Capítulo 22

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Uma brisa gélida passou por Rowena enquanto ela fechava a janela. Era final de setembro, e a garota se sentia angustiada. Ela estava beirando dois meses de gravidez, logo sua barriga começaria a crescer e ela ainda não tinha coragem o suficiente para dizer a verdade para os pais. Ela queria contar sobre Jarlath, queria contar sobre Agustos, Ciberius... Mas ela nunca conseguia.

Ela também não queria voltar para escola, mesmo sendo seu último ano, sequer considerou em algum momento voltar. E todos entendiam, eles também não queriam ela lá, criaria muita pressão em cima dela, colegas e professores curiosos fazendo perguntas. Então iriam dar a ela o diploma de qualquer maneira.

Rowena também havia recebido algumas mensagens de Susie, mas nunca leu nenhuma delas, simplesmente bloqueou o contato e o apagou. Tudo em sua mente era sobre o bebê, Jarlath, Ciberius e seus pais.

Ela se deitou na cama, encarando o teto enquanto pousava delicadamente a mão sobre a barriga. Mais uma noite sem dormir, mais um dia onde sua mente se perdia em uma maré de desespero. Ela sabia que não podia fazer isso para sempre, ela sabia que uma hora ou outra ela teria que enfrentar os próprios medos. Ela não podia continuar ali, brincando de casinha com os pais enquanto seu marido sequer sabia que agora era pai.

Ela rolou na cama para um lado, suspirando fundo. Sua mente não parava um maldito minuto sequer. Então ela se levantou, colocou as pantufas e silenciosamente foi até o quarto dos pais. Eles estavam dormindo, aéreos sobre tudo que a filha estava pensando. Ela sabia que seria cruel simplesmente ir embora de novo, e ela também se culpava frequentemente por ter feito a mesma coisa com Jarlath, deixando ele para trás sem sequer um adeus. Então ela entrou e se sentou na beirada da cama, pigarreando.

— Mãe? Pai? – ela chamou consideravelmente alto. Tocando delicadamente o braço da mãe — Preciso falar com vocês.

A mãe ainda sonolenta resmungou, pensando que era apenas um sonho, mas ao ver a figura de Rowena sendo iluminada apenas pela luz da lua que atravessava a janela, ela se sentou, esfregando os olhos. Ela bocejou, e então cutucou o marido, para que ele também acordasse e dessem devida atenção para a filha.

— O que houve querida? Sem sono de novo? – o homem disse, sabendo bem das noites de insônia da filha.

— Sim, eu... – ela afasta o olhar, percebendo que agora ambos estavam sentados e focados completamente nela — Eu preciso dizer algo para vocês...

— Aconteceu alguma coisa, minha pequena? – a mãe dela acaricou o rosto de Rowena, puxando delicadamente e fazendo com que ela voltasse a olhar para eles.

— Aconteceu – seu tom se torna mais sério, quase cauteloso. Ela se ajeita na cama, ficando mais ereta — Eu decidi contar a vocês o que aconteceu comigo enquanto eu estive desaparecida.

Os olhos deles se arregalaram, surpresos pelas palavras da filha. Ambos queriam aquilo mais que tudo, mas não queriam forçar ela a dizer, então ver que ela queria se abrir por conta própria fez ambos sorrirem.

— Pode dizer, querida. Estamos te ouvindo. – disse o homem.

— Isso vai parecer loucura, e eu sei que parece muito insano. Mas eu literalmente sou a Rowena – ela diz, vendo a confusão no olhar dos pais — A Rainha Rowena...

O silêncio se instalou no ambiente, eles queriam acreditar nela, óbvio que sim, mais ela ainda estava fazendo acompanhamento psicológico e sequer tocava no assunto passado. O mais comum seria imaginar que ela estava talvez delirando, imaginando coisas ou inventando histórias para omitir a verdade. Quando eles iriam dizer algo, Rowena interrompeu:

— Eu estava na floresta da cidade de Ciberius, o antigo reino de Abor. Eu e as meninas estavamos fazendo um círculo, enquanto uma delas falava sobre o século dezesseis. – ela olha para as próprias mãos, tentando controlar a tremedeira. — No museu, há uma folha com a letra de Agustos, nessa folha tem um tipo de explicação sobre como voltar para o passado. Essas meninas queriam testar a teoria, aparentemente elas sempre faziam isso, todo ano. Mas a diferença é que nesse ano eu estava lá, quando as palavras foram ditas inicialmente nada aconteceu. Mas depois eu acordei no passado...

De volta ao século XVIOnde histórias criam vida. Descubra agora