Capítulo 15

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— Jarlath? – chamou algumas vezes durante o caminho, tentando obter respostas ao invés de silêncio. — Será que dá para você me ouvir?

— Rowena, não vou levar para frente algo que não existe. Devo aceitar que somos completamente diferentes, e uma hora nem sequer estaremos mais no mesmo século.  – parou para olhá-la e então ela parou também.

— Eu já expliquei que não voltarei.

— Não sou tolo, nos beijamos e a senhorita não recua quando a toco. Tem outra pessoa, e essa é a única razão plausível para que deixe eu me aproximar mas não o suficiente. Tenho certeza que esta pessoa vive em seu século, sempre parece muito mais angustiada do que realmente mostra quando diz sobre não voltar.

Se calou e ao mesmo tempo se odiou por isso, não queria travar. Maldita seja Susie, ela nem sequer estava lembrando dessa garota até alguns dias atrás. Com certeza já havia superado, não sentia mais nada romântico relacionado a ela. Mas a raiva que continha em seu corpo por ela machucar seus pais, se fazer de vítima e tê-la traído era um sentimento forte demais para não ter impacto sobre ela.

— Tem alguém sim. – disse encarando profundamente os olhos alheios que mudaram a direção. — Olha para mim.

Ele não queria, não queria olhar para ela nunca mais, desejou simplesmente sumir e ficar isolado de todos por pelo menos cinco minutos. Seus olhos começaram a arder, doeu tanto ouvir que havia sim uma pessoa. Seu coração parecia que estava correndo desenfrado por todas as direções, era loucura aquilo.

— Jarlath! – falou firme, tentando chamar a atenção dele, até perceber os olhos. — Você gosta de mim de verdade, não é?

Ele assentiu, ainda desviando o olhar. Piscou firme forçando a lágrima descer de uma vez, parecia que estava sendo esmagado.

— Vou pedir que as criadas se revezarem para vigiá-la durante a noite, mudamos de quarto e cuidaremos do reino. Não quero sua amizade. – voltou a andar.

Ela puxou seu braço, fazendo ele parar. Andou até a frente o encarando. Estava realmente complicado expor seus sentimentos verdadeiros pois sentia que no exato momento que os revelasse, tudo seria diferente, tudo poderia mudar. Já havia alterado o passado e o futuro e sinceramente não estava dando a mínima para isso, apenas queria se dar uma chance de ser feliz. Levantou os pés, conseguindo altura o suficiente para que seus lábios tocassem os dele. Jarlath fechou seus olhos, sentindo o toque leve que ela lhe oferecia naqueles segundos de felicidade. Não quis se afastar, até porque estava apenas chateado, se ela o pedisse agora mesmo para voltarem para aquele rio e ficar por lá pelos próximos dias ele iria sem pensar duas vezes.

— Existe outra pessoa mas ela não é quem me faz nutrir sentimentos positivos. – afastou um pouco, podendo finalmente conversar com mais calma. — Essa pessoa me machucou muito, não apenas quando tudo acabou, mas até mesmo antes, quando as coisas deveriam estar bem. E por mais que brigamos como dois animais, você foi quem me fez entender que eu nunca mereci passar por tudo que passei. Essa pessoa não me impede de termos um casamento de verdade, o que me impede é o medo de ser machucada novamente.

— Isso significa que há sentimentos por sua parte?

— Há. – viu ele sorrir.

— Por favor, não me faça um convite de amizade novamente. Foi doloroso.

— Me perdoe.

— Te dou meu perdão. – olhou ao redor. — Vamos voltar, aqui é perigoso.

Rowena, mais tarde a noite estava sentada em sua cama. Fez um coque de cabelo e estava à espera da Jarlath, pois após a volta de ambos não puderam conversar e ficar a sós. Ciberius estava animado para saber o que ela achou e a conversa se estendeu. Em seguida foram comer e Jarlath teve que lidar com papeladas pelo resto do dia. Agora estava ansiosa, voltando com sua mania de arrancar as pelinhas de seu lábios inferior. A porta do outro cômodo finalmente se abriu, ele estava sem camisa como sempre.

De volta ao século XVIOnde histórias criam vida. Descubra agora