Alguns dias se passaram monótonos, Rowena se mantinha entre Ciberius e Jarlath para espantar o tédio. Ficava junto de seu amigo durante o período do dia e durante a noite esperava Jarlath voltar para a cama. Haviam tantas papeladas e assuntos para resolver que Jarlath passou a dormir apenas durante a madrugada. Dentre esses dias passados ele fez uma visita ao povo, analisou a situação de todos para melhoria do reino, também deixou claro que agora todos eram do mesmo reino, tanto Magor quanto Abor.
Durante as solitárias madrugadas Rowena se via inconsolável, não conseguia dormir sozinha pois tinha pesadelos com a perda de Agustos. Acordava suada, chorando e tremendo. Sentia falta dele todos os dias, alguns mais fáceis de suportar, já outros extremamente insuportáveis. Seu coração doía muito, pois mesmo contendo a informação de que ele morreria naquele dia exato, não pôde fazer nada para salvá-lo. Se tivesse a cura para sua doença, se pudesse voltar a meses atrás e mudar a história com certeza teria feito, mas infelizmente não conseguia controlar aquilo que a fazia viajar pelo tempo.
Diversas dessas vezes que se via sozinha, pensava em acabar com tudo, mas seus pais, Ciberius e Jarlath ainda a mantinham viva. Já teve depressão antes, e infelizmente sendo uma pessoa com tal doença tinha em mente que era apenas tratável e não existia uma cura. A depressão uma hora ou outra voltaria, só não imaginava que seria após tudo isso que aconteceu nos últimos meses. Nunca imaginou que terminaria seu relacionamento com Susie, descobriria que ela era uma traidora, viajaria para outro século, se casaria com um homem desconhecido e perderia outro que considerava seu pai. As coisas aconteceram rápido demais, crueis demais.
Em mais uma madrugada perturbadora acordou assustada, pareceu ouvir a voz de Agustos a chamando em seus sonhos. Se levantou da cama em um pulo, foi em direção aos corredores quase que correndo, não aguentaria esperar Jarlath ir para seus aposentos. Após se ver frente a frente à porta, quando pensou em tocar na maçaneta ela se abriu. Seu marido encarou sua figura parada, com os olhos arregalados e com nítido medo e tristeza. Quando começou a perguntar o que havia acontecido foi abraçado por ela que simplesmente não conseguiu explicar nada, apenas chorar e despejar tudo aquilo que estava preso em si.
A mágoa e a amargura que ela sentia consumiam ela, mas agora havia algo novo, algo pior...
Todas as vezes que ela via o rosto dele, sempre que ela o tocava, ela sentia sua alma congelar só de imaginar por tudo que ele havia passado. Rowena se sentia entre a cruz e a espada, pois ao mesmo instante que era uma viajante no tempo, não podia controlar nada que acontecera no passado e isso a frustrava e a machucava como uma adaga fincada diretamente em seu coração.
— Rowena? – ele disse, sua voz não passava de um sussurro. Ela não respondeu, balançou a cabeça dando-lhe permissão para continuar a falar. — Pesadelo?
— Sim – ela responde em um tom ainda mais baixo que o dele. — Você pode dormir comigo?
— Eu... – ele olha para a mesa, a pilha de papeis a serem preenchidos. Ele sabia que precisava acabar aquilo, mas sinceramente, o que era mais importante que ela? — Eu vou.
Ele diz finalmente, acariciando os cabelos da nuca dela. Ela estremeceu levemente com o toque, a sua vulnerabilidade aumentando a cada segundo. Ela estava tão confusa, não triste... Ela queria que aquilo acabasse, queria voltar a se sentir bem.
Ele se afasta dela, só o suficiente para poder segurar suas mãos na dela e levá-la em direção aos seus aposentos. O caminho foi silencioso e ele podia dizer que ela estava menos agitada, mas ainda triste. Ambos entraram e ele fechou a porta atrás deles, seguindo caminho para a cama bagunçada. Rowena engatinha na cama, se deitando e puxando os lençois para cima de si mesma. Jarlath observa a cena com o coração na mão... Ele odiava ver ela assim, tão vulnerável, tão triste...
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De volta ao século XVI
RomanceRowena Rarver costuma ser o tipo de garota que não anda em grupos, mesmo que estes estejam sempre ao seu redor tentando trazê-la para perto. Após muita insistência e por uma motivação a mais, a garota resolve dar uma chance às meninas que sempre a c...