cheiro de flores do campo. Amava estar ali, era o que nasceu para fazer, ser do século vinte e um era o que ela havia sido proposta para ser desde o berço, mas estava com sua mente presa em mil quinhentos e dezoito, presa em Agustos conquistando tudo que queria, sabendo mais sobre o futuro e sobre as coisas que aconteciam em seu século atual.
Queria poder evitar a morte do mesmo e admitia para si mesma que não conseguia processar a informação, então apenas ignorava fingindo não saber que em semanas perderia seu melhor amigo. Saiu do banheiro já vestida com o pijama de sua nova colega de quarto.
— Amaja, obrigada por me ajudar – disse pela milésima vez.
— Sem problemas, pela manhã assim que meus pais saírem eu irei ao mercado para você, comprarei o que me pediu e pode voltar para mil e quinhentos.
— Estou com medo de me casar, não sei sequer o que irá acontecer e não quero pesquisar na internet para saber e me arrepender.
— Bom, então não te direi nada.
— Mas claro, se continuar a falar desse jeito ficarei curiosa.
— Então, Rowena, boa noite.
— Nem vem! – agarrou uma almofada qualquer que estava na cama e jogou na garota. — Pode me dizer.
— Nada de alterar o futuro, Rowena Rarver! – disse firme e então Rowena congelou.
Ficou pensativa pois era estranho pensar que seu futuro era seu passado e no passado seu futuro era seu atual presente. Sua cabeça doía só de cogitar este pensamento, estava completamente perdida no tempo com toda essa história de viagem entre séculos. Se imaginava voltando e agindo como uma princesa, tendo que rever o rosto do maldito Jarlath, aquele grosseiro asiático com traços delicados que ficavam irritantemente sexy quando estava sério. Afastou os pensamentos e então voltou sua atenção a outra garota que já estava abraça com seu urso de estimação - uma pelúcia - e de olhos fechados demonstrando estar dormindo à pelo menos cinco minutos que esteve em seus próprios desvaneios.
Decidiu não atrapalhar mais e dormir também, apagou as luzes e se deitou no colchão que havia sido posto no chão a minutos atrás. Se cobriu e deitou-se de lado com os braços abaixo da cabeça enquanto suspirava fundo. Queria ir até seus pais, pedir desculpa por não dar notícias e também por nem sequer ter aparecido hoje mesmo e ter acabado com o silêncio e a angústia, mas um sentimento novo a tomava incontrolavemente: Vergonha!.
Sentia vergonha de quem estava se tornando a cada dia que se passava, sentia vergonha de não ter tido coragem para contar a seus pais que não estava mais com Susie, sentia vergonha por não poder ir agora mesmo abraçar eles e explicar que precisava salvar um reino que existira a mais de quinhentos anos atrás e sentia medo de que tudo poderia dar errado no outro dia e que nunca mais voltaria para sua própria realidade.
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De volta ao século XVI
Romans# EM ANDAMENTO ⏳ Rowena Rarver costuma ser o tipo de garota que não anda em grupos, mesmo que estes estejam sempre ao seu redor tentando trazê-la para perto. Após muita insistência e por uma motivação a mais, a garota resolve dar uma chance às menin...